Francine 23/01/2015Tornou-se um dos meus livros favoritos pela sensibilidade da autora em nos trazer uma história tão plenamente humana!Esse livro me surpreendeu! Animei-me com a ideia de lê-lo quando soube, pelas opiniões de alguns leitores, que se tratava de um livro que nos convidava a refletir. Mas jamais apostaria no enredo que a autora Ivi Campos construiu!
Não posso falar do livro antes de abordar o seu Prólogo. Narrado em terceira pessoa, nele conhecemos Fátima, uma jovem mulher grávida que enfrenta os obstáculos de ser casada com um alcoólatra. No ano de 1976, em um contexto bastante machista, Fátima sustenta a esperança de que sua filha encontre a felicidade que nunca teve. O título do livro, Nas Asas da Borboleta, adquire sentido logo nas primeiras páginas quando vemos uma mãe disposta a se sacrificar pelo bem de sua filha. Foi realmente um belo início.
A partir do primeiro capítulo, a narrativa passa a ser em primeira pessoa pela nossa protagonista: Natália, a filha de Fátima. Já adulta, entendemos que Natália teve todas as oportunidades que sua mãe prometeu lhe dar e, hoje, vai se casar com o homem dos seus sonhos! Mas nem tudo são flores na vida dela… Notamos que Natália cresceu sem sua mãe por perto e foi educada pela sua tia. O que teria afastado mãe e filha? Aos poucos, vamos conhecendo o presente e o passado de Natália, e considero que a autora foi realmente feliz na organização temporal da história. Quando estamos nos envolvendo com as situações atuais, Ivi Campos nos leva ao passado e preenche lacunas com maestria, sem nunca deixar faltar elementos que prendam o leitor à narrativa.
Ainda antes da cerimônia entendemos um grande dilema de Natália – para mim, o maior ponto alto do livro –, mas que não posso revelar por ser um grande spoiler. Adoraria dizer sobre o que se trata, porque foi o primeiro livro que vi abordar tal condição física e psicológica! Se sua curiosidade foi aguçada, o máximo que posso dizer é: em um momento no qual a literatura erótica ganha prateleiras, Ivi Campos nos presenteia com uma história que aborda a intimidade de um casal.
Em Nas Asas da Borboleta também conhecemos Henrique, o melhor amigo de Natália. Ele é gay e me cativou com sua masculinidade! Achei genial a autora questionar, por meio do Henrique, os estereótipos gays que conhecemos e, também, sensibilizar os leitores para abandonarem rótulos. Todas as participações de Henrique na história foram maravilhosas!
Outro tema que a autora aborda nesse livro é o desejo de ser mãe. Natália sonha com a maternidade, mas sua condição física e psicológica gera empecilhos. Vale dizer que não concordei em muitos momentos com os pensamentos e sentimentos da Natália sobre isso, mas consegui entendê-la e me manter próxima a ela durante a leitura. Seu sonho de ser mãe é tão grande que por vezes a Natália coloca em segundo plano todo o resto. Não concordo, mas entendo que faz parte do processo de amadurecimento da personagem cada escolha que realiza em torno disso. Ainda, você encontrará outros dois temas secundários abordados nesse livro, de um jeito muito humano: o alcoolismo e a paternidade.
Eu diria que Nas Asas da Borboleta é uma obra que permite refletir importantes valores envolvidos no relacionamento amoroso e familiar. A amizade, a fidelidade, a intimidade, o respeito, a cumplicidade, a esperança, o perdão e a fé são os principais deles. Eu considero esse enredo uma verdadeira colcha de retalhos, costurados com carinho e de tal modo que o resultado final é encantador.
A única característica da obra que me incomodou um pouco foi, em vários momentos, a repetição dos pensamentos da Natália em relação à maternidade. Senti como se não fosse suficiente para ela apenas ter o sonho de ser mãe, mas necessário também falar mais e mais sobre isso. Acho que o excesso é prejudicial, seja ele qual for, e em diversos momentos considerei-a imprudente em suas decisões. Mas o desfecho permitiu resgatar o equilíbrio que ansiei e não havia final melhor! Do início ao fim, Ivi Campos conseguiu me surpreender com as reviravoltas na história. Adorei e recomendo muito a leitura!
Se me perguntarem por que Nas Asas da Borboleta ingressou para os meus favoritos, não hesitarei em dizer que foi pela sensibilidade da autora em nos trazer uma história tão plenamente humana! É um romance que apresenta as angústias reais de uma personagem que poderia ser você ou eu.
Sobre o aspecto gráfico, devo dizer que não aprecio a capa. O título é ótimo, mas penso que a capa poderia melhor representá-lo. Achei, também, que a margem estava muito próxima do centro do livro, dificultando um pouco a leitura e alguns erros de revisão persistiram (especialmente pontuação) – embora não afetem o entendimento do texto.
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