O Castelo

O Castelo Franz Kafka




Resenhas - O Castelo


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07/04/2024

Não é à toa que a Literatura de Kafka é considerada Ficção Absurdista, sem uma leitura atenta é fácil se perder.
K. é um agrimensor que foi contratado para prestar serviços num determinado vilarejo, porém não consegue desempenhar sua função e nem entender o que realmente tem que fazer lá porque seu acesso ao Castelo é bloqueado por todos, parece um complô.
Além de um “romance” repentino com uma moradora e do relacionamento com uma família excluída peça sociedade local, ele passa o livro nessa busca por respostas.
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Aline 24/01/2011

"E viu então lá em cima o castelo; viu no ar claro seu nítido contorno, mais nitidamente perfilado ainda pela neve, que, estendida em fina capa por toda parte, reproduzia por todas as formas." (pág 31)

Eu realmente caminhei com K. em direção a seu alvo, e se não tivesse tanta vontade de desvendar o mistério do Castelo, teria ficado pelo caminho.
O livro do Franz Kafka é muito bom, embora tenha uma leitura difícil e densa. Não há de se ler O Castelo como quem lê um texto qualquer: necessita-se de paciência, e muita atenção para absorver todas as idéias por trás dos diálogos, muitas vezes extensos.
O livro se inicia com a chegada de K. a um povoado. Nevava muito, e ele abriga-se num albergue. Logo que se deita, é incomodado por um rapaz que avisa a K. que para permanecer na aldeia, é necessário uma permissão do Castelo.
Assustei-me. Porque seria necessário uma permissão para dormir numa tábua em uma pousada? K. explica que é o Agrimensor contratado pelo Castelo, mas este fato não mudará a forma como foi, e será tratado durante o livro.
No outro dia, decide ir em busca de seus superiores para poder começar seu trabalho. O castelo pareceu-me distante, mas a este ponto, não imaginei o quanto. E à medida que o livro avança, sentia-o inalcansável. Cada tentativa de K., frustrada, frustrava-me, e me enchia de curiosidade. Cada repressão a K., machucava-me, como se a mim mesma, o fosse dirigida; como se meu também fosse o objetivo de continuar.
"Fixo o olhar no castelo, continuou K. caminhando; nenhuma outra coisa o interessava. Mas ao ir-se aproximando, o castelo o frustrava (...)"
O Castelo, por assim dizer, parecia animado, e juro que por vezes, o senti como o olho de Sauron, atento a cada movimento de K., antagonizando suas ações.
"(...) contudo, dar-se conta perfeitamente de que, sim, o observavam sem que isso afetasse, porém, na mínima coisa a sua tranquilidade; e realmente- não se sabia se isso era causa ou efeito- os olhares do fixador não podiam permanecer fixos , não podiam ser sustentados: desviavam-se."
Pensando assim, O castelo era muito mais que um simples local, ele era e é uma alegoria com significados diversos. A instância máxima de organização, A autoridade limitadora, a entidade criadora de leis e padrões. O castelo era para aquela sociedade o guia de suas ações, o propósito de suas existências insignificantes.
E K., um invasor. Um forasteiro burro, incapaz de compreender as regras do povoado, e que muitas vezes, com suas atitudes impensadas, profanava as leis, os locais, incomodava os representantes do castelo.
K. não entendia porque aquelas pessoas agiam dessa forma, mas, o que me interessou foi a postura de K.
"(...)aqui impera uma ordem rigorosa em todas as coisas." :(pág. 110)
No início, a forma como K. agia, mostrou-se de uma coragem incrível. No entanto, ao decorrer do livro, pareceu-me uma teimosia infante, e no final, uma tolice.
Pode-se perceber uma mão invisível em todo o livro, impedindo que as ações de K. o levassem ao cerne sagrado do Castelo. K. acabou enveredando-se num labirinto de burocracias, processos, secretários, interrogatórios, escritórios, que o afastavam cada vez mais da verdade, e o confundiam.
"Mas são os escritórios na verdade o castelo?" (pág. 192)
Não sei se em algum momento, ele realmente esteve perto de conseguir seu objetivo, e talvez, ele o conseguisse, se pudéssemos continuar acompanhando sua história de perto.
Mas, inegável é a presença constante do Castelo ao longo do livro. a maneira como este habita até mesmo as pessoas, em seus temores.
Atualíssima é a história do visionário Kafka, construindo seus personagens "coletivos" para fins geniais. Quem não conhece uma Frieda, um K., uma estalajadeira da ponte? Quem nunca se deteve, entre a vontade de perseguir um objetivo, e a burocracia eterna que o atrapalhava?
Este Castelo existe, e podemos Vislumbrá-lo a cada momento que abrimos os olhos às entrelinhas, e visualizamos o "Poder" centrado em meio a um labirinto. A autoridade que nos decepa, que nos frustra, que nos machuca. Os indivíduos reduzidos a pequenas marionetes, as vontades solapadas pelo fogo da burocracia e da mecanização.
"Em nenhuma parte antes vira K. tão entrelaçadas a autoridade e a vida, tão trançadas que às vezes podia parecer que a autoridade e a vida tivessem permutado seus lugares." (pág 79)

Ao final, Kafka nos deixa perdidos. Se K. chega ao Castelo, ou se resta inferir que nunca chegará, não sei, realmente. Desejaria ter sabido, pelas palavras do próprio Kafka o final desta história, mas, terei de escolher se o K. se esconderá todo o inverno no quarto da Pepi e suas amigas camareiras, ou se voltará ao seu posto de bedel para ser humilhado pelo Professor, e depois ir conferir o novo vestido da estalajadeira senhorial.
Agora, resta a mim, continuar o embate do K., e encontrar o mistério do Castelo!

"(...) ao fim, não se sabia se tinha resistido, ou se havia cedido." (pág.137)
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Marcos606 07/09/2023

O cenário do romance é uma vila dominada por um castelo. O tempo parece ter parado nesta paisagem invernal e quase todas as cenas ocorrem no escuro. K., o protagonista anônimo, chega à aldeia alegando ser um agrimensor nomeado pelas autoridades do castelo. Sua afirmação é rejeitada pelas autoridades da aldeia, e o romance narra os esforços de K. para obter o reconhecimento de uma autoridade esquiva. Arthur e Jeremiah se apresentam a K. como seus assistentes, mas proporcionam um alívio cômico em vez de uma ajuda genuína. Klamm, um superior do castelo amplamente respeitado pelos aldeões, revela-se totalmente inacessível. K. desafia agressivamente tanto os funcionários mesquinhos e arrogantes como os aldeões que aceitam a sua autoridade. Todos os seus estratagemas falham.

Romance inacabado, Max Brod, o executor literário de Kafka, nos relata que Kafka pretendia que K. morresse exausto por seus esforços fúteis para obter acesso e aceitação das esquivas autoridades locais, mas que em seu leito de morte seu personagem finalmente receberia um permissão para permanecer na aldeia – e é uma prova das conquistas de Kafka que o seu estado inacabado não é de forma alguma prejudicial à sua eficácia. Parece de alguma forma apropriado que a história não tenha fim, que os eventos narrados aparentemente façam parte de uma série infinita de ocorrências, das quais apenas um pequeno segmento chegou às páginas de um romance.
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Átila Castro 22/03/2015

O Estado monstruoso
a essência da obra de Kafka decorre de sua histórica relação com o Estado burocrático, absurdo e opressor. Kafka era um burocrata, servidor público, e sabia do que estava falando. Se em "O Processo" Kafka narra as dificuldades do cidadão perante o Estado-juiz, em "O Castelo" essa relação opressora do Estado monstruoso com o cidadão é levada ao paroxismo. O agrimensor é oprimido, é hostilizado, é por vezes ignorado, enfim, nada consegue, nada obtém, nem mesmo a mínima informação do Senhor do Castelo. Quem nunca viveu experiência semelhante em alguma repartição pública? Então, simplificando ao extremo, o que Kafka quer narrar é o absurdo do Estado, na forma em que está concebido. Kafka continua muito atual, sobretudo quando olhamos para o próprio Estado Brasileiro.
Reinaldo 03/08/2015minha estante
A burocracia e sua amarração da atitude humana; um absurdo moderno. Da mesma forma que em A Metamorfose, Kafka nos leva pensar sobre o embotamento da alma no mundo moderno, neste livro o Estado é apresentado como figura maior desse modelo. A democracia está mais para um regime burocrático que para uma alternativa política de participação e liberdade. Atualíssimo!




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Thaís 08/04/2023

"O Castelo" é aquele tipo de história que não se entende nada, desde o início. Não dá para identificar quem é o herói, o anti-heroi, o vilão, ou qualquer coisa parecida. E não melhora. Quanto mais se lê, mais tem-se a sensação de desamparo. Não há onde se sustentar nenhuma antecipação, prever é para o que é previsível, mas aqui cada momento é mais inverossímil que o outro. São tantas histórias descabidas, que tudo pode-se esperar. Mas há em K., a personagem principal, uma tentativa de estabelecer uma ordem no caos. É ali que o leitor deposita suas esperanças de esclarecimento e um pouco de dignidade. Mas nem assim é possível. E até nisso tem-se dúvida.

E isso tudo é maravilhoso! Kafka conseguiu escrever algo que tira o leitor da zona de conforto, ignora bom-senso e narra de uma forma esplendorosa uma sucessão de acontecimentos que beiram o cômico. Não fosse as consequências na vida, podia-se dizer que era mais uma encenação, mas seus efeitos são sentidos no dia-a-dia da aldeia. E o final? Bem, se por ousadia ou outro fator qualquer, é um sinal de que esta obra não tem nada de comum.

Vale a pena a leitura, mas apenas se estiver disposto a ser surpreendido e não estiver procurando respostas.
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Georgeton.Leal 21/04/2017

A busca por uma meta inalcançável
É fato que nem todo mundo consegue se identificar com as obras de Kafka. Seu estilo enigmático deixa muitos leitores desavisados confusos e frustrados, uma vez que o autor não segue conceitos clichês aos quais a maioria das pessoas hoje em dia está tão acostumada.
Quem espera que o "O Castelo" apresente tramas óbvias e finais felizes certamente se decepcionará, mas aqueles que buscam uma leitura profundamente singular e reflexiva irão se deleitar com cada elemento da história. Realmente, o enredo consegue ser tão "labiríntico" que incomoda mesmo o leitor, deixando-o aflito e apreensivo muitas vezes, mas tal preço tem a sua recompensa, ainda que a leitura se torne um pouco lenta.
É interessante notar que muitas passagens do livro parecem ter saído de alguma experiência onírica, o que oferece uma áurea excepcional à obra. Conforme a interpretação do leitor, os personagens também podem figurar como alegorias distintas, cada qual sendo uma peça-chave deste intrigante quebra-cabeças, colocando a história sob diversas perspectivas inconclusivas. Mesmo sendo esta uma obra "inacabada", fiquei imaginando se o Castelo exerceria alguma influência "mística" sobre a aldeia ou se tudo não passava de um mero sonho criado pela mente obsessiva de K. No fim das contas, "O Castelo" continuará para sempre misterioso e inatingível.

site: https://senso-literario.blogspot.com/2021/10/a-busca-por-uma-meta-inalcancavel.html
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Thiaguinho 16/09/2023

Qual é a verdade?
No início, a escrita pode parecer um pouco complicada, mas depois você se acostuma. Nesta obra, ninguém sabe qual é a verdade. O protagonista corre em círculos atrás de uma explicação, mas não alcança.
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Catarine Heiter 27/09/2021

Claustrofóbico, confuso, acelerado, enlouquecedor... tudo isso se aplica a esta brilhante obra!

Um texto que, mesmo inacabado, nos diz tanto sem dizer nada; no maior estilo Kafkiano de ser. Um castelo inatingível, uma aldeia repleta de segredos e regras implícitas; que, por sua vez, se contradizem o tempo todo. É neste cenário que o protagonista chega sem ter sido chamado e quer ficar sem ter sido aceito. O leitor sente o cansaço, a fome, o frio, o sono e toda a confusão a partir dos fatos estranhos que o cerca por toda a obra. É um livro crítico, filosófico e sensorial que me cativou; mas que está longe de ser uma leitura fácil.

Esta leitura foi motivada pelo Desafio DLL 2021, na categoria ‘Ganhei de presente’
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Paloma405 14/04/2020

Penoso
Um livro penoso de ler, com uma narrativa bem arrastada. Porém, ao terminá-lo me senti realizada, como se tivesse entendido a mensagem do livro e o que significa o termo kafkaniano. O livro é penoso por nos lembrar de nossas rotinas burocráticas e da dificuldade em conseguir aquilo que queremos.
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Simone Brito 23/08/2016

Leitura cansativa
Livro: O Castelo
Autor: Franz Kafka
Literatura Alemã

Livro escrito em 1922 por Franz Kafka, porém, somente publicado em seu pós-morte, em 1924. Conta-nos a história de K. que sai de sua cidade em uma longa jornada na busca de um Castelo. Para tal, recebe a função de agrimensor, pessoa legalmente habilitada para medir, dividir e/ou demarcar terras ou propriedades rurais, mas que em realidade só lhe serviu com título, status.
Em sua saga para encontrar o Castelo, K. precisa passar dias e noites em vários lugarejos, nos quais, em geral, não é bem recebido, chegando a ser hostilizado. Mas, em nome de não abrir mão de seu objetivo, K. enfrenta tudo de peito aberto, obstinado e determinado, fazendo-se valer do fato de ser Agrimensor, função que todos, de certa forma, respeitavam.
O autor nos mostra, metaforicamente, ao longo da jornada de K. o quão difícil se torna uma simples tarefa quando a burocracia predomina. Embora não fique claro em nenhum momento do livro, por analogia, podemos associar o Castelo, o qual K. vive buscando, com o poder público. Ao longo dos capítulos percebemos a burocracia imperando e as pessoas mudando de opinião e atitudes conforme lhes convém ou lhes é ordenado por um suposto “dono do Castelo”, pelo prefeito, pelo professor, etc., assim como vemos em nossa realidade.
Mesmo ao fim do livro não conseguimos saber se o tal Castelo existe mesmo ou se faz parte da fantasia. Tampouco sabemos se alguns personagens existem ou se fazem parte da ilusão formada por K. em prol de cumprir seu objetivo. Kafka nos deixa na dúvida o tempo todo e dá margem a nossa imaginação até o final do livro.
No entanto, em função de descrever detalhadamente o dia-a-dia de K., o livro tornou-se, a meu ver, muito cansativo e com uma leitura bem arrastada. Há quem diga que esse tipo de livro representa bem o estilo Kafka, mas, sinceramente, não faz o meu estilo de leitura. Embora eu tenha que reconhecer que possui uma escrita fantástica.
Não recomendo essa leitura a qualquer pessoa porque possui características bem peculiares que não necessariamente agradarão.
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Eduardo 22/12/2015

O castelo: uma experiência revoltante
Kafka é talvez o autor mais peculiar de toda a literatura. Seu modo de escrever é, em minha opinião, o mais distinto de toda a literatura. Ele tem a feliz capacidade de me colocar em estado melancólico todas as vezes que termino uma de suas obras.

Entre os talentos, dentro os vários que o autor desenvolveu, um se destaca para mim como o mais importante: A capacidade de fazer o leitor se revoltar contra os seus textos. É nesse ponto onde encontro a grande genialidade de Kafka.

Muitos com quem converso, criticam exatamente isso, a grande frustração que sentem de chegar ao final de seus romances e se depararem com um “soco no estômago”. Relatam, sempre com grande tristeza, que ao ler textos como o processo, de quase trezentos páginas, chegam num final angustiante e sem esperança.

Mas para mim, é essa singularidade Kafkiana que atrai. O castelo é um dos romances longos do autor e logo de cara, ao enfrentar as primeiras páginas, percebemos que todo o escopo da trama foi formado.

K. – assim chamado o protagonista – chega a uma aldeia para prestar serviços de agrimensura a um conde do castelo. Mas logo ao entrar em contato com os moradores do local, vê a dificuldade em encontrar seu contratante.

Basicamente assim a estória se desenvolve: relações com os aldeiões, funcionários menores do castelo e demais moradores do local. Parece tudo muito simples, mas não é, e é aí que reside a magia da escrita de Kafka.

O livro é recheado do discurso da obediência em tom derrotista por parte das pessoas que vivem na aldeia e o tom da dominância por parte daqueles que do castelo comandam. As relações entre as personagens são detalhadamente bem descritas, o que exige do leitor atenção redobrada. Até as alterações da respiração de certas personagens mudam todo um contexto de uma conversa e piscar nesse momento pode prejudicar sua atenção.

Por fim, o mais importante: O castelo. Um local que permanece na boca de todos, mas que soa como inatingível. K. busca-o incessantemente, mas ele parece inacessível, como uma entidade divina a qual comanda as ações da personagem, não se mostra, enviando clérigos em seu nome; neste caso os funcionários.

Apesar de minha digressão metafísica, vi também um livro muito realista, pois discute questões de divisão de classes e dominação. Todos os diálogos parecem estar recheados dessa característica. Todos os moradores não podem fazer algo para além de sua realidade social, tudo deve funcionar, o status quo é fundamental, alterá-lo prevê pena na forma de uma exclusão silenciosa, que bane os “infratores” da normalidade existente.

Uma terceira interpretação, seria a psicológica. O Castelo parece representar o mistério. Aquilo que é inexplicável, mas que tem papel fundamental na existência. Parece a busca de K. por seu desconhecido e dentro disso, há que enfrentar todo um mundo para compreendê-lo.

O livro, provocativo em toda sua inteireza, revolta e frustra tanto quanto qualquer outra escrito por Kafka, mas esse sentimento é o mais importante nos textos de Kafka, pois “sem revolta…”, como dizia uma antiga professora, “não caminhamos”. Ele é um dos poucos autores que provocam o pensamento, faz com que o leitor se movimente e repense as coisas.

Isso é essencial num livro!

Por isso a grande importância de Kafka na literatura e sua enorme contribuição.

Várias outras compreensões podem ser tiradas desse livro e releituras provavelmente trarão novas reflexões. O livro é excelente dentro de sua temática extremamente plural. É sociológico sem ser sociologista, psicológico sem ser psicologista. É em suma um livro completo, mesmo em sua incompletude.
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Jorge.Luiz 20/03/2023

Compreensão
"Como entender algo que está deliberadamente além da sua compreensão?" Acho que essa frase define bem o livro como um todo.... Talvez por isso seja uma obra difícil de se chegar ao fim apesar de curta. Creio que o autor brinque com a nossa natureza humana de buscar lógica e conexão em coisas que por vezes podem não ter ligação alguma. Caso embarque nessa jornada, se prepare para uma leitura que por vezes será cansativa no sentido de exigir bastante dessa natureza lógica de seu cérebro e trechos de exaustão propositais
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Claudio.Kinzel 12/01/2021

A absurdo da burocracia estatal numa leitura arrastada, densa e sufocante
O Castelo possui muitas semelhanças com o Processo, a começar pelo personagem principal K., que agora é um agrimensor que se dirige a um castelo em busca de um novo trabalho. Ao chegar lá, porém, as coisas não acontecem como esperado, ele descobre que não há serviço para ele, apesar de dois ajudantes terem sido designados a acompanhá-lo. Os personagens são traiçoeiros, e a cada diálogo descobre-se uma nova faceta que torna a história misteriosa, confusa e contraditória, e assim até o final, que na verdade não existe. Sim, o livro não foi concluído e só foi publicado graças ao amigo de Kafka que não destruiu as cópias conforme desejo do autor.

Assim como no processo o foco é o sistema jurídico, aqui é mostrada toda a burocracia estatal, através de uma hierarquia bem definida, que impede o próprio K. de obter respostas e sequer conseguir encontrar e dialogar com as pessoas de mais alto nível. A leitura é arrastada, densa, sufocante; os diálogos são intermináveis, com parágrafos enormes, o que torna a sua conclusão cansativa. Talvez se Kafka tivesse terminado a obra, poderia tê-la revisada e melhorado alguns pontos; de qualquer forma, o sentimento de angústia diante das situações apresentadas, bem como o próprio envolvimento de K. na situação, da qual parece não conseguir sair preso por uma inexplicável fascinação, até suas relações com os moradores, como Frieda que se tornaria sua noiva após um encontro de uma noite, mostram-se alinhadas ao formato de escrita, na qual o absurdo da vida é mostrado através dos eventos que se sucedem um após o outro desde que K. chega à aldeia.
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Claudia Saldanha 25/01/2021

Uma opinião (aparentemente) não tão popular
Após finalizar a leitura e consultar resenhas diversas, decidi complementar os comentários (com certeza, muito mais desenvolvidos que o meu) com a minha opinião.

Primeiramente, o livro está inacabado, por isso, não há desfecho definido. Claro que não é pré-requisito para qualquer história ser considerada boa ou não, mas confesso que nesse caso o final foi tão abrupto que me senti no limbo ao terminar. Apesar de subentender logo no início que o objetivo de K. não seria alcançado, surpreendeu-me o modo como a narrativa termina aleatoriamente.

Ainda assim, vale a pena em algumas partes, seja devido a momentos cômicos, de “vergonha-alheia”, indignação ou confusão que compartilhamos com as personagens, principalmente K.. Só não sei dizer, no meu ponto de vista, se essas situações são suficientes para que todo o livro valha a pena, principalmente quando estão emaranhadas numa escrita morosa e super detalhada que, não necessariamente, agregam à história.

Recomendo a leitura se você for um leitor ávido, se gosta de esmiuçar os clássicos da literatura mundial, se tem o hábito de fazer alegorias com todo tipo de enredo ou, simplesmente, se for fã de Kafka (friso aqui: não somente da obra A Metamorfose). Exceto esses casos, acredito que as chances do livro não atender às suas expectativas, assim como aconteceu comigo, são altas.
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