Vasto mar de Sargaços

Vasto mar de Sargaços Jean Rhys




Resenhas - Vasto Mar de Sargaços


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Valéria Cristina 22/03/2024

Colonização
Vasto mar de sargaços se inspira na história da ‘louca do sótão’ – Bertha -, a infeliz primeira mulher do senhor Rochester, personagem de Jane Eire. Aqui, a narrativa se alterna entre a Jamaica e a Martinica, apresentando ao leitor Antoinette que nasce no seio de uma cultura cheia de tensões e fraturas que evidencia o choque entre colonizador e colonizado.

Em uma paisagem deslumbrante, observa-se essa cultura na qual imperam as mazelas deixadas pelo processo de escravização e onde predomina a exploração da mão de obra das pessoas locais e a não-aceitação de suas línguas, costumes, crenças. O caribenho (escravizado ou ex-escravizado) e seus descendentes foram sempre considerados ‘selvagens’, ‘incultos e bárbaros’, aqueles que precisavam de ser ‘civilizados’ pelo europeu cristão.

O choque cultural se intensifica quando a protagonista, após situações traumáticas, se casa com um inglês. As diferentes visões de mundo entre o casal fazem com que a relação se deteriore. Tristeza e decepção levam Antoinette um processo de derrocada física e emocional que se intensifica com a partida para a Inglaterra.

Essa é uma leitura que incomoda, uma vez que evidencia a posição da mulher em uma sociedade patriarcal, na qual o homem branco é quem decide a vida de todos.

Jean Rhys é o pseudônimo literário de Ella Gwendolen Rees Williams Roseau, romancista e novelista dominiquesa, de Dominica uma ilha caraibenha da primeira metade do século XIX.
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Caroline Vital 30/10/2023

Lido em 2019
Simplesmente incrível. Talvez melhor do que Jane Eyre!? Muito incômodo, faz tudo fazer sentido em Jane Eyre.
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MarcosQz 20/07/2023

Confesso que li Vasto mar de sargaços mais por curiosidade, achei interessante conhecer a história de Bertha, Antoinette na verdade.
Bertha é a mulher louca, a mulher que foi silenciada por seu marido, e também roubada, apesar do costume da época do marido ser dono de tudo o que pertence à sua esposa. Mas a cultura de Bertha também é roubada, ela se vê num lugar que não conhece, numa casa que não é sua. A história de Bertha é uma história de dor, como se uma maldição acompanhasse sua família.
Bertha é a mulher do Sr. Rochester, o mesmo de Jane Eyre e é interessante conhecer o outro lado dele, o lado jovem e irresponsável, egoísta e ver onde tudo isso o levou através da história de Bronte.
Vasto mar de sargaços é quase uma denúncia.
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Karen 17/10/2022

Dá pra dizer que houve um exposed do Rochester aqui
"Eu vi o ódio abandonar os olhos dela. Eu o forcei a sair. E, junto com o ódio, a beleza dela. Ela era apenas um fantasma. Um fantasma no dia cinzento. Nada mais restava além de desesperança,
- Diga morra e eu morrerei. Diga morra e me veja morrer".

Esse livro só serviu pra aumentar a raiva que eu sentia do Rochester e também para gostar um pouco menos da narrativa de Jane Eyre. Duzentos anos antes e já existia o discurso sexista de que louca é a ex. Pobre, Antoinette.
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Vinder 08/10/2022

Bom livro, que fica melhor se for lido em sequência ao Jane Eyre, da Charlotte Brontë, já que « vasto mar de sargaços » conta a história de uma personagem secundária de Jane Eyre, mas com olhar crítico, principalmente em relação a preconceito e colonialismo.
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Jennifer l.w 18/11/2021

Uma releitura de Jane Eyre onde a história sagaz da chamada "louca do sótão" é contada, abordando o choque de culturas entre o Império Britânico e a cultura local dos povos submetidos a colonização.
O romance dá voz à uma caribenha vivendo na Inglaterra durante a era vitoriana, onde tem sua identidade tomada de si, assim como sua liberdade.
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Andreia Santana 13/06/2021

Um outro olhar sobre os bastidores de Jane Eire
Vasto mar de sargaços conta a história da ‘louca do sótão’, a infeliz primeira mulher do abusivo senhor Rochester. Os acontecimentos são anteriores aos narrados em Jane Eire e dão outra perspectiva para a história de Charlotte, uma inclusive que os leitores do século XXI entendem muito melhor do que aqueles dos tempos das irmãs Brontë.

Hoje, embora ainda ocorram muitos casos, as relações abusivas, os maridos tóxicos e o estupro marital já não são tolerados socialmente como eram no século XIX e nem estão mais encobertos por um véu de normalidade ditado por costumes machistas e puritanos e pelos tabus religiosos que pregam a submissão da mulher. Os tabus ainda existem, mas felizmente caem em descrédito geração após geração.

Jean Rhys parte da própria realidade como mulher caribenha nascida no final do século XIX (1890, precisamente), nas Antilhas, para criar uma vida anterior que, de certa forma explica – mas não justifica – os infortúnios sofridos por Antoinette, a prisioneira de Rochester, a quem ele destitui dos bens e até do próprio nome, chamando-a contra sua vontade de Bertha.

Vale lembrar que uma das estratégias de apagamento da personalidade de alguém, uma das formas de desumanizar uma pessoa, é privá-la de sua identidade e de suas origens. Era o que os antigos senhores de escravos faziam ao capturar os moradores dos reinos africanos para serem explorados nas lavouras das Antilhas ou das Américas.

Além da dor do próprio processo de escravização, os brancos que exploravam a mão de obra dessas pessoas não entendiam e nem aceitavam suas línguas, costumes, crenças. O escravizado, ex-escravizado e seus descendentes eram sempre os ‘selvagens’, ‘incultos e bárbaros’ que precisavam ser ‘civilizados’ pelo europeu cristão.

Antoinette nasce no seio dessa cultura cheia de tensões e fraturas, o que ela têm em comum com a própria Jean Rhys, considerada na juventude ‘a bela imigrante exótica’ do Caribe que se muda para a Inglaterra e precisa se encaixar na cultura britânica que rejeitava até o seu ‘sotaque das ilhas’.

Nesse pequeno livro de menos de 200 páginas, mas um grandioso romance (é considerado a obra-prima da autora), Rhys – que o publicou em 1966, mas trabalhava na ideia desde os anos 20, quando leu Jane Eire e ficou perplexa e fascinada pela mulher confinada na mansão de Rochester – descreve tanto os bastidores de um casamento abusivo e tóxico, com um marido machista, obcecado, ciumento e racista; quanto fala das conflituosas relações entre as antigas colônias e suas metrópoles, ou melhor, dos países invadidos com os seus exploradores de outrora.

O cenário se alterna entre a Jamaica, a Martinica e as ilhas vizinhas e uma Inglaterra tanto assustadora (o período é a Era Vitoriana e, nas ilhas, pouco anos depois do fim da escravidão) quanto idealizada.

Todas as mazelas herdadas do período colonial costuram as entrelinhas de Vasto mar de sargaços. Das dificuldades econômicas das antigas colônias, que por séculos foram expropriadas de suas riquezas naturais, aos problemas de formação social e política de países que nasceram a partir da exploração da mão de obra escrava.

Corrupção, revolta, perversidade, loucura e abandono são algumas das nefastas heranças do colonialismo estampadas nas páginas do livro de Jean Rhys.

Esse não é um daqueles romances de final edificante como o próprio Jane Eire, mas um relato contundente, doloroso e triste da condição da mulher na sociedade patriarcal, da situação precária dos pretos e pretas no pós-abolição, das cicatrizes eternamente abertas do colonialismo e da diáspora africana; e do não-lugar das crianças mestiças, muitas delas filhas ao mesmo tempo da resistência e da opressão de suas mães e avós…

O exemplar que eu li:

Um amigo jornalista e editor de livros me falou deste romance depois que postei a resenha de Jane Eire. Confiando na dica preciosa de um leitor sensível, comprei o livro em janeiro deste ano, pela internet. Foi uma das melhores aquisições literárias de 2021 até agora.

Ficha Técnica:

Vasto mar de sargaços

Título original: Wide Sargasso Sea

Autora: Jean Rhys

Tradução: Lea Viveiros de Castro

Editora: Rocco

192 páginas

Preço: de R$ 11,00 a R$ 20,90*

*Pesquisado na Estante Virtual, Amazon e Americanas em 13/06/2021

P.S.: Para saber mais sobre a autora e o livro, leia artigo do crítico e roteirista Leonardo Peterson Lamba no site da Rocco: encurtador.com.br/hosJP

P.S2.: Postei esse pequeno comentário sobre o livro também no perfil do Instagram (@blogmardehistorias).

P.S3.: De certa forma, foi uma leitura complementar não apenas ao clássico Jane Eire, como também a Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves. Os três livros protagonizados por mulheres e ambientados na mesma época, o século XIX, dão um panorama rico da condição feminina na sociedade do período. Seja na Inglaterra, nas Antilhas ou no Brasil, a dor das mulheres tem muitos pontos de contato…

P.S4.: Existem ao menos duas adaptações para o audiovisual de Vasto mar de sargaços, uma para o cinema, de 1993, que no Brasil recebeu o cafona e piegas nome de Mar de desejos; e uma para a TV, de 2006, da BBC britânica. Nessa minissérie, Antoinette é vivida pela ótima Rebecca Hall.

site: https://mardehistorias.wordpress.com/
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Mary 01/05/2021

Um vasto mar e um coração em pedaços...
Este é um ótimo livro, se você ler de forma avulsa... Agora, se você pegá-lo depois de já ter lido Jane Eyre, ele se torna um livro especial.

É um livro bonito e cuidadoso. Enquanto está lendo, você percebe porque a autora demorou quase duas décadas pra escrever: foi o projeto de vida de uma fã indignada.

A figura da Bertha em Jane Eyre me causava fascinação e o Vasto Mar de Sargaços me levou pra além disso. É de uma beleza delicada envolta de uma inocência embaçada: Aintonette perde tudo, inclusive a própria identidade, quando perde o nome. Uma vida lhe foi imposta enquanto a sua foi roubada de forma abrupta e cruel (eu consegui odiar ainda mais o Mr. Rochester aqui).

Este livro torna um final trágico já conhecido em um final fisicamente doloroso. Ele fez jus à personagem de Jane Eyre que parecia apenas um elemento para alavancar a narrativa. Aqui, ela tem sentimentos, ela tem um passado, ela tem uma história.

Um livro imprescindível para quem gostou de Jane Eyre. Ele se sustenta sozinho, apesar de brilhar mais ainda na sombra da Charlotte Bronte.
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Gisele 28/03/2021

Vasto Mar de Sargaços - Jean Rhys
O livro narra a história da personagem de outro livro (Jane Eyre - Charlotte Brontë) e traz reflexões sobre silenciamento das mulheres e o rótulo de "louca".

Escolhi esse livro para minha meta de leitura para 2021, que é ler um livro de cada país do continente americano. Foi a escolha para Dominica.
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Stefânea 06/03/2021

Eu não estou acostumada a ser feliz.
Acho que alguns livros simplesmente já nascem geniais. O que Jean Rhys entregou nesse enredo foi de tanta qualidade que é até difícil falar.

Com certeza é uma história meio sem sentido para quem não leu Jane Eyre e não conhece a louca do sótão, porém não acho que esse livrinho deva ser reduzido apenas a isso.

Aqui encontrei uma história de dor. Uma dor quase palpável. A dor de uma garota que viu sua vida ser destruída por consequência de erros cometidos por muitos antes dela.

Apesar de amar a escrita, demorei um pouco para engatar, mas quando vi já estava presa nessa escrita triste mas envolvente.
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Carla Verçoza 22/02/2021

Livro bem interessante
Vasto Mar de Sargaços cria uma história sobre uma personagem do romance Jane Eyre, a chamada louca do sótão, Bertha. Foi a primeira esposa do Sr. Rochester, tratada como louca e trancafiada no sótão da casa.
Considero interessante que o leitor já tenha lido Jane Eyre, pois existem várias referências no livro.
O livro fala de Bertha, mulher caribenha, que como todas as mulheres da época viviam subjugadas à vontade masculina. Antes de casarem, submissas ao pai, e após o casamento se tornam propriedade do marido, sem direito ao próprio dinheiro e liberdade.
Quando se tornou um incômodo para o marido, foi trancada no sótão e escondida do mundo, sem direito nem à ver a própria imagem em espelhos. O marido ficou com o dinheiro dela e seguiu com sua vida tranquilamente, como se fosse solteiro/viúvo. Louca ou não, é a grande vítima dessa história, que em Jane Eyre até trata o Sr. como um homem bondoso.
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Livros trechos e trecos 20/02/2021

Eu já tinha uns sentimentos conflitantes em relação ao Sr Rochester e a própria Jane, e toda a situação da Bertha já era bem incomoda mesmo com todos os argumentos que ele usou para se justificar.
Agora, depois de ler a história (não oficial) de Antoinette, ah! agora eu preciso virar a lombada de Jane Eyre ao contrário, pois estou bem irritada com você Sr Rochester!!!!!

Vasto mar de sargaços pode ter sido escrito pela Rhys e não pela Charlotte, mas esse Sr Rochester sem nome me convenceu. Para mim, ele passa bem como um jovem Sr Rochester!

Essa personagem merecia uma história própria e acho que a Rhys fez um bom trabalho ao nos dar um passado, uma vida para "Bertha". A esposa "louca", que como muitas esposas loucas do passado, não eram tão insanas assim..
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"odiava sua beleza e sua magia e o segredo que eu jamais iria desvendar. Odiava sua indiferença e sua crueldade que fazia parte de sua beleza. Acima de tudo, eu a odiava. Porque ela pertencia à magia e à beleza. Ela me deixara com sede, e toda minha vida eu teria sede e sentiria saudade do que tinha perdido antes mesmo de encontrar."
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Rafael1146 18/02/2021

Leia Jane Eyre antes
Acho que o meu maior problema com o livro, inicialmente, foi a falta de empatia com os personagens, quais eu não conseguia me conectar. Entretanto, após as 50 ou 60 páginas, fui em busca de informações sobre a autora só pra então entender que Vasto mar de sargaços, considerada sua obra prima, é um tipo de prelúdio de uma personagem secundária de Jane Eyre. Tendo isso em mente, e entendido o mínimo sobre a personagem do outro romance, o livro bateu forte. A questão racial pós-colonização, como o papel da mulher na sociedade devia ser visto, gaslighting... Se as primeiras 50 páginas demoraram pra me amarrar no romance, as 50 últimas me seguravam pelo pescoço. E o final me deixou assim mesmo, sem ar, com um nó na garganta.

Considero um pecado ter lido esse antes de Jane Eyre. Sinto a necessidade de lê-lo o quanto antes e logo em seguida ter uma segunda leitura de Vasto Mar de Sargaços.
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Ana Lícia 14/02/2021

A Louca Do Sótão
Maravilhoso!

Eu amei Jane Eyre, mas a personagem Bertha me chamou muita atenção e, quando soube que havia um livro sobre ela, claro que corri para ler. Que maravilhosa surpresa, pois simplesmente adorei o enredo, personagens, menos Rochester, claro. Esse eu não consigo gostar em versão nenhuma.?

Mas fiquei completamente envolvida nos dramas da Antoinette. Iremos acompanhar sua vida desde a infância. Uma jornada de infortúnios, doloroso. Mas que personagem forte, ativa. Nos traz várias reflexões sobre o amor, identidade, questões raciais, seu lugar no mundo. É desesperador alguns acontecimentos. Vamos acompanhando seu enclausuramento e é sufocante.

Para quem ama as irmãs Brontë e está sempre atrás de obras relacionado a suas histórias fica a dica de um livro focado em uma personagem de Jane Eyre.

Curto, bem escrito e cativante. Ótima leitura.
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