Robson 26/11/2013Cativante, assustador e impossivel de não amar!Certos livros possuem o poder de fazer com você se torne o personagem, de fazer com que você sinta e pense tudo que ele pensa. É como se o livro saltasse das folhas de papel e você não mais vivesse neste mundo preto e branco chamado Terra, mas sim no mundo criado por uma pessoa semelhante a você. Há inúmeros livros com essa qualidade mundo a fora, mas hoje vamos conversar sobre apenas um: Solitária – Fuga de Furnace #2.
“Aquele espaço era um tipo totalmente diferente de tortura, infinitamente mais lenta e mais aterrorizante. O buraco não precisava de monstros para realizar seu trabalho sujo; ali não havia utilidade para a brutalidade dos ternos-preto e de seus cães de olhos prateados, ou Ofegantes com seringas imundas.
Não, tudo que era necessário ali era eu – e meu incomparável pânico. Por que sozinho, no silêncio da escuridão impenetrável, sabia que meus pensamentos me enlouqueceriam. Minha própria mente me mataria.”
Em “Encarcerados” fui apresentado a uma narrativa extremamente bem construída e explicativa, isso sem contar a tensão e emoção passadas através dela. Em “Solitária” essa narrativa volta ainda melhor, com uma estruturação que chega a surpreender facilmente até o crítico mais chato do universo combinada com a tensão psicológica de Alex e todos aqueles que o rodeiam. Tudo aquilo foi apresentado no primeiro, o horror, a tensão e até mesmo a ditadura presente na prisão, voltou de maneira mais intensa e bem elaborada.
Alexander deixa um pouco de lado a parte explicativa (muito bem utilizada no primeiro livro) neste segundo livro, dando mais abertura para que o lado emocional e racional de Alex sejam mais explorados. Isso acaba tornando o livro um pouco mais obscuro, possibilitando a formação de teorias sobre o que pode vir a seguir. Alexander constantemente nos submete ao processo de enlouquecimento de Alex, através de suas reflexões sobre tudo aquilo que ocorre ao seu redor e a tentativa incessante de fuga. Eu admiro o autor por ter esse poder, o poder de nos conectar com seu personagem e nos proporcionar uma visão profunda do que está ocorrendo com ele e através disto, sentir o que o personagem está sentindo.
“Quando vocês está apavorado - e com isso quero dizer realmente apavorado, não apenas com medo por ter escutado um ruído à noite ou de encarar alguém com o dobro do seu tamanho que quer joga-lo no chão -, parece que a própria escuridão corre em suas veias. É como se uma água escura tão fria quanto o gelo se infiltrasse em seu corpo. Onde antes costumavam estar seu sangue e sua essência, extraindo todos os outros sentimentos de você, enquanto o consome dos pés à cabeça. Você fica oco por dentro.”
Os personagens apresentam uma grande evolução, se tornando mais fortes e destemidos, além de apresentarem um resquício de melancolia. É possível notar o mínio desenvolvimento de cada um, o pouco que eles aprendem com as situações nas quais são submetidos. Desde o inicio da série Alex tem se mostrado um dos melhores protagonistas que eu já tive a oportunidade de ler, o garoto sabe bem quais seus objetivos, é leal e não apresenta nenhuma frescura.
Posso dizer, sem medo, que Alexander Gordon Smith não tem um pingo de dó de Alex. Está ficando cada vez mais óbvio que o personagem está tendo seu psicológico deteriorado e mesmo assim continua lutando para que possa ajudar seus amigos e a si mesmo. Isso acaba ajudando um pouco Alex a enxergar o que realmente está ocorrendo a sua volta e até mesmo a criar novas soluções para o seu problema.
Uma coisa que eu sinto em informar-lhes: Não se apegue aos personagens. Alexander é um assassino de carteirinha, daqueles que matam sem dó e principalmente quando você está começando a se apaixonar pelo tal personagem. Tive meu coração destruído em vários momentos ao ler “Solitária” e por isso acabei ficando um pouco abalado (sim, a loucura de Alex contagia), mas fui forte, fiquei de luto e segui em frente junto com Alex.
Mais uma vez a adrenalina tomou conta de mim do começo ao fim, mas no final tudo se tornou mais intenso e assustador. Eu fiquei sem reações ao ler as cenas finais de “Solitária”, eu estava com medo de que aquilo que aparentava estar acontecendo, de fato estivesse. Eu realmente não sei, mas Alexander gosta de brincar com os sentimentos de seus leitores e mais uma vez deixou um cliffhanger de deixar qualquer um de cabelo em pé e capaz de fazer qualquer coisa para ter o próximo livro em mãos. O que será que vai acontecer com Alex? Qual vai ser a próxima vitima de Furnace? Essas são algumas perguntas que ficaram no ar após o final inesperado de “Solitária”.
“Assim como o tempo perdera o significado, a realidade e a sanidade também. E, quando tudo o mais é arrancado de você, é você que passa a não ter mais significado. Você simplesmente deixa de existir.”
E agora Robs, eu ainda não li o primeiro, devo ler a série?
Isso é pergunta que se faça? Vá ler a série logo!
Se você já leu o primeiro e estava com duvidas quanto dar continuidade à série, eu sugiro que você dê um jeitinho de ler logo, pois esse segundo livro é ainda melhor do que o primeiro!
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http://www.perdidoempalavras.com/2013/11/resenha-solitaria.html