Fernando 16/05/2016
O livro trata de investigar as raízes do pós-modernismo sua evolução histórica, suas características e sua finalidade. Nota-se a preocupação do autor em destacar o papel de Kant na sua epistemologia como origem remota desse movimento, eis que o pensador de Konigsberg logrou sucesso ao atacar o cerne do iluminismo, que é a primazia da razão e do indivíduo. A partir desse flanco inaugurado por Kant, outros como Hegel, Schopenhauer, Nieztche, Kierkegaard trilharam o caminho da refutação da razão, ora dando a ela uma finalidade que não era a cognição da realidade, mas de criação; ora negavam totalmente a razão como meio para se encontrar a verdade, postulando que se utilizasse os sentidos e instintos, e que se deveria dar o 'salto de fé'. O autor mostra os tipo de filosofia anti-liberal que surgiram no decorrer do século XIX, que o marxismo pretendeu usar da lógica racionalista num primeiro momento, o ´socialismo científico', e que posteriormente, face aos fracassos no campo factual e às refutações teóricas, se fragmentou e deixou de ser 'monolítico'. Daí foi necessário abandonar o elemento 'racionalista' que existia na teoria inicial para se articular com outras epistemologias e metafísicas que abdicassem do rigor da análise científica. Um ponto interessante levantado pela obra é que o pós-modernismo nasce nos anos 50 como resposta à crise do socialismo na política, que além de não se mostrar economicamente superior ao capitalismo, também não o era no campo moral, face as atrocidades perpetradas por Stalin e denunciadas por Krushev. Dessa desilusão da esquerda, que era oriunda tanto da espera interminável pela revolução partindo do proletariado ou de uma 'aristocracia socialista' que conduziria os rumos da nação ao socialismo, a reação foi o terrorismo, que eclodiu no fim dos anos 60 e anos 70. Do fracasso da luta armada, a tática da esquerda passa a ser a luta dentro das universidades, usando a linguagem como arma política e o relativismo como tática. Da noção de riqueza que gerava felicidade do homem - da qual o próprio Marx concordava, embora argumentasse que o capitalismo negava essa riqueza ao trabalhador -, passou-se a defender um discurso russeauniano de que a riqueza causava degradação. O motivo se sustentava no fato de que o capitalismo promovera o enriquecimento de todas as classes, e até a classe trabalhadora passou a dispor de confortos outrora inacessíveis a ela justamente pelo progresso do capitalismo. Diversas outras adaptações houveram de ser feitas no pensamento original de Marx, bem como nas práticas, para que o modelo socialista se mostrasse ainda viável. Incorporou-se a ideias sobre linguagem desenvolvidas pela Escola de Frankfurt, adicionou-se a psicologia de Freud sobre o id e os mecanismos de repressão para explicar que a tão aguardada insurreição dos trabalhadores contra os patrões não era ainda algo a ser descartado pois haveria de ser algo fortuito e poderoso, tal como um surto psicótico, e além disso buscou-se em Nieztche e em Heidgger uma metafísica que se compatibilizasse com esse novo discurso. O livro é conciso e essencial à compreensão desse movimento filosófico, e ele é especialmente relevante no que toca à evolução histórica da filosofia.