Queria Estar Lendo 18/06/2018
Resenha: Loki
Loki por toda sua vida foi considerado a sombra de seu irmão, a piada do reino, o bode expiatório de Asgard. Mas agora tudo isso tem fim, o Deus da Trapaça finalmente alcançou o poder e sua vontade é lei. Nessa história escrita por Rober Rodi e ilustrada por Esad Ribic, encontramos pela primeira vez um olhar íntimo sobre os desejos e conflitos deste personagem tão ambíguo.
Aos leitores ambientados com o MCU (Marvel Cinematic Universe), deixo claro que este Loki tem pouco em comum com o que estamos acostumados a ver nas telas de cinema - olá Tom Hiddleston. Aqui existe uma amargura e um ressentimento ainda maiores sobre a relação dele com o Thor, Odin e até mesmo com o povo de Asgard.
Enquanto no universo cinematográfico a dor e a raiva do personagem ficam perceptíveis, elas também acabam sendo diminuídas através de seus traços de humor e seus joguetes. Já na HQ, Loki se encontra muito mais amargurado e ressentido com a forma como sempre foi tratado. Ele foi machucado, e agora está disposto a machucar como retribuição.
A história começa com Loki já no poder, tendo Thor como prisioneiro, após uma aliança com líderes e guerreiros de outros reinos. Estando, enfim, no lugar que julga ser seu de direito, o Deus da Trapaça precisa exercer suas funções como soberano. Isso inclui reinar sob o povo asgardiano, e também cumprir promessas feitas.
O problema é que nem mesmo o trono e o poder conseguem conceder a Loki o que ele mais deseja: ser amado e aceito. O povo não está feliz com um rei usurpador, e seus aliados não cansam de cobrar atitudes e promessas do novo soberano. E ainda que tenha conquistado o trono, Loki continua só.
Se, afinal, o próprio trono de Asgard não é o bastante para que ele possa ser feliz, então o que será?
Loki é uma HQ que mostra nuances profundas do personagem título, levando o leitor a encontrar uma compreensão maior sobre a vida do deus nórdico e suas sombras, a entender como a rejeição pode afetar uma pessoa e a perceber que as vezes ao corrermos de algo estamos, na verdade, correndo em direção a isso.
Robert Rodi escreveu um personagem profundo e instigante, que optou por ser temido já que não podia ser amado. Que viu na vingança a redenção por suas dores. E que buscou até o fim o caminho da felicidade, ainda que por atalhos tortos e estradas escuras.
Nessa edição especial encadernada em capa dura e lançada pela Panini, o trabalho de ilustração de Esad Ribic pode ser apreciado com muito gosto. Principalmente quanto ao uniforme clássico. Embora, os fãs do Loki que estejam acostumados com um traço mais suave e características mais bonitas atreladas a ele, possam vir a estranhar a fisionomia do personagem.
Ainda quanto a edição, um dos meus percalços com a HQ foi o português mais arcaico utilizado, dificultou o processo todo e por isso tirou um pouco do prazer da leitura. No mais, foi um trabalho maravilhoso e que tenho orgulho de ter na minha estante.
Loki é uma HQ para todos os fãs do personagem; profunda, sombria e ambígua assim como ele. Se você quiser compartilhar dos pensamentos e incertezas do Deus da Trapaça, essa é uma ótima pedida. Mas cuidado, você pode terminar essa história com um gosto ligeiramente agridoce na boca. Não diga que eu não avisei.
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