Quando vi as três opções de livro de setembro da parceria, fiquei na dúvida sobre qual escolher porque gosto bastante de livros com contos e foi com muita dúvida que acabei ficando com 21/12. Mesmo não curtindo muito esse tema thrillers "fim do mundo". Dustin Thomason é famoso por um livro que até hoje não tive muita vontade de ler por causa da capa e me senti compelida a descobrir porque o autor é tão elogiado. Thomason construiu uma história possível e interessante misturando medicina e cultura maia.
11 de dezembro. Dr. Gabriel Stanton é especialista em príons e doenças priônicas. Os príons são compostos por proteínas e não possuem DNA e RNA, sendo então agentes causadores de doenças incuráveis. Um exemplo que todo mundo conhece é a doença da "vaca louca". Doenças priônicas causam insônia severa e todos os sintomas que ficar mais de uma semana sem dormir desencarreta. Leva a pessoa a morte em pouco tempo. Stanton não teve muito trabalho depois que os cientistas conseguiram isolar o gene dos bovinos que levava a produção dos príons e passou os últimos anos pesquisando. Isso até receber o telefonema da Dr. Thane, o chamando para avaliar um caso que segundo ela era doença priônica. Stanton não estava convencido, mas chegando ao hospital constatou que o desconhecido estava mesmo doente. O problema é que ele não fala uma palavra de inglês e a causa permaneceria desconhecida até um tradutor chegar. E é ai que entra Chel. Ela é da região maia da Guatemala, mas vive nos Estados Unidos há muitos anos. É curadora do Getty Museum, especialista em antiguidades maias, extremamente competente quando se trata de analisar e traduzir documentos antigos. Chel recebeu de um velho amigo algo inimaginável. Um códex, o mais antigo que Chel já tinha visto e que, ao ser chamada ao hospital pelo Dr. Stanton ela teve certeza estava intrinsecamente ligado a nova doença. Uma doença que se espalhada poderia devastar o mundo.
Essa é a premissa central da história. Um códex antigo aparece e junto com ele uma variável assustadora de doença priônica, capaz de se espalhar facilmente. A narrativa de Thomason flui rápida e explica o necessário para o leitor leigo sem prolongamentos desnecessários. A trama soa extremamente possível, afinal que forma melhor de devastar a humanidade até o dia 21 de dezembro do que uma doença de transmissão rápida, sem cura e que leva a morte em menos de dez dias? Quando se fala em fim do mundo todo mundo imagina o planeta explodindo, mas ninguém pensa na possibilidade de que apenas os seres humanos morrerão? Se o livro está correto vale lembrar que os maias falaram em o fim da nossa raça, para o começo de uma nova era.
É nesse ponto que falarei da extensa pesquisa que Thomason fez para construir ambas as estruturas do seu livro. Tanto a parte sobre doenças priônicas quanto todos os pormenores da cultura maia são encaixados na história muito naturalmente. Ao unir fatos históricos comprovados com um tema tão explorado nos últimos tempos o autor conseguiu criar uma história bem interessante. Ao longo da trama o autor intercalou capítulos do códex que Chel estava traduzindo em busca de informações sobre a doença. Ao mesmo tempo em que tentava encontrar alguma pista para a história central fiquei pasma com a quantidade de detalhes da cultura maia que foi possível aprender. O ruim foi que o autor pesou demais em alguns capítulos desses e o leitor menos interessado em história pode achar cansativo.
O único pecado do livro foi focar na histórica, na riqueza de informações e esquecer a construção de seus personagens. Tanto Stanton quanto Chel são apresentados de forma sucinta. O mesmo vale para os secundários. A sorte é que a outra parte prende e instiga o leitor até o fim. O livro ganha ritmo a medida que a trama vai se desenrolando com ação e descrição do cenário que a doença causa. O final foi satisfatório e pela forma que o autor finalizou fica claro que ele queria uma história mais séria, sem aquele apelo trágico que livros e filmes que falam do 21 de dezembro usam. Não é uma história que vai agradar a todos, mas que com certeza amplia a visão e de certa forma assusta. Afinal e se? E se uma doença dessas se espalha? Pois é...
Leitura rápida, agradável, de narrativa rica, com uma história original dentro de um tema que está ficando batido e que (...)
Termine o último parágrafo em: http://www.cultivandoaleitura.com/2012/09/resenha-2112.html