Marselle Urman 17/08/2023
Previsível, mas ainda bom.
Um daqueles livros que se lê pelo passeio, não pelo destino. Toru é um rapaz em transição da adolescência para a vida adulta, e narra o livro.
Temos um close mais íntimo da vida dos jovens de quarenta anos atrás no Japão. Suas experiências sociais um tanto alienígenas para os ocidentais, suas reflexões, sempre dotadas de peso. Uma tendência da juventude para a depressão, excesso de cobrança, preocupação excessiva com certas futilidades - embora o protagonista fuja à regra, ainda assim ele se vê preso entre o peso do que considera um dever e uma atração para a "liberdade" muito gradual. Tudo é muito pensado, lento e processado.
Reiko foi minha personagem favorita, e gostei muito de sua carta quando responde a um Toru dividido entre dois amores.
Naoko. Depressiva e possivelmente esquizofrênica, fechada em seu mundo. Envolta na aura de mistério e atração, algo como uma fada distante, e um vínculo inquebrável com uma pessoa amada que partiu. Ela representa a melancolia, o intangível, e a morte.
Midori: franca, divertida, atrapalhada, meio mentirosa. Amiga de conversas aleatórias. Pouco atraente, muito distrativa. Ela representa o riso, a surpresa, a intimidade fácil, e a vida.
É um livro cheio de reflexões pessoais e escrito de maneira sensível, mas não posso dar nota maior porque nada aqui vai ficar na minha memória, creio.
Ainda assim, vale ler - desde que você, diferente de mim, não fique com Beatles tocando dentro da cabeça toda vez que olhar a capa do livro.
SP, 15/08/23