Albert 21/07/2016
As memórias de uma brava mulher
O leitor dever ser prudente e não esperar uma obra completa sobre a tragédia do Titanic. Trata-se de um manuscrito feito pela Violet Jessop – comissária de bordo – e sua carreira marítima com introdução, edição e comentário de John Maxtone-Graham.
A autobiografia narra a história dessa valente mulher desde o nascimento, a infância difícil – terríveis problemas de saúde –, as duas situações de perigo nos naufrágios do Titanic e Britannic e ainda um amor não correspondido. Esta brava mulher serviu ainda como enfermeira de guerra. Jessop conta sua vida com uma narrativa bem desenvolvida, agradável e fluida. Difícil o leitor não se sensibilizar com os percalços que a autora superou. No início, o leitor não terá pressa em chegar no principal capítulo – o afundamento do Titanic – visto que ela consegue entreter bem o leitor. A autora nos mostra também o contexto da vida e a carreira das comissárias de bordo da época. Já nos trechos do afundamento do navios, é o melhor do livro. Jessop conta tudo o que viu narrado por suas próprias palavras.
Alguns capítulos o editor faz um breve comentário visando confrontar fatos estudados com o que ela diz. Nos trechos finais após os desastres, a autora conta detalhes de sua vida e carreira profissional como as viagens, as amizades dentro e fora do navio e o trabalho em escritórios prestes a se aposentar. Neste ponto a leitura torna-se um pouco monótono, nada há de interessante e Jessop apenas narra fatos rotineiros e sem grande impacto junto ao leitor.
Sobrevivente do Titanic é um bom livro, mas peca pelas poucas páginas focando o desastre do Titanic – trinta e sete páginas para ser exato. Não é um livro que enfatiza o navio e seus detalhes e a tragédia, mas as memórias narrando a vida e a carreira de uma mulher comissária de bordo, e quis o destino que ela estivesse a bordo nos dois navios mundialmente conhecidos para que a tragédia ocupasse apenas uma pequena parte do livro.