César 26/01/2021Haumi e, hui e, taiki e. Que seja feito.Kahu é uma menina maori predestinada a ser chefe de sua tribo, uma vez que é descendente direta do lendário Paikea, o cavaleiro da baleia. No entanto, seu avô Koro Apirana não a considera sucessora legítima por ter nascido menina, uma vez que a tradição consagrou primogênitos homens para o título até aquele momento. Tal fato faz com que ele passe a desprezar a neta e procurar um sucessor entre os meninos da tribo, preparando-os através de ensinamentos da cultura maori e missões. Kahu, entretanto, não se da por vencida pela indiferença do avô e cresce tentando conquistar sua admiração e provar que é tão capaz quanto qualquer outro. Nos momentos em que Koro passa dos limites em ser babaca com a neta, ela é consolada por sua Vó Flowers e seu tio Rawiri, que narra a maior parte da trama. Quando Kahu atinge os 8 anos de idade, enfim chega o momento de sua missão.
Mesmo sendo curtinho, o livro mostra o quanto a cultura maori é rica. Somos apresentados a uma forma diferente de explicar o mundo e sua origem. Em certa parte, quando Hawiri decide viajar pelo continente oceânico, também nos é mostrado um pouco da realidade dos maori nas grandes cidades e como lidam com a cultura colonizadora, além do preconceito que sofrem por serem nativos.
Um ponto negativo do livro é que achei a história da Kahu e a relação com os personagens um pouco mal desenvolvida, talvez pelo autor tê-lo escrito tão rápido, como conta no final. Não nos é mostrado de forma clara o preparo de Kahu, como ela descobriu seu dom de falar com as baleias, como aprendeu a nadar, etc. Além disso, senti que seu talento era de certa forma ignorado não só pelo avô mas por todos, inclusive pelos que em tese a apoiavam, como sua vó que no momento em que testemunha com provas o potencial da neta, em vez de contar ao avô opta por esconder dele. Uma atitude muito incoerente com o que ela pregava em todas as suas falas.
Ainda assim, reconheço a importância da obra em meio ao contexto e período em que foi escrita, pois haviam poucos livros sobre a cultura maori acessíveis. Recomendo, pois é uma leitura rápida e que expande nossos horizontes.