JPHoppe 28/11/2018
Nunca estive presente na região do Rio Amazonas mas, graças ao relato minucioso e enriquecedor de Bates, posso afirmar que a conheço muito bem.
Assim como vários outros do século XIX, Bates foi inspirado pelos relatos dos viajantes naturalistas, incluindo Humboldt, Spix e Martius, e Wied-Neuwied. Então, ele e um jovem Alfred Russell Wallace resolveram desbravar a região amazônica, extraindo e aprendendo o máximo que possível. Durante os 11 anos seguintes, as selvas e rios da Amazônia brasileira foram a morada de Henry Walter Bates.
O livro foi escrito a partir de seus diários depois de seu retorno à Inglaterra, muito por influência de Charles Darwin. Há uma mescla entre descrições das terras e rios, plantas e animais, e tribos e cidades encontradas no caminho. O nível de detalhamento é tamanho que é possível se imaginar trilhando aqueles mesmos caminhos, seja por dentro das matas, seja por extensões pluviais tão grandes que as margens não eram visíveis de nenhum dos lados. É uma experiência ainda mais pertinente se pensarmos que boa parte dessas trilhas hoje não existe mais, dado o desenvolvimento populacional na região.
O livro também é muito importante na historiografia da teoria da evolução, publicada por Charles Darwin alguns anos antes. Bates foi um dos primeiros naturalistas a aceitar suas ideias, e várias passagens revelam sua interpretação da diversidade, das variações, e da distribuição das espécies com base em um pensamento populacional, evolutivo.
Com certeza, um dos melhores livros sobre o tema, nada devendo em relação a outros clássicos como "Viagem do Beagle" de Darwin, e "O Arquipélago Malaio" de Wallace.