jota 05/02/2023BOM: crônicas engraçadas e ou irônicas de Luis Fernando Veríssimo são sempre bem-vindas entre uma e outra leitura mais pesada ou volumosaLido entre 01 e 04 de fevereiro de 2023. Avaliação da leitura: 3,8/5,0
Sexo na Cabeça e também no tronco e membros, quer dizer, esse livro é sobre sexo mas igualmente sobre outras coisas, muitas; é praticamente sobre todas as coisas humanas e algumas não. Como Veríssimo não é sexólogo, mas é brasileiro, então pode escrever sobre futebol, carnaval, música, sexo, o que quiser, sempre vendo a coisa pelo lado engraçado, irônico, humorístico e, por vezes, até mesmo filosófico. Mas sobretudo sexual, claro, como ele se propôs aqui. No que ele lembra um pouco o genial Millôr Fernandes, o melhor escritor de humor (e outras coisas) que o Brasil já teve. Que uma vez escreveu que sexo não é nada. Porque sexo é tudo.
Além disso, Sexo na Cabeça é também um livro pedagógico, sim senhores, porque sexo também se aprende (ou se ensina) não exatamente na escola, mas através de livros e da prática. Como nos livros do Dr. Murray Brown, inúmeras vezes citado no volume por conta dos inúmeros volumes que escreveu sobre o assunto e que aqui foram traduzidos por alguém com o nome de Alencar Alípio, um pseudônimo, logicamente, porque ele tinha vergonha de ver seu nome ligado a um assunto então quase tabu. Além do Dr. Brown são destacadas, noutro campo, duas musas de LFV de mais de vinte, trinta anos passados, Luana Piovani e Vera Fischer. (Lembro que li uma edição de 2002, revista e atualizada por LFV.)
Luana aparece em inúmeras crônicas, em mais do que simples citações do autor, uma verdadeira paixão de LFV. Sobre Vera ele se fixou num certo ponto de sua anatomia exibido nas páginas da antiga revista Playboy, para a qual ela posou em 1982 aos 31 anos, em plena forma. Quanto à formatação, Sexo na Cabeça traz vários textos curtos, mais de quarenta na verdade, mas aquele que penso ser o melhor de todos foi justamente o mais longo deles, A Terra Árida, cujo título remete para o conhecido poema de T. S. Eliot, A Terra Desolada. De um modo geral todas as crônicas são boas, engraçadas, umas mais outras menos, mas todas ajudam a passar o tempo não exatamente rindo, mas sorrindo um pouco. Ou nem isso, às vezes somente pensando...