Nossos Anos Verde-Oliva

Nossos Anos Verde-Oliva Roberto Ampuero




Resenhas - Nossos Anos Verde-Oliva


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Iuri 23/08/2021

A revolução cubana exposta por quem militou por ela
De forma romanceada - o autor explica o porque deste formato no texto abaixo - Roberto Ampuero, consagrado escritor Chileno, retrata, em “Nossos Anos Verde Oliva”, sua trajetória como exilado em Cuba, após sua fuga do golpe militar em seu país.

Participante do movimento estudantil em Santiago, Roberto militou em organizações socialistas que acreditavam na resistência armada até a morte.

Depois de encarar um confronto com as forças militares na sua universidade, Roberto acaba refugiando-se na Alemanha Oriental, país onde conhece a cubana Margarida, filha do General Ulises Cienfuegos, que conforme a descrição de um personagem originário de Havana :

“Foi guerrilheiro e fiscal da República – ...- Um homem temido e odiado, agora embaixador nosso em Moscou. De olhos de aço e cabelo grisalho, um vozeirão impressionante e uma vontade implacável, era a pessoa que os contrarrevolucionários mais odiavam, pois, após o triunfo do exército rebelde, na sua qualidade de fiscal da República, mandou ao paredão centenas de opositores”

Ou seja, Roberto acaba se apaixonando pela filha única de um dos homens mais temidos de Cuba. Um agente com plenos poderes para “tratar” todos aqueles identificados como “inimigos da revolução”.

Depois de um cena rocambolesca, que envolve a tentativa do casal em escapar para o Ocidente, Roberto e Margarita acabam mudando-se para Havana onde iniciam uma nova vida sob os auspícios das benesses oferecidas apenas ao funcionários e burocratas da [*****]pula do “regime igualitário”.

Porém ali, no país onde, para os sonhadores revolucionários latinos o socialismo tinha triunfado e a almejada sociedade justa tinha desabrochado, Roberto, pouco a pouco, vai conhecendo o lamentável e aterrorizante cotidiano do povo cubano.

Vendo de perto a falta de alimentos, as filas intermináveis para conseguir elementos domésticos básicos (higiene, limpeza, mantimentos, etc), a manipulação ideológica,a enganosa propaganda de massa, a perseguição política, a censura, os desaparecimentos, a vigilância opressora, Ampuero, mergulha cada vez mais seu intelecto na solidão, na insegurança e em conflitos ideológicos, éticos e humanos.

Nesta realidade, o jovem acaba vivenciando em redemoinho de situações que vão desde a humilhação emocional, profissional e política até momentos de fervor ideológico, momentos de “acreditar” – passando por situações absolutamente kafkanianas – até tudo desembocar na mais absoluta decepção e descrença com a utopia socialista.

“Nossos anos Verde Oliva” é um livro esclarecedor, corajoso, necessário.
Hoje quando vemos o que aconteceu com a aqui no Brasil (vergonha total), e quando vemos nossos “revolucionários tupiniquins” ainda a serviço de um regime arcaico sob o qual nenhum deles jamais moraria, papagaiando escrotidões socialistas (assustadoramente sem a mínima reflexão crítica) e ferozmente perseguindo – e acusando - todos aqueles que não concordam com a podridão da política cubana (e outras do gênero) – num belo exemplo de “democracia”- , o livro do Roberto surge como um oásis a contrapor toda e qualquer ditadura (seja de direita ou esquerda).
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Biblioteca Álvaro Guerra 10/03/2020

Um jovem chileno sai de seu país, em 1974, fugindo da ditadura de Augusto Pinochet e buscando refúgio no comunismo da Alemanha Oriental. Apaixona-se por Margarita, nada menos que a filha do poderoso embaixador de Fidel Castro em Moscou, o comandante Ulises Cienfuegos. Com a ajuda do embaixador, parte para Cuba, onde a revolução havia surgido da vontade das massas. Da ilha da Liberdade e longe da sombra do regime militar, o jovem espera que seu país natal recupere o caminho democrático.

Empreste esse livro na biblioteca pública.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788564065444
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Arsenio Meira 13/07/2013

Memória, Perplexidade e Reflexão

O escritor chileno Roberto Ampuero tinha vinte anos em 1973, militava nas Juventudes Comunistas do Chile – a Jota – e sua escola política tinha sido a férrea defesa do governo da Unidade Popular, liderada por Salvador Allende.

Em setembro, o golpe liderado por Augusto Pinochet liquidou seus sonhos, causou a morte de milhares de chilenos, mas ele conseguiu escapar dos fuzilamentos.

Em 1974, foi para a Alemanha Oriental. Lá, teve um relacionamento com a filha do embaixador cubano em Moscou. Era um homem forte do regime de Fidel. Tão forte, que comandou dezenas de fuzilamentos e só andava com uma penca de seguranças, armados até os dentes.

As tramas do destino o levaram para a nova e abastada vida em Havana, nos braços da filha do comandante Ulises Cienfuegos. Viveu os primeiros anos nas entranhas do regime. Aos poucos, foi vendo o que não deveria ter visto e o desencanto o levou a colecionar inimigos.

Esses anos em Cuba se transformaram em um romance autobiográfico primoroso: "Nossos anos verde-oliva."

Ao ler, me veio à lembrança a blogueira e dissidente cubana Yoani Sánchez, que enfrentou hostilidades em sua recente passagem pelo Brasil. O livro de Ampuero é uma excelente oportunidade de ver uma outra Cuba, menos fascinante e revolucionária, com seu azeitado serviço de espionagem, capaz de identificar a menor fagulha crítica, além de episódios trágicos, como a perseguição aos homossexuais, artistas, escritores.

Outro item precioso é a descrição da vida cotidiana, os personagens, os impasses, como nos trechos abaixo transcritos:

“No apartamento reinava uma austeridade extrema: cama e criado-mudo nos dormitórios, dos sofás, quatro cadeiras, televisão e uma mesa na salinha, e geladeira chinesa, forninho e um rádio Zenith na cozinha. Mais nada. Como não havia lojas de produção para o lar, os cubanos equipavam suas casas com o que herdaram dos familiares – bens adquiridos em sua grande maioria antes da revolução”.

“(…) era difícil compreender a atitude de desprendimento de um povo que vivia em uma pobreza franciscana. Também para mim era difícil entender isso, principalmente quando me lembrava da atitude dos dirigentes, empenhados em tomar posse das mansões dos antigos ricos, conseguir melhores cargos e viajar para o exterior para desfrutar do consumo proibido na ilha”.

O livro começou a ser escrito em 1981, mas as anotações iniciais são dos anos 1970, quando Cuba era um país tão misterioso quanto a Coreia do Norte, quando não havia o grande fluxo de turistas de todo o mundo e o regime controlava rigidamente a população, para identificar qualquer ação da oposição no exílio.

Pela memória de Ampuero, conhecemos personagens como Heberto Padilla, o poeta maldito, silenciado e marginalizado, “cujos poemas eram lidos em segredo pelos jovens cubanos”, que foi resgatado da prisão por uma “montanha de telegramas de intelectuais do mundo inteiro”. Foi Heberto quem convenceu Ampuero a não cair na tentação de voltar ao Chile para aderir _a luta armada e tentar derrubar Pinochet.

Enquanto relia o manuscrito, o autor se pergunta o que leva um ser humano – “melhor dizendo, o que leva tantos seres humanos a condenar uma ditadura de direita e a celebrar ao mesmo tempo uma ditadura de esquerda?”.

“Que retorcido mecanismo mental os conduz a denunciar o abuso, a tortura, a marginalização, o escárnio, o exílio, a repressão e o assassinato daqueles que pensam de modo diferente sob uma ditadura de direita, mas os faz justificar essas mesmas medidas contra aqueles que se opõem a uma ditadura de esquerda? O que leva uma pessoa a condenar um general que dirige durante 17 anos um país andino com mão de ferro e a elogiar em contrapartida um comandante que 50 anos comanda de igual modo uma ilha? Será que isso se deve à ignorância, à hipocrisia ou ao oportunismo, ou a uma lealdade mal entendida em relação a bandeiras ideológicas, à postergação da realidade diante da utopia e do individualismo em relação à massa, ou simplesmente à exacerbação extrema de nossos dias?”

No livro, a realidade sobre Cuba: “Aqui é proibido tudo aquilo que não esteja expressamente permitido, meu amigo.” (

(Gostaria de ver o escritor e pseudo esquerdista Fernando Moraes, autor de Olga e Chatô, debater tal assunto com Ampuero. Moraes é um ferrenho defensor de Cuba, um louco, totalmente desprovido do mais elementar bom senso no tocante ao assunto.)

Mesmo proibido em Cuba, o romance continua circulando em bibliotecas independentes, por meio de engenhosas listas de espera.

Desde a publicação do livro, em 1999, Roberto Ampuero está proibido de entrar em Cuba. Ele narra esta covardia:

“É uma represália dolorosa, pois me impede de ir à terra onde passei uma etapa decisiva de minha juventude, onde tenho amigos, familiares e colegas, onde palpitam raízes de minha criação literária, e que continuam habitando parte de minha memória. É uma represália cruel, que me impede de voltar a um país que aprendi a amar e do qual, como seria de esperar, sinto saudades. Uma represália que me une à diáspora de milhões de cubanos que perambulam pelo planeta privados de sua pátria."

Sem meias palavras. É um livro emocionante. As 486 páginas nos levam do sonho à ilusão, da perplexidade à reflexão. A memória, neste caso, se tornou um campo fértil para a grande literatura.
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Antonio Nunes 30/04/2013

Recomendado para comunistas
Narra a história do autor que foge do golpe do Chile de Pinochet e acaba exilado na Cuba de Fidel.
A frase emblemática do livro: Não existe nada mais parecido a uma ditadura de direita do que uma ditadura de esquerda.
Recomendado para comunistas porque mostra a ilha de Fidel Castro (literalmente) por dentro. Através de alguém que foi para lá acreditando na construção do socialismo e acaba caindo na realidade que, após a tomada do poder, o totalitarismo é o mesmo independente de matiz ideológica.
Narrativa na primeira pessoa.
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