A Sociedade Midíocre

A Sociedade Midíocre Juremir Machado da Silva




Resenhas - A Sociedade Midíocre


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Tauana Mariana 29/01/2013

Um soco no estômago de forma genial.
Se na sociedade do espetáculo de Guy Debord, o espetáculo é a “relação social entre pessoas, mediatizada por imagens”, na sociedade midíocre vivemos o hiperespetáculo, a vez da “baixaria”, dos astros meteóricos, do Telóismo. Exemplos como a baixa cultura (há uma baixa cultura?), Thor, o filho de Eike Batista, Paris Hilton (a patricinha delinquente), o vaso sanitário do John Lenon, o casamento real, entre outros, são apresentados por Juremir para demostrar nossa mediocridade.

Enquanto a sociedade do espetáculo “pretendia revelar o filme de terror do capitalismo em que todos seríamos meros figurantes”; “a sociedade midíocre, caracterizada pela passagem ao hiperespetáculo, recolocou as coisas nos seus lugares: a mídia é apenas o espetáculo da sociedade. Coincidentemente em pleno acordo com a estética da mídia”. Segundo o autor, “a sociedade midíocre não é apenas a sociedade mediada ou determinada pela mediocridade absoluta da mídia em tempo integral, mas também e principalmente a sociedade em que a mídia é determinada pela mediocridade geral. A mediocridade, porém, pode ser um sistema de organização social eficiente, rentável, satisfatório e bem-sucedido.”

Saímos da pós-modernidade para a hipermodernidade. O “hiper é a aceleração que desfaz, dilui e leva, pelo excesso de tecnologia, de volta às origens”. Neste caso, presenciaremos a morte do direito autoral (pois todos terão direito ao conteúdo), o fim dos livros (pois serão plataformas ultrapassadas), e o fim da escrita (pois retornaremos para uma oralidade tecnológica, aliada à comunicação por meio de imagens). Nas palavras do autor, é a vingança das imagens e sua volta triunfal.

Vale lembrar que o autor não publica nada ao sabor do vento. Suas obras são frutos de pesquisas acadêmicas que demandam leituras, análises, aprofundamentos e reflexões teóricas. Desta forma, arrisco-me a dizer que o leitor não familiarizado com autores como Guy Debord, Jean Baudrillard, Vilém Flusser, Umberto Eco, Harold A. Innis, Michel Houellebecq, Michel Maffesoli, entre outros, terá maiores dificuldades de assimilar o conteúdo do livro, do que aqueles familiarizados com as teorias destes. No entanto, assim como em suas outras obras, o autor conduz o leitor do início ao fim, o leva a pensar, prendendo sua atenção até a bibliografia.




Resumo:

Na sociedade midíocre, vivemos num permanente reality show no qual representamos os nossos delegados com a mesma infidelidade e imitamos os nossos ídolos com a mesma volubilidade. P.8

[...] saltamos da tela total para a totalidade da tela. P. 8

[...] o virtual apareceu como hiper-real, uma realidade com a sua prótese tecnológica e o seu vasto manual de utilização. [...] o real “real”, não o virtual, tornou-se o verdadeiro hiper-real. Por exemplo, o papel. Uma publicação impressa ainda aparece para alguns como mais real do que real, um lastro-realidade, uma mais-valia nostálgica de natureza pouco “promissória”. P. 9

A realidade é sempre virtual. Ela nunca deixa de ser, em qualquer suporte, uma virtual irrealidade. P. 10

O imaginário sempre é uma produção capital sem autoria. P. 11

[...] o publicitário convence o anunciante de que o seu trabalho é decisivo para a vendagem de um produto, mas ele mesmo não tem a menor certeza disso. [...] A publicidade, sabe-se, é um truque. P. 11

O publicitário inventava o truque e o disseminava O sociólogo o denunciava com um repetitivo “eu vi, eu vi, é truque”. Assim, o publicitário era um construtor de mitos, enquanto o sociólogo era um chato. P. 12

O desafio do futuro, anunciam os especialistas, é a produção de conteúdo, que deverá ser entregue pronto gratuitamente. Chegou a época fantástica do contato permanente liberado da exigência estéril da tatilidade. Estar junto não implica proximidade. P. 17

A publicidade é a tecnologia do imaginário suprema do hiperespetáculo. Com ela, como paradigma ético e estético, passou-se da embalagem do efeito ao efeito de embalagem. P. 19

As marcas da hipermodernidade aparecem por toda parte, inclusive no financiamento cotidiano dos astros meteóricos ou das estrelas (de)cadentes. P. 19

Cada época inventa as estrelas do seu imaginário. A primeira operação consiste em dar um novo nome ao antigo. P. 20

O imaginário é a embalagem. Efeito superior do conteúdo como estratégia de comunicação e de venda. P. 21

O Twitter é a consagração definitiva de Nietzsche: a expressão por aforismos. Formas de expressão para poucos agora ao alcance de muitos. P. 21-22

A sociedade midíocre não é apenas a sociedade mediada ou determinada pela mediocridade absoluta da mídia em tempo integral, mas também e principalmente a sociedade em que a mídia é determinada pela mediocridade geral. A mediocridade, porém, pode ser um sistema de organização social eficiente, rentável, satisfatório e bem-sucedido. P. 24-25

Debord e os frankfurtianos ainda acreditavam no bom uso da mídia. Jean Baudrillard destruiu essa ilusão. A mídia não é medium. É média. O máximo de matéria para o mínimo de contato necessário à atualização da vida diária quase social. P. 25

A sociedade do espetáculo pretendia revelar o filme de terror do capitalismo em que todos seríamos meros figurantes. A sociedade midíocre, caracterizada pela passagem ao hiperespetáculo, recolocou as coisas nos seus lugares: a mídia é apenas o espetáculo da sociedade. Coincidentemente em pleno acordo com a estética da mídia. P. 26

Era preciso radicalizar o acesso à condição de celebridade. A beleza continua sendo um bom caminho, assim como a inteligência, mas ambas passaram a ser vistas como fatores discriminatórios. Afinal, ninguém tem a obrigação de nascer bonito ou inteligente. Os feios ou idiotas também querem ser famosos. Foi necessário abrir espaço a todos. A passagem ao hiperespetacular consumou-se com as celebridades cuja única obrigação é ser o que são, mesmo que seja nada, por algum tempo num programa ao alcance de todos e passível de recompensa pelo que não se fez. P. 30

Cada época tem os seus imaginários. O próprio da sociedade midíocre é ter tecnologias destinadas a gerar permanentemente novos e excitantes imaginários sociais. P. 30

Os guardiões do gosto choram o fim da separação entre alta e baixa cultura. Reafirmam solenes o valor superior daquilo que lhes agrada mostrando que poucos seriam capazes de realizar ou de executar aquelas obras. Enfurecem-se quando seus adversários ignoram essas belezas e afirmam que também as obras de que gostam não seriam realizadas pelos gênios da alta cultura. Como dizia a letra de uma alta música da baixa cultura, cada um no seu quadrado. P. 32

A cultura é o mais perfeito sistema de hierarquia social. Une e separa conforme o poder de coesão dos grupos. P. 34

Diante de um conflito de gostos, aguçado pela lógica da distinção brandida como um tacape da civilização, cada um pergunta: por que o seu gosto seria melhor do que o meu? Com que critérios o outro defende a superioridade do seu gosto? O que prova que um gosto é superior que outro gosto? P. 34

Todo gosto é uma construção. P. 35

As novas gerações, contudo, já parecem ter abandonado a televisão (mas não as celebridades). Crescem ligadas aos computadores por meio dos quais resgatam imagens de uma superada televisão. P. 37

A mídia hiperespetacular continua apegada ao antigo regime: cria e cultua reis, rainhas, príncipes e princesas. É uma nobreza laica e movediça. As estrelas surgem e desaparecem como meteoros. Os súditos – a audiência, o público – aclamam e esquecem seus reis com a mesma rapidez. P. 41

Ninguém mais terá necessidade de ler e escrever. Enfim a humanidade ficará livre desse problema. O pós-hiperespetáculo, já contido potencialmente no hiperespetáculo, será a pós-história, o fim da escrita, a superação da linearidade discursiva e narrativa. Os jovens de hoje perderão a habilidade de folhear. O cérebro humano funcionará por saltos, descontinuidades, espasmos, alucinações e sínteses. P. 46

A escrita chega ao fim do seu longo reinado expressivo e da sua função básica de arquivo e extensão da mente humana. P. 46

O ocaso da escrita tem sido anunciado repetidamente pelo crepúsculo da escritura literária como força artística expressiva, sendo que agora, da poesia ao romance, passando por formas estranhas aos leitores, como o conto, a literatura já não passa de um vestígio arqueológico de um tempo revoluto. P. 47

Quando a escrita chega ao seu fim como necessidade técnica, o texto e o livro entram na fase arqueológica, cacos de um passado revolucionário revoluto. A literatura impressa mergulha na ficção, uma autoficção científica ao gosto dos espíritos nostálgicos sem futuro. P. 49

A internet carrega o fim do direito autoral, que carrega o fim das editoras, assim como o das gravadoras, o que se resolverá com o fim da escrita e com o fim do escritor. A teoria literária anunciou a morte do autor. Errou. O autor ressurgiu por toda parte. O escritor é que está morto. A morte do autor, porém, é iminente. P. 49

O jornal em papel, o livro impresso e, salto no abismo, até mesmo a escrita já não são mais tecnologicamente necessários. P. 49-50

[...] quanto mais atrasada e pobre for uma sociedade maior será a sua dependência em relação a esses meios tecnologicamente superados, o jornal de texto, o livro e a escrita. A escrita, que já foi a marca das civilizações avançadas, será, em breve, um sinal de atraso típico das culturas em déficit de tecnologias de som e imagem. P. 50

Por fim, passados alguns anos, o livro será só um artefato arqueológico decifrável por especialistas. Um fóssil. P. 51

Quando tudo pode ser copiado ao infinito, sem custo direto para o consumidor, o livro perde o seu valor de troca. Em seguida, deve perder o seu valor de uso, suplantado por outros usos e costumes. P. 51

Na “Galáxia de Gutenberg” o preço do livro cobria, antes de tudo, editoração, capa, papel, tinta, trabalho de impressão, transporte, armazenamento, distribuição e ganho de livrarias e editoras. Uma mínima parte ficava para o autor. Era o direito editorial, comercial ou industrial. Pagava-se mais pelo objeto do que pelo seu conteúdo. A internet, com a eliminação de todos esses elementos citados, poderia inaugurar, enfim, o direito autoral, o pagamento unicamente pela criação, pelo valor das ideias. P. 54

Michel Houellebecq > o sexo como um sistema de hierarquia social. P. 61

No hiperespetáculo, não há mais plágio, pois finalmente o autor está morto, primeiro por excesso, sem obra, multiplicado ao infinito por transferência de capital de uma rubrica para outra, a celebridade explorando novos filões. Depois, por saturação tecnológica. P. 62-63

Se, como pretendia Umberto Eco, a obra éaberta, ninguém pode tentar fechá-la. O leitor, protegido por seu direito de consumidor e de coautor, aquele que completa o trabalho autoral, liberta-se, enfim, da tutela do proprietário. P. 63

No ano do centenário do nascimento de Marshall McLuhan, o meio não é mais a mensagem. Não há mensagem. O meio como mensagem ainda pressupunha um sentido, mesmo que fosse o sentido do meio como aquecedor social. P. 64

É o pós-humano, o pós-orgânico, o apogeu das cirurgias plásticas, a fase da barriguinha de fora, o triunfo do silicone. P. 68

Thor > o filho das elites [...]. p. 72

O hiperespetáculo é um efeito de embalagem, efeito de designação, forma sem conteúdo, embalagem sem embalo, invólucro sem referência ao envolvido. P. 73

Paris Hilton > a patricinha da aldeia global ou da globalização. P. 75

O livro também era uma memória artificial. Exigia, contudo, pelas limitações de transporte e de manipulação rápida, memorização natural, o que resultava numa relação afetiva e na reprodução da capacidade cerebral de memorizar. Tudo isso, embora presente, já é passado. P. 78-79

Bob Stein, criador do Institute for the Future of the book, anunciou que o livro não tem futuro. Mais uma vez: não foi o autor que morreu primeiro, mas a obra. Morte anunciada, prevista, em tempo real, morte lenta e contínua. Por algum tempo ainda, o livro circulará como um fantasma de papel, cujo papel acabou para sempre. As ideias serão disseminadas virtualmente. A nostalgia do objeto desaparecerá com o fim de uma geração. P. 79

Cedo ou tarde, alguém desligará os aparelhos que mantêm a era do livro em vida vegetativa. Será a consagração da imagem criada por um velho professor de cinema: eutanásia pedagógica. P. 80

Vivo ou morto, o pós-modernismo será um fantasma do mundo do hiperespetáculo. P. 81

Depois do pós-modernismo, com sua ironia desconfiada, todo gosto será suspeito, ainda que um padrão seja imposto pela força simbólica. A morte do pós-modernismo será para sempre um excesso de vida. P. 81-82

O hiperespetáculo pode não ser um conjunto de imagens nem uma relação social com qualquer mediação, mas somente uma cultura totalizante de mídia que envolve inclusive as redes sociais, último baluarte de uma participação, chamada de interatividade, esvaziada de utopia, salvo se por utopia se deva entender agora só o possível sem transcendência a democracia formal como algo mais do que uma simples formalidade, mas menos do que uma nova forma social. P. 83

Previsão retardatária de um homem de ponta e com o verbo na ponta da língua e dos dedos: segundo Philip Roth, lenda agonizante de uma era livresca, a cultura literária vai acabar dentro de 20 anos. Assim como o livro em papel chegará ao seu fim. Mal sabe o escritor que a cultura literária já acabou há bem mais de 20 anos. O livro em papel é apenas um vestígio de um tempo em que ler era o principal acesso a uma cultura superior e a uma visão de mundo diferenciada. P. 84

A escrita e o papel são duas invenções recentemente fadadas, como tantas outras, a passar pelo ciclo nascimento, crescimento, apogeu e declínio. Entramos no hiperespetáculo, a possibilidade concreta da vida cultural plena sem escrita e sem papel. O hiper é a aceleração que desfaz, dilui e leva, pelo excesso de tecnologia, de volta às origens. A escrita fundou os poderes das religiões dos livros, judaísmo, cristianismo e islamismo. Apoiou-se, sabe-se, na proibição das imagens. P. 87

A modernidade ignorou o presente. Na hipermodernidade o passado é um não lugar intemporal do qual se pode importar alguma fachada. O futuro é uma miragem desfeita. P. 89

A lei do futuro é a falta de lei, a lei do salto no escuro. Internet, cibercultura e mundo virtual são a prova concreta de que o papel dos intelectuais ficou em branco: até há pouco mesmo os espíritos mais agudos não imaginavam essa irrupção do novo tecnológico na paisagem devastada da utopia ideológica. P. 91

Depois de séculos de busca da emancipação pela alfabetização, caminhamos a passos largos para a sociedade emancipada da escrita na qual todos, enfim, serão alfabetizados. Hegemonia da imagem. P. 92

Vilém Flusser previu, em 1987: “Parece não haver quase ou absolutamente nenhum futuro para a escrita, no sentido da sequência de letras e de outros sinais gráficos. Hoje em dia, há códigos que transmitem melhor a informação do que os sinais gráficos. [...] (2010, p. 17). P. 93

“Escrever não é apenas um gesto reflexivo, que se volta para o interior, é também um gesto (político) expressivo, que se volta para o exterior. Quem escreve não só imprime algo em seu próprio interior, como também o exprime ao encontro do outro. Essa impressão contraditória confere ao escrever uma tensão. É por isso que a escrita tornou-se o código que suporta e transmite a cultura ocidental, e deu, a essa cultura, uma forma tão explosiva” (2010, p. 21). P. 93

“Se devemos abrir mão da escrita, então não haverá e nosso meio ambiente qualquer tipo de papel a não ser o de embalagem. Movida pela saudade, a celulose retornará a suas células; as florestas ficarão mais verdes; e o junco não balançará mais ao vento matinal apenas às margens do Nilo, mas em todos os rios da Terra. O puro horror não envolve a nós, traças de livros e cupins que devoram os papéis, nessa utopia verde” (FLUSSER, 2010, p. 107). P. 94

Talvez Flusser não tenha lido o niilista francês da tela total: “O espaço entre o verdadeiro e o falso não é mais um espaço de relação, mas um espaço de distribuição aleatória. Poderíamos, claro, dizer o mesmo do espaço entre o bem e o mal, o belo e o feio ou entre a causa e o efeito” (BAUDRILLARD, 1997, p. 60). Conhecimento meteorológico. Suprema desconstrução das narrativas da verdade reduzidas a verdades da narrativa, operações de observação do tempo. P. 94

Lê-se, então, por entretenimento, fruição própria, uma leitura silenciosa que precisa ser silenciada para evitar um mal-entendido comunicacional, um ruído desagradável e injustificado. As trocas mundanas servem-se de temas menos ambíguos, futebol, política, celebridade, fait-divers, aquilo que está ao alcance de todos sem exigir afinal, da sabedoria cotidiana, arte, ciência e indústria cultural acabam por cumprir a mesma função: fazer falar. As primeiras, contudo, servem para fazer falar tribos orgulhosas da sua diferença, enquanto a última evita qualquer exclusão, exceto as do (des)gosto, servindo de passatempo até mesmo para os que as renegam oficialmente. Em breve, a questão da leitura fará parte da (pré-)história da arte, da literatura e da escrita. P. 99

O hiperespetáculo é apenas uma etapa na eterna renovação da grade social, um programa provisório de ocupação do tempo livre e de administração coletiva de imaginários sociais. P. 100

O hiperespetáculo acelera a linguagem. Se o elegante Guy Debord disse “o que é bom aparece, o que aparece é bom”, a sociedade midíocre consagra algo mais direto: a “baixaria” é o que aparece e o que aparece é “baixaria”. Se o público quer “baixaria”, por que não o satisfazer? P. 104

Com Michel Teló, o Brasil entrou, de vez, no hiperespetáculo. P. 106

Teló converteu-se no Paulo Coelho da música brasileira. Inaugurou a filosofia brasileira do hiperespetáculo: o teloísmo. Fast-food incriticável por falta de instrumentos. O lixo cultural ganhou galardões de nobreza. P. 107

A modernidade – crença na racionalidade em todas as existências do vivido – abre mão do fundamento último para sobreviver e se afirmar como pós ou hipermodernidade por deficiência: a distinção como escolha tribal. P. 120

O fim do direito autoral precede o fim do autor, que precede o fim do livro, que precede o fim da escrita, que anuncia um novo mundo de interação e produção simbólica. P. 121-122

A escrita poderia servir para inscrição em lápides, mas a tendência para as cremações matará também esse resíduo. P. 123

Dificilmente, salvo como remake, haverá feiras de livros em praças com jacarandás floridos dentro de 100 anos. P. 127

A biblioteca sobreviverá como museu, banco de dados, arquivo morto, vestígio arqueológico, backup, patrimônio cultural tombado, reserva material e bunker. P. 129

O livro impresso já não é mais do que um vinil para sempre arranhado pegando poeira em estantes de inúteis bibliotecas pessoais tão modernas como aparelhos de rádio a válvula. P. 130

[...] o hiperespetáculo é apenas um conjunto de imagens mediando pessoas sem necessidade imperativa de relação concreta, exceto comercial ou de atualização de dados. P. 131

A cultura é sempre tecnológica. Primeiro desaparecerão as distribuidoras. Depois, pela ordem, as livrarias, as editoras, o livro impresso, as bibliotecas pessoais em papel, os autores e e-book. Por fim, a escrita, que não era, como pretendiam os seus defensores, um processo cognitivo superior, mas só um sistema de transmissão e armazenamento de dados de uma tecnologia de época. P. 132
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