Bia Machado 17/07/2009Um livro inquietante, como seu subtítulo diz...Título e subtítulo: "Qual é a tua obra? Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética" - Mario Sergio Cortella
Começo falando do autor: Mario Cortella é filósofo, mestre e doutor em Educação pela PUC-SP, onde ainda atua como professor-titular desde 1977 (o ano em que eu nasci, ). Atua tanto na Filosofia como na Educação, acredito que de forma igualitária, não privilegiando apenas um dos lados. Em seus escritos, noto sempre sua profunda paixão pelos dois assuntos, uma paixão contagiante.
Não sei se podemos considerar "Qual é a tua obra?" um livro de filosofia. Porém, como livro escritor por um autor filósofo, é um livro inquietante. Muita gente tem medo de ler livros que evoquem a filosofia. Creio não ser esse o intuito dessa obra. Cortella escreve como se falasse diretamente a quem está lendo, como se estivesse ali, do lado do leitor e dessa forma ele lança questionamentos, que nos acampanham desde a "orelha" do livro:
"Qual é a tua obra? O que você sente ao ouvir esta pergunta, apresentada aqui, intencionalmente, com a força quase metafísica de uma convocação, da palavra que questiona e reconduz ao núcleo da existência? Você se sente confortável e satisfeito quando pensa na sua obra? Ou se sente inquieto e um tanto quanto desconfortável?
Se estiver no primeiro grupo, preocupe-se; mas se estiver no segundo grupo, anime-se, porque este livro lhe trará algumas inquietações acompanhadas de muitas proposições relacionadas à gestão, liderança e ética."
Também não se deve pensar que seja um livro [apenas] para pessoas que ocupam cargos gestores, como o subtítulo pode fazer-nos crer: essa "gestão" é a gestão dos nossos próprios atos, influentes em nosso presente e futuro, consequentemente.
Com capítulos nomeados muitas vezes de forma divertida (alguém aí já ouviu falar em "Síndrome de Rocky Balboa"?), o livro cumpre o que propõe e não, definitivamente, não é um livro de auto-ajuda. Cortella não está ali para ajudar ninguém. Na verdade, o que ele quer é causar, se possível, um terremoto interior e fazer com que você comece a pensar no valor dessa [aparentemente] simples perguntinha: "Qual é a tua obra?"