Dani 10/03/2016Morte Na Flip, Paulo LevyAmbientado na pequena cidade Palmyra, em São Paulo, durante a FLIP, um grande evento i
nternacional literário, Morte na Flip traz como protagonista o delegado Joaquim Dornelas. A FLIP é um evento que agita muito as ruas e estabelecimentos daquela pequena cidade, já inspirando no delegado o ar de confusão para vir.
E a intuição de Dornelas não falha: após a sensação de estranhamento em uma noite, ao avistar um barco, surge o que ele temia; um crime envolvendo uma estrangeira.
Junto à sua equipe e sua namorada Dulce Neves, legista, Joaquim Dornelas busca a solução para aquele assassinato.
Este é um livro que tenho já há bastante tempo mas que, infelizmente, nunca conseguia passar da página 50. Sempre que o pegava, não conseguia me prender à leitura nem aos acontecimentos. Alguns meses depois, decidi ser insistente e retomar a leitura, uma vez que o livro estava em minha meta para este ano. Mais uma vez, o começo não me prendeu muito, mas fui persistente e continuei a leitura, e não me arrependi.
Adoro estórias policiais e, assim que o enredo foi bem definido, comecei a me sentir curiosa e instigada. A forma como o crime é solucionado, com o autor buscando envolver o leitor e deixá-lo por dentro de cada pista e evidência aumenta este sentimento de instigação. Muitas vezes são apresentadas hipóteses, espalhando os fatos, nos permitindo analisar junto ao personagem e buscar um culpado.
Acompanhar a investigação foi realmente ótimo, e me prendeu muito. Estava ávida para que tudo fosse desvendado logo, mostrando as motivações por trás do assassinato. [Desculpe se for spoiler] Infelizmente, o livro me decepcionou quando aconteceu algo que, para mim, é uma das piores coisas em um policial: quem o livro apontou como culpado era realmente o culpado no final. No começo do livro, suspeitei de uma pessoa, depois o livro apontou para esta pessoa, me levando a pensar que ela não seria a culpada (afinal, sempre costumo ir na direção contrária de livros policiais, é o mais lógico pois geralmente o autor entrega o culpado somente no desfecho). Depois foram surgindo evidências que apontaram para outras pessoas, perto do fim e eu, mais uma vez, esperei pelo momento em que mostraria que, na verdade, não era nada daquilo e eu me surpreenderia. Mas não aconteceu. Fiquei muito desanimada com isso, pois eu esperava uma reviravolta chocante e apenas acabou morno. A única coisa que me surpreendeu, na verdade, foi a motivação do crime. [Desculpe se for spoiler/]
Joaquim Dornelas é uma grande personalidade, que foi bem trabalhada pela narrativa em terceira pessoa. É um homem inteligente, com um raciocínio brilhante, dono de hábitos bem curiosos. Apesar de o foco do livro estar na investigação, é bem mostrada sua vida, sua história.
Por outro lado, este enfoque em outros elementos além do enredo se mostrou um pouco cansativo, até mesmo chatinho, em algumas partes. Algumas coisas poderiam ser perfeitamente deletadas, pois não faziam diferença alguma, apenas deixavam a estória empacada em alguns momentos. Outra coisa que deixou bem cansativas algumas partes foram os inúmeros trechos onde o autor usou a figura de linguagem comparação. Claro que uma aqui e ali deixa o texto bem leve, ou poético dependendo do contexto, mas encontrei umas três passagens na mesma página, ficou repetitivo.
Mesmo assim, apesar dos pontos negativos, é um bom livro com uma narrativa e um mistério que prende o leitor. Faltaram reviravoltas surpreendentes e cenas de tensão, o final ficou meio morno, mas não é uma leitura que eu tenha me arrependido. É interessante, além disso, por mostrar um pouco do trabalho de delegados, legistas e investigadores.
Morte na Flip é o segundo livro com o personagem Joaquim Dornelas mas, mesmo sem ter lido o primeiro, Réquiem Para um Assassino, não fiquei perdida em nenhum momento, pois este livro explora bem cada detalhe, de forma que conheci Dornelas por esta estória sem furo algum.
Sobre a série~
Morte na Flip é o segundo livro com as aventuras do personagem Joaquim Dornelas. O primeiro, Réquiem para um Assassino, foi publicado em 2011, também pela editora Bússola.
Sinopse: Parecia uma manhã como outra qualquer na pequena Palmyra, uma cidade histórica no litoral do Rio de Janeiro. A caminho do trabalho, o delegado Joaquim Dornelas se espanta com um movimento incomum nas ruas. Diante da Igreja de Santa Teresa e da Antiga Cadeia, no Centro Histórico, uma multidão observa o corpo de um homem atolado na lama seca do canal. Ninguém sabe como o corpo foi parar lá. Não há sinais de arrasto, marcas de barco, violência, ferimentos, nada. Apenas um band-aid na dobra interna do braço esquerdo. Abandonado pela mulher e longe dos filhos, o delegado Dornelas, um tipo humano, amante de cachaça e de mingau de farinha láctea, se envolve de corpo e alma no caso em busca de salvação. Sem aviso, a irmã do morto e um vereador poderoso aparecem para dar informações importantes sobre o que se tornaria um caso de dimensões bem maiores do que Dornelas poderia imaginar. Aos poucos se revela uma complexa teia de interesses envolvendo a política, o tráfico de drogas, a prostituição e a comunidade local de pescadores. A intuição aguçada, a cultura e o conhecimento das forças que movem a natureza humana permitem ao delegado Joaquim Dornelas se mover habilmente pelo emaranhado de fatos e versões que a trama apresenta. O que a princípio seria mais uma investigação na sua carreira, se torna para o delegado uma jornada de transformação pessoal.
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http://danielabyrinth.blogspot.com.br/2015/09/resenha-morte-na-flip-paulo-levy.html