Vadios e Ciganos, Heréticos e Bruxas

Vadios e Ciganos, Heréticos e Bruxas Geraldo Pieroni




Resenhas - Vadios e Ciganos, Heréticos e Bruxas


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Clio0 27/06/2020

Uma boa introdução para a história dos degredados durante a colonização brasileira.

Eu recomendaria para qualquer um que esteja cursando o primeiro ano do curso de História, pois o autor não oferece nenhuma proposta de lambuja. Em seu lugar, ele faz algumas indagações e permeia o texto com várias análises de caso.

É uma escrita simples, mas pode dificultar para os leigos - a obra é uma pesquisa historiográfica, não um chamariz narrativo.
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Andreia Santana 29/05/2011

A história do degredo... para quase iniciados
Amantes de História – meu caso – vão se deleitar com Vadios e Ciganos, Heréticos e Bruxas – Os degredados no Brasil Colônia. Mas amantes de histórias – meu caso também -, podem se decepcionar se a expectativa for uma narrativa quase mítica em torno da epopéia dos expatriados que, a contragosto, ajudaram a colonizar o Brasil.

Se a referência do leitor é o texto leve e irônico de um Eduardo Bueno da vida, melhor esquecer. Geraldo Pieroni é um historiador e o livro deriva de sua tese de doutorado. Embora com linguagem simplificada, e de fácil assimilação - sem academicismo metido a besta -, é leitura no mínimo, para quem curtiu muito as aulas de História no ensino médio. Sendo que alguns trechos realmente falam mais ao coração dos pesquisadores profissionais. Quem não gosta dessa perspectiva científica e prefere as anedotas históricas, melhor ficar com o estilo de Bueno, autor de quem também gosto, dentro do seu nicho, vale ressaltar.

Pieroni escreve com fluidez e boa cadência narrativa, mas não consegue deixar de ser didático e nesse sentido o livro é maravilhoso e serve tanto como recurso complementar na escola como para historiadores amadores ou profissionais. Mas, o leitor em busca de aventura, não se sente seduzido a também singrar os mares na companhia dos homens e mulheres que foram condenados ao desterro desse lado do Atlântico. Em alguns momentos, o texto torna-se enfadonho pela necessidade de descrições mais acadêmicas. Mesmo quando narra trechos das vidas de alguns degredados, o autor não avança além do relato dos fatos, como um professor faria em sala de aula, sem aquela pincelada romanesca que o tema sugere.

Lógico que, não se trata de romance, e sim de um livro sobre um aspecto ainda pouco explorado da História do Brasil e que rende bastante pano para a manga. Outro trunfo da obra é justamente esse, o autor resgatou todo um grupo de indivíduos que ao longo da história do país foi mal compreendido e pior ainda descrito. Nesse sentido, o livro é importantíssimo para desmentir velhos tabus que atribuem toda sorte de desgraças sociais do Brasil de agora aos degredados enviados para cá por crimes muitas vezes ridículos e que hoje não renderiam nem uma multa de trânsito, que dirá uma punição tão severa quanto o degredo.

Bacana também que ele mostra os conchavos e interesses políticos e econômicos da coroa portuguesa por trás da imposição das penas de degredo, principalmente para certas famílias mais abastadas, como as de cristãos-novos (judeus convertidos ao catolicismo) e que eram desterrados sob acusação de manter as antigas práticas. Os bens das famílias, claro, não cruzavam o oceano com elas.

Mas, depois de ler O português que nos pariu, de Angela Dutra de Menezes, igualmente sério no seu teor histórico-documental, mas deliciosamente leve na forma, Vadios e Ciganos decepciona um pouco pela irregularidade: quando a leitura embala, lá vem uma certa sisudez cortar o barato. Isso fica claro logo na Introdução, quando o autor começa a descrever o processo no Santo Ofício de uma degredada chamada Maria Seixas, acusada de bruxaria e invocação ao demônio. O leitor automaticamente se transporta para o Portugal medieval, mas quando começa a entrar na pele de Maria Seixas, a magia se dilui.

Pessoalmente, prefiro que a História seja contada com toda a seriedade documental e de pesquisa que Pieroni dá ao seu livro, mas que esse conhecimento me seja transmitido quase que como num conto saído das Mil e Uma Noites, ou num sarau ao pé da fogueira. Mas aí, é questão de preferência pessoal.
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Janaina Vieira - Escritora 12/05/2020

Os degredados no Brasil
Um excelente livro, principalmente porque apresenta fatos históricos incontestáveis. Desde 1555, ou seja, 55 anos após o descobrimento, na tentativa de limpar a sociedade e livrá-la dos que eram indesejáveis, Portugal começou a enviar para o Brasil uma infinidade de condenados pelos mais diversos crimes: roubo, assassinato, bruxaria, sodomia, perjúrio etc. Porém, entre esses grupos havia também aqueles que eram inocentes. Quando eram condenadas sob falsas acusações, essas pessoas tinham apenas uma opção: "confessar" seus crimes para, assim, poderem escapar da pena de morte. As práticas de tortura, inclusive, ajudaram muito que as "confissões" acontecessem. Apesar disso, no entanto, o degredo para as colônias portuguesas muitas vezes era considerado uma espécie de libertação. As penas variavam de acordo com os crimes. Alguns recebiam pena de 3 anos, outros de 5 anos e havia também a condenação à prisão perpétua. Essas pessoas nunca mais poderiam rever sua pátria — Portugal —, sua família e amigos. Além disso, quando eram presos em Portugal para serem julgados, confiscavam-se todos seus bens, de modo que, quando chegavam ao Brasil, eles não tinham um centavo sequer no bolso.

Muitos voltavam para Portugal após cumprirem a pena, mas muitos outros aqui permaneciam, por ser a colônia uma terra imensa e, de certo modo, ainda livre de policiamento e controle intensivo. Havia também os que fugiam e nunca mais eram encontrados. Assim, muitas famílias brasileiras têm em sua origem, ainda que não saibam disso, um degredado em sua árvore genealógica.

A pergunta que fica após a leitura do livro é: o quanto fomos influenciados em nossa cultura e caráter por esse fato histórico?

Um ótimo livro, recomendo muito para quem gosta do assunto!
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Miriam.Cavadas 26/02/2022

Bom
Gostei, leitura fácil, que flui gostoso, e dá um bom panorama geral do sistema de degredo e da vida dos degredados
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