O Castelo

O Castelo Franz Kafka




Resenhas - O Castelo


138 encontrados | exibindo 106 a 121
1 | 2 | 3 | 4 | 8 | 9 | 10


GH 09/05/2017

KAFKA, o absurdo e o monarco-feudalismo.
‘’O Castelo’’ foi o último romance de Kafka, escrito em 1922, dois anos antes de sua morte. A narrativa situa-se numa vila remota quase permanentemente coberta por uma neve intransponível e dominada por um castelo e seus representantes. Aqui Kafka explora a alegoria do ‘’castelo’’ e a relação entre indivíduo e poder, encena os dilemas existenciais e as incertezas da modernidade ao questionar os motivos pelos quais os aldeões se submetem tão facilmente à autoridade que pode apenas existir na imaginação coletiva.

O livro inicia-se de maneira absurda, rotineira nas obras do autor. Joseph K, personagem já conhecido de livros passados, como por exemplo, O Processo é o nosso principal homem. Na verdade, há de se dar as devidas honras ao mérito com Franz Kafka pela criação de um personagem sem nome, ou melhor, sem identidade, pois é de fato uma representatividade individual de todo um coletivo que colhe ao longo da história crenças, culturas e repreensões pejorativas.

K. Chega à vila já admirado, extasiado pela vista, não tão clara e objetiva assim do Castelo.
Por ser um forasteiro, um estrangeiro naquele específico local, pede informações aos habitantes que lá estão sobre o Castelo e claro, se há possibilidade de ter um lugar para que ele possa descansar. E esse é o ponto de partida para toda esquizofrenia que vem a seguir. Tratado com desdém pelos que lá se encontram, pois K. não é ninguém importante e não trabalha no Castelo, o personagem é obrigado a mentir que sim, trabalha no Castelo e, para suprir sua curiosidade, de prontidão diz que é um agrimensor. Misteriosamente, a informação chega ao dono da casa que sim, K. realmente é um agrimensor.

São notáveis, a partir deste contexto, algumas coisas de extrema importância inseridas até então para, de fato, iniciar toda uma trajetória do personagem e entender porque ele representa toda uma sociedade. Uma delas é a busca pelo intangível, uma explicação para algo que certamente não pode ser explicado, mas mais que isso, uma busca por um tipo exato de conhecimento e entendimento onde é destinado apenas a enxutas minorias. Meritocracia não é o termo exato nessa peculiar situação, pois é clarividente o sistema monarco-feudal onde se situa o K.

Monarco-Feudal. Por quê? A história e a obra em questão explicam. O Feudalismo foi um sistema de duração quase milenar na Idade Média e dentre suas principais características duas são explícita aqui: Sociedade estamental e desigualdade, por consequência. Numa sociedade estamental, o indivíduo que nasce numa classe específica, morrerá nela, porque ascensão social é inexistente nessa ocasião. A desigualdade é a consequência de tudo isso e principalmente pelo paradoxo aqui estabelecido. No Feudalismo o sistema político é descentralizado e ou pertencentes à elite agrária (senhores), mas aqui uma única figura manda em tudo: O Conde do Castelo. E assim, aqui, formou-se o Monarco-Feudalismo.
Impotência. Impotência pode ser classificado como o principal efeito do citado sistema. K. é cercado por pessoas desinformadas, sem influência e sem noção nenhuma do porque, para quem trabalham e pior, não sentem vontade de saber. Conformados. Impotentes e conformados.

A alegoria com o Castelo é de tamanha grandeza (perdoe o trocadilho) que escrita há quase exatos 100 anos, é ainda uma descrição quase que perfeita do neo-colonialismo em que se encontra o Brasil.

''O senhor agrimensor perguntou-me e eu tenho de lhe responder. Como, se não, haveria de compreender aquilo que para nós é óbvio: que o senhor Klamm jamais falará com ele, que digo – falará? – jamais poderá falar com ele. Ouça, senhor agrimensor, o senhor Klamm é um senhor do castelo, já isto por si, mesmo deixando de lado, por completo, a posição restante de Klamm, significa um degrau muito elevado. Em troca, quem é o senhor? O senhor, cujo consentimento para o casamento solicitamos com tanta humildade! Não é do castelo, não é da aldeia, não é nada. Mas, por desgraça, o senhor, contudo é algo: um forasteiro, um que se torna supernumerário e está sempre por ai, molestando. '' (Pág. 72)

Por não ter um desfecho equivalente à grandeza da obra, consequentemente ‘’O Castelo’’ fica a baixo dos clássicos ‘’O Processo’’ e ‘’A Metamorfose’’.
comentários(0)comente



Georgeton.Leal 21/04/2017

A busca por uma meta inalcançável
É fato que nem todo mundo consegue se identificar com as obras de Kafka. Seu estilo enigmático deixa muitos leitores desavisados confusos e frustrados, uma vez que o autor não segue conceitos clichês aos quais a maioria das pessoas hoje em dia está tão acostumada.
Quem espera que o "O Castelo" apresente tramas óbvias e finais felizes certamente se decepcionará, mas aqueles que buscam uma leitura profundamente singular e reflexiva irão se deleitar com cada elemento da história. Realmente, o enredo consegue ser tão "labiríntico" que incomoda mesmo o leitor, deixando-o aflito e apreensivo muitas vezes, mas tal preço tem a sua recompensa, ainda que a leitura se torne um pouco lenta.
É interessante notar que muitas passagens do livro parecem ter saído de alguma experiência onírica, o que oferece uma áurea excepcional à obra. Conforme a interpretação do leitor, os personagens também podem figurar como alegorias distintas, cada qual sendo uma peça-chave deste intrigante quebra-cabeças, colocando a história sob diversas perspectivas inconclusivas. Mesmo sendo esta uma obra "inacabada", fiquei imaginando se o Castelo exerceria alguma influência "mística" sobre a aldeia ou se tudo não passava de um mero sonho criado pela mente obsessiva de K. No fim das contas, "O Castelo" continuará para sempre misterioso e inatingível.

site: https://senso-literario.blogspot.com/2021/10/a-busca-por-uma-meta-inalcancavel.html
comentários(0)comente



flor.de.lotus.1 15/12/2016

Kafkiano
Ao imergir nesta história, há de se conhecer o verdadeiro significado do termo Kafkiano. O livro não é de fácil leitura (pelo menos para mim), mas me aventurei a lê-lo por 3 vezes e ainda aguento mais. Um dos meus prediletos.
comentários(0)comente



Simone Brito 23/08/2016

Leitura cansativa
Livro: O Castelo
Autor: Franz Kafka
Literatura Alemã

Livro escrito em 1922 por Franz Kafka, porém, somente publicado em seu pós-morte, em 1924. Conta-nos a história de K. que sai de sua cidade em uma longa jornada na busca de um Castelo. Para tal, recebe a função de agrimensor, pessoa legalmente habilitada para medir, dividir e/ou demarcar terras ou propriedades rurais, mas que em realidade só lhe serviu com título, status.
Em sua saga para encontrar o Castelo, K. precisa passar dias e noites em vários lugarejos, nos quais, em geral, não é bem recebido, chegando a ser hostilizado. Mas, em nome de não abrir mão de seu objetivo, K. enfrenta tudo de peito aberto, obstinado e determinado, fazendo-se valer do fato de ser Agrimensor, função que todos, de certa forma, respeitavam.
O autor nos mostra, metaforicamente, ao longo da jornada de K. o quão difícil se torna uma simples tarefa quando a burocracia predomina. Embora não fique claro em nenhum momento do livro, por analogia, podemos associar o Castelo, o qual K. vive buscando, com o poder público. Ao longo dos capítulos percebemos a burocracia imperando e as pessoas mudando de opinião e atitudes conforme lhes convém ou lhes é ordenado por um suposto “dono do Castelo”, pelo prefeito, pelo professor, etc., assim como vemos em nossa realidade.
Mesmo ao fim do livro não conseguimos saber se o tal Castelo existe mesmo ou se faz parte da fantasia. Tampouco sabemos se alguns personagens existem ou se fazem parte da ilusão formada por K. em prol de cumprir seu objetivo. Kafka nos deixa na dúvida o tempo todo e dá margem a nossa imaginação até o final do livro.
No entanto, em função de descrever detalhadamente o dia-a-dia de K., o livro tornou-se, a meu ver, muito cansativo e com uma leitura bem arrastada. Há quem diga que esse tipo de livro representa bem o estilo Kafka, mas, sinceramente, não faz o meu estilo de leitura. Embora eu tenha que reconhecer que possui uma escrita fantástica.
Não recomendo essa leitura a qualquer pessoa porque possui características bem peculiares que não necessariamente agradarão.
comentários(0)comente



Carla 22/08/2016

Uma contundente crítica ao Estado
Um livro repleto de metáforas e um protagonista sem sorte! Neste livro, publicado postumamente e sem autorização do autor por Max Brod, seu amigo e testamenteiro, percebi uma forte crítica ao Estado, toda a sua máquina burocrática e o descaso para com as reais necessidade da comunidade.
K., o protagonista sem sorte, é chamado pelo castelo, ou seja, o governo, para exercer a função de agrimensor. Quando chega na aldeia é visto com descaso por todos os habitantes, inclusive no albergue onde deveria se abrigado. Ninguém se interessa por sua situação e não querem se envolver. Entretanto recebe uma carta, através do mensageiro Barnabás, provindo de uma família de honra duvidosa a qual toda a aldeia repudia, onde diz ser admitido ao serviço e lhe são apresentados 2 (dois) ajudantes.
Passadas algumas horas K. descobre que não necessidade de agrimensor na cidade e ai se inicia uma verdadeira saga onde este protagonista empenha todos os seus esforços para ter contato com o inatingível “castelo” e saber a realidade da sua situação. Através deste acontecimento e utilizando como metáfora o castelo, o autor rechaça toda a burocracia e a morosidade do serviço público em detrimento dos interesses da comunidade.
Outro assunto que surge no decorrer da saga é a discussão acerca da ética e da moral na figura de Frieda, a “noiva” que K. arruma na aldeia e através da situação da família de Barnabás, que são repudiados por toda a aldeia após uma das irmãs se recusar a atender a um chamado de um funcionário do castelo.
Uma leitura instigante, faz refletir acerca de assuntos contemporâneos, mas para mim foi frustrante terminar de forma tão abrupta sem desfecho significativo.
comentários(0)comente



Meyreradiant 21/06/2016

O castelo
As interpretações do livro são muitas, desde simplesmente uma crítica à burocracia estatal até uma visão religiosa, mais especificamente judaica. Há também uma visão psicológica dizendo que o castelo seria o inconsciente de K. e a vila sua consciência. 
comentários(0)comente



Gui 30/01/2016

só um comentário
É impressionante a forma como o personagem kafkiano envolvem-nos de tamanha grandeza! Mesmo com o caminho instransponível, Kafka nos põe a mais uma prova de definir um final ao seu livro, através de nossa premissa. Ressaltando, além disso, o fator conteudista que embarca seu livro. A gestão administrativa, o poder, a alienação e a servidão de vassalos a dominantes, em que a pessoa a determinada categoria não possui o privilégio de dialogar com outra que esteja acima dela. Estou definitivamente arrebatado com o rumo da história. Desejando desde já ler O Processo, antes de tudo tomando uma xícara de chá de camomila...
comentários(0)comente



Eduardo 22/12/2015

O castelo: uma experiência revoltante
Kafka é talvez o autor mais peculiar de toda a literatura. Seu modo de escrever é, em minha opinião, o mais distinto de toda a literatura. Ele tem a feliz capacidade de me colocar em estado melancólico todas as vezes que termino uma de suas obras.

Entre os talentos, dentro os vários que o autor desenvolveu, um se destaca para mim como o mais importante: A capacidade de fazer o leitor se revoltar contra os seus textos. É nesse ponto onde encontro a grande genialidade de Kafka.

Muitos com quem converso, criticam exatamente isso, a grande frustração que sentem de chegar ao final de seus romances e se depararem com um “soco no estômago”. Relatam, sempre com grande tristeza, que ao ler textos como o processo, de quase trezentos páginas, chegam num final angustiante e sem esperança.

Mas para mim, é essa singularidade Kafkiana que atrai. O castelo é um dos romances longos do autor e logo de cara, ao enfrentar as primeiras páginas, percebemos que todo o escopo da trama foi formado.

K. – assim chamado o protagonista – chega a uma aldeia para prestar serviços de agrimensura a um conde do castelo. Mas logo ao entrar em contato com os moradores do local, vê a dificuldade em encontrar seu contratante.

Basicamente assim a estória se desenvolve: relações com os aldeiões, funcionários menores do castelo e demais moradores do local. Parece tudo muito simples, mas não é, e é aí que reside a magia da escrita de Kafka.

O livro é recheado do discurso da obediência em tom derrotista por parte das pessoas que vivem na aldeia e o tom da dominância por parte daqueles que do castelo comandam. As relações entre as personagens são detalhadamente bem descritas, o que exige do leitor atenção redobrada. Até as alterações da respiração de certas personagens mudam todo um contexto de uma conversa e piscar nesse momento pode prejudicar sua atenção.

Por fim, o mais importante: O castelo. Um local que permanece na boca de todos, mas que soa como inatingível. K. busca-o incessantemente, mas ele parece inacessível, como uma entidade divina a qual comanda as ações da personagem, não se mostra, enviando clérigos em seu nome; neste caso os funcionários.

Apesar de minha digressão metafísica, vi também um livro muito realista, pois discute questões de divisão de classes e dominação. Todos os diálogos parecem estar recheados dessa característica. Todos os moradores não podem fazer algo para além de sua realidade social, tudo deve funcionar, o status quo é fundamental, alterá-lo prevê pena na forma de uma exclusão silenciosa, que bane os “infratores” da normalidade existente.

Uma terceira interpretação, seria a psicológica. O Castelo parece representar o mistério. Aquilo que é inexplicável, mas que tem papel fundamental na existência. Parece a busca de K. por seu desconhecido e dentro disso, há que enfrentar todo um mundo para compreendê-lo.

O livro, provocativo em toda sua inteireza, revolta e frustra tanto quanto qualquer outra escrito por Kafka, mas esse sentimento é o mais importante nos textos de Kafka, pois “sem revolta…”, como dizia uma antiga professora, “não caminhamos”. Ele é um dos poucos autores que provocam o pensamento, faz com que o leitor se movimente e repense as coisas.

Isso é essencial num livro!

Por isso a grande importância de Kafka na literatura e sua enorme contribuição.

Várias outras compreensões podem ser tiradas desse livro e releituras provavelmente trarão novas reflexões. O livro é excelente dentro de sua temática extremamente plural. É sociológico sem ser sociologista, psicológico sem ser psicologista. É em suma um livro completo, mesmo em sua incompletude.
comentários(0)comente



Renato 13/08/2015

Pura literatura
Muito, ou quase tudo já se disse a respeito de "O Castelo", de Franz Kafka. A modernidade de seu enredo labiríntico. Seu modo de lidar com o tempo. A característica de seus personagens, sem história ou cara, sem serem planos. A própria trajetória de K. em busca de entrar no castelo.

Existem dois aspectos que merecem uma discussão atual, pela sua pertinência e coerência com o momento atual.

Apesar de moderno, Kafka tem algo de fim de século XIX, de transição que até hoje é pouco aceito como ideologia. Continuamos querendo o novo, o moderno, a revolução. A inovação e o desassossego, o descarte do velho como motor. Nós mesmos seremos descartados. Nosso discurso nos faz velhos de nascença. Apesar de não citar a época, a aldeia que descreve Kafka provavelmente é sua contemporânea e, por conseguinte, moderna. Mas ela lembra a Praga do "Golem", de Gustav Meyrink. Medieval, de ruelas estreitas e casas antigas. Sombria e impenetrável como um labirinto. Em Kafka, nunca atingimos nada, há uma caminhada em corredores e sombras irônicas, e por isto mesmo assustadoras. A vila de Kafka é modernamente medieval. Assim como seu estado. As pessoas em seu individualismo e distância são modernas, mas ainda submissas a um estado totalitário que domina por meios mais sedutores. Por números, por cartórios, por regras. Kafka não viveu o bastante para viver o poder da propaganda e a sedução do prazer, como mordaças do indivíduo. O príncipe que não tem cara e o castelo impenetrável são o estado totalitário que parece diluído numa aparência de democracia. Seu pensamento neste ponto é condizente com Freud e Darwin, que não aboliram a fé na melhoria do mundo pela razão, mas mostraram que antes da razão existe um ser humano animal, irracional, se não biológico (Me perdoem, Freud acreditava no homem animal), que jamais será completamente eliminado do comportamento individual e coletivo.

Outro aspecto importante é a relação com o outro, tema extremamente caro a todo modernismo e ao que veio depois. Incluindo o inclusionismo rasteiro e o politicamente correto. Como diria Donald Trump, "não tenho tempo para o politicamente correto", vamos direto ao assunto.

K. é um estranho e por isto mesmo é repelido. A união e a identidade do povo da aldeia são construídos em torno da repúdia a K. O estranho não tem nome. Ou é o mesmo. Seus ajudantes, estranhos, são igualmente Artur, mesmo que não sejam. Ao mesmo tempo este outro que define é aquele que rapidamente ganha para si a amante de Klamm. O mesmo outro que nos ameaça é aquele que nos seduz. No mundo pós-renascimento, sem Deus e crenças que nos arrebatem, nunca estamos satisfeitos com o que somos e aquilo que não somos não nos ameaça até percebermos o que é. Precisamos viver de nostalgias e imagens. De crenças cridas por cada narciso para mover a sociedade.

site: https://www.facebook.com/leitorinsuportavel
comentários(0)comente



SakuraUchiha 11/04/2015

O Castelo é obra-prima de Kafka
Este livro é meu livro favorito de Kafka que li quando foi escolhido na faculdade durante um trabalho de simpósio.
Trata-se de um homem que está muito perto de seu objetivo, mas ele nunca poderá alcançá-lo. Há sempre algo que o impede de chegar lá completamente e quando ele acredita que ele está lá, ele está mais longe do que nunca.
Uma conto fantástico, bem-humorado, contudo assombroso que conta a busca de um homem pela salvação, pela razão e motivo de sua existência na terra.
comentários(0)comente



Átila Castro 22/03/2015

O Estado monstruoso
a essência da obra de Kafka decorre de sua histórica relação com o Estado burocrático, absurdo e opressor. Kafka era um burocrata, servidor público, e sabia do que estava falando. Se em "O Processo" Kafka narra as dificuldades do cidadão perante o Estado-juiz, em "O Castelo" essa relação opressora do Estado monstruoso com o cidadão é levada ao paroxismo. O agrimensor é oprimido, é hostilizado, é por vezes ignorado, enfim, nada consegue, nada obtém, nem mesmo a mínima informação do Senhor do Castelo. Quem nunca viveu experiência semelhante em alguma repartição pública? Então, simplificando ao extremo, o que Kafka quer narrar é o absurdo do Estado, na forma em que está concebido. Kafka continua muito atual, sobretudo quando olhamos para o próprio Estado Brasileiro.
Reinaldo 03/08/2015minha estante
A burocracia e sua amarração da atitude humana; um absurdo moderno. Da mesma forma que em A Metamorfose, Kafka nos leva pensar sobre o embotamento da alma no mundo moderno, neste livro o Estado é apresentado como figura maior desse modelo. A democracia está mais para um regime burocrático que para uma alternativa política de participação e liberdade. Atualíssimo!




Geanne.Darc 21/03/2015

Castelo Kafkaniano
O universo kafkaniano é o da solidão dos seres perdidos nos dédalos e labirintos de um mundo cego e surdo (O que se percebe bem em “A metamorfose”.). Em “O Castelo”, invariavelmente seu herói se chama Senhor K – Nota: o mesmo acontece em “O Processo”. Algo que dá a esses romances um tom autobiográfico. Nele tudo é símbolos e estados de alma.
Nessa obra vemos K chegar a uma estranha aldeia, onde deseja ser agrimensor do castelo que pertence a um conde do qual nada se sabe. O grande castelo é uma construção sombria fincada no alto de uma colina – como K o alcançará? Hospedado numa estalagem, as informações que recebe, em vez de ajudá-lo, mostram-lhe como o castelo misterioso é inacessível. Todos os habitantes da aldeia vivem sob o jugo de leis desumanas e evitam K, o estrangeiro, que desejaria entender. Tantas são as barreiras que se erguem cada dia entre K e o castelo que este passa agora a ser seu pesadelo. Diversos fatos acontecem, sonhados ou vividos, o próprio protagonista já não sabe mais. É o drama do mundo fechado em torno de certos seres que vão, procuram atingir seu objetivo e esbarram sempre na incomunicabilidade, nas terríveis fronteiras de uma sociedade na qual não podem integrar.
Assim é Kafka, sempre um pé no drama cotidiano e outro no terror psicológico, algo que torna seus livros rotulados como difíceis, incompreensíveis e literatura para eruditos, porém nada mais são do que uma leitura da alma humana, provavelmente da alma de Franz Kafka.
comentários(0)comente



Jacky 13/11/2014

O Castelo é um livro para os fortes.
O livro, com todos seus diálogos gigantes — o último com a Olga, principalmente — pode causar cansaço e admiração ao mesmo tempo.
Quando um estranho chamado K chega com seus ideais "radicais" em uma aldeia de cidadãos conformados com o governo, alguns moradores desta o veneram, mas a maioria o despreza. A figura do poder invisível, inatingível e onipotente é claramente vista no próprio castelo e no famoso Klamm.
A busca de K por um lugar nessa sociedade em um curto espaço de tempo é
extremamente absurda e bizarra, marcando o estilo de Kafka.
Mesmo sendo o primeiro livro de Kafka que li, já foi possível distiguir Kafka de autores tradicionais. Não é a toa que seu nome deu origem ao seu próprio "gênero literário", o Kafkiano.
comentários(0)comente



otxjunior 12/11/2014

O Castelo, Franz Kafka
Não aprovo o uso de estrelinhas como cotação para classificar livros e já teria deixado de utilizar esse sistema aqui se não fosse divertido às vezes comparar as opiniões dos colegas, etc. Trago isso nesse momento porque poucas vezes as estrelas se mostraram tão desnecessárias para avaliar um livro como agora com O Castelo, de Franz Kafka. Muito porque esta obra nunca foi acabada, e se eu já soubesse desse fato muito provavelmente não teria sequer iniciado a leitura. Sim, Kafka morreu e deixou interrompido esse livro quase que no meio de uma sentença. Li em algum lugar que a intenção do autor não era publicá-lo mas divertir seus amigos escritores. Estou bastante inclinado a acreditar que a estrutura quase que de pulha, cheia de diálogos absurdos e tramas insípidas, foi concebida para efeito cômico.
O Castelo inicia com a chegada de K. (nunca sabemos seu nome e de outros personagens também) num vilarejo submisso à administração dos habitantes do castelo local. Convocado como agrimensor, K., no entanto, encontra diversos obstáculos a seu acesso ao Castelo (sim, com C maiúsculo para representar essa autoridade inescrutável). Conhecendo o autor (apenas tendo lido sua obra mais famosa, A Metamorfose), logo percebi que provavelmente K. nunca alcançaria seu objetivo, lutando sempre em vão (quase assim como nós, leitores de O Castelo) e que a entidade Castelo deveria representar algum termo da Psicologia, ou numa leitura mais superficial, tudo se tratava de uma crítica à burocracia. Até aí tudo bem, se não fosse pelos blocos de parágrafos, cada um com mais de cinco páginas e geralmente de explanações que é impossível apreender suas pertinências, apesar da linguagem clara. Aliás, desafio qualquer leitor de tentar prever os próximos acontecimentos enquanto estiver lendo. Tarefa ingrata já que Kafka aqui atira para todos os lados despreocupado com o encadeamento lógico da narrativa. Pena, porque há momentos brilhantes, quando, por exemplo, é contada a insistência do pai de Olga em buscar o perdão das autoridades e com que irrelevância estes tratam suas petições. Por um momento cheguei a visualizar os funcionários do Castelo com maior estatura em relação aos cidadãos comuns, pelo apelo visual e tom surreal da prosa. Ainda assim, estaria mentindo se não admitisse que respirei aliviado ao término e inclusive cogitei adicionar essa atribuição (de ter lido O Castelo todo) ao meu currículo a fim de destacar minha personalidade de persistente e paciente.
Existe um filme baseado no livro, dirigido por Michael Haneke (claro!). Eu não apostaria que por causa da mídia essa história seria mais acessível, não menos do que o castelo para K., pelo menos. Talvez.
comentários(0)comente



138 encontrados | exibindo 106 a 121
1 | 2 | 3 | 4 | 8 | 9 | 10


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR