Lopes 17/11/2017
Uma questão dentária?
"Dentes Brancos", de Zadie Smith marca, como já bem discutido, uma estreia glamourosa, estilosa e consciente. As personagens são visualizadas de uma forma integral pelo leitor. Esse integral - calma -, diz respeito aquela tal essência do "eu" como leitor ao ler os mecanismos internos destas personagens, não quer dizer que o todo é lido, mas sentido. Smith não julga cada personagem, mas avança cada história de uma forma quase única, mesmo num universo comum, as particularidades são quase preservadas - diferente de sua última obra lançada aqui, "NW". Percebemos uma escrita arejada naquela atmosfera inebriante de grandes autores ingleses, entretanto, Zadie vai além, parece 'contemporaneizar' essa estrutura ao relativizar as histórias que só podem ser consolidadas neste século, algo conclusivo a partir do anterior. Os assuntos são comuns aos leitores de obras contemporâneas, e também os de obras clássicas, e nesse sentido que podemos olhar essa obra como algo misto, grande no sentido ficcional, cria e recria horizontes, desde algo biográfico, como algo sensorial, do que existe é fala, que consente sem acenar. Brutal em uma comédia, num sentido paralelo, quase em extremos, já que a violência é retraída - e ainda grande - pela máxima do riso literário. Uma saudação ao que é fictício e real, a mistura cordial e viva, sem exageros.