Eugénie Grandet

Eugénie Grandet Honoré de Balzac




Resenhas - Eugénie Grandet


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rosangela 22/04/2013

Eugénia Grandet – Balzac
Uma narrativa simples, mas que retrata, fielmente, a escalada individualista de um plebeu que nada mais consegue ver e valorizar, além do brilho enriquecedor do ouro, das moedas que tilintam em seu ouvido, diariamente, até a sua morte. Assim é o pai de Eugénia, senhor Grandet, um ambicioso e inescrupuloso homem que coloca a ascensão social e financeira acima de sua própria família, a filha única Eugénie, sua esposa e Nanom uma criada que participa dos meticulosos gestos mesquinhos de seu senhor.

Senhor Grandet, um avaro homem que recebe uma trágica carta de suicídio de seu irmão que estava em concordata e que não podendo mais criar o filho Carlos, envia-o para que possa cuidar-lhe e isto, é um pesadelo para alguém que pouco se importou com o desespero do irmão mas que se preparou rapidamente para despachar o sobrinho para as Índias.

Porém, Balzac consegue criar um clima totalmente inovador na vida das três mulheres levando até elas um parisiense carregado de novidades, um primo que nem suspeita que naquele momento seu pai já teria cometido suicídio. Carlos traz tanta novidade e vaidade e roupas e acessórios decorados em ouro jamais visto pelas damas. Foi uma parte da narrativa que mostra a realidade oposta, totalmente morta diante das luzes de Paris.

Toda narrativa mostra que a maior preocupação de Balzac é retratar, fotografar as mais fortes diferenças e comportamentos sociais, além de priorizar o individualismo fanático, opressor, obcecado do senhor Grandet pela sede de aumentar mais e mais suas riquezas, a ponto de racionar de tudo até mesmo na alimentação que sempre contava tudo que havia.

A trama, com a chegada de Carlos, quebra toda monotonia e desperta em Eugénia sentimentos jamais acesos em seu coração, o que a faz querer agradar o primo, sucedendo-se que esta passa a querer gastar, a fazer pratos diferentes, a colocar uma vela no quarto do primo, enfim, mudanças que senhor Grandet percebe e faz de tudo para enviar Carlos para as Índias.

Carlos ao saber da falência e suicídio do pai, chora dias, causando nas senhoras verdadeira compaixão e amor, mais ainda quando numa noite, cuidadosamente – seria a morte se seu pai descobrisse – Eugénia invade o quarto de Carlos que estava adormecido e lê algumas cartas em que pede a um amigo para vender seus pertences e pagar todas suas dívidas, já que irá tentar a vida nas Índias. Eugénia, então, dá a Carlos as moedas que seu lhe dá todo o ano, mas que sempre todo ano precisa tocar e ver que ela nada gastou. Aliás, quando Grandet consegue fechar negócios vantajosos com a ajuda de Cruchot ( Uma das duas famílias que anseiam conseguir casamento com Eugénia) sempre dá dinheiro para a esposa, que mais tarde sempre pede de volta, quando precisa, na realidade mais é para saber que ela não gastou.

Grandet é o personagem mais interessante, pelos detalhes rigorosos e reais que Balzac emoldura em cada cena com cada tipo personagens. Grandet é um anti-herói que não enxerga meios, só avista o fim desejado e sempre alcança com seu trabalho e também com sua astúcia e recursos, ás vezes, nada honestos. Enriquece de uma forma tão individualista que nem a família desconfia da riqueza que constrói.

É um romance realista que fotografa a sociedade parisiense e a mesquinha forma de adentrar dentro dela através da riqueza e títulos. Mostra tudo que se faz para obter um lugarzinho na sociedade. Até mesmo Carlos, após anos nas Índias fica como Grandet, um avaro, um individualista que busca riquezas e posição social, levando-o a endurecer o coração e esquecer o amor que jurou a Eugénia. E quando volta, casa com a filha da nobre família Des Grassin apenas para ganhar um título e ter uma vida estável e reconhecida.

Enquanto isso, Eugénia perde pai e mãe e se torna também uma mulher que busca aumentar a fortuna do pai – de modo menos rígido – e quando fica sabendo do casamento do primo também se casa com o amigo do pai , mas fica viúva rápido, descobrindo que seu marido não era um homem honesto como pensava.

Enfim, é um romance simples mas Balzac possui uma descrição minuciosa e uma autenticidade da época, da sociedade, do comportamento humano que faz enriquecer por demais cada página lida. Mesmo com tão poucos personagens, sem um envolvimento maior do casal de primos, sem tramas, Balzac nos faz viajar em dois mundos opostos, um mundo de ambição e um mundo de ingenuidade. Um mundo de simplicidade e um de astúcia e jogos de poder. Mostra o endurecimento da alma diante das ascensões materiais. Mostra que a morte é realmente aquele final que chega para todos e que não há como levar nada dos bens materiais – morte

OBSERVAÇÃO PESSOAL: (postado após os dois comentários abaixo)
Após leituras e analogias ao estudar o Realismo - Movimento Literário - descobri que Eça de Queirós era bem melhor ao analogar Dom Casmurro com O Primo Basílio e que Balzac com Eugénia Grandet era melhor que os dois JUNTOS ao narrarem a mesma história. E fiquei muito feliz ao comprovar o meu desgosto por Machado de Assis, sobre o qual fui OBRIGADA na escola a estudar e ler TODAS as suas obras... Balzac é o original...Outros, apenas plágios da mente que mente. Como Sidarta de Hesse plagiado por Paulo Coelho em O Alquimista.
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ClaudiaOSimoes 08/10/2012

O personagem mais egoísta de sempre
Foi no romance de Balzac que conheci o personagem mais egoísta de sempre, o Sr. Grandet. Ele é um homem muito rico e bastante forreta. Prefere viver em condições precárias que gastar um tostão da sua fortuna. Tem uma filha, a menina Eugénia, que está na idade de se casar. Pretendentes não lhe faltam. Na noite do seu aniversário, o seu primo Carlos aparece e tudo muda para esta família.

Adorei este romance, não tem partes chatas, a escrita de Balzac é sem dúvida muito boa. Os personagens são marcantes e o final surpreendente. Vale muito a pena.
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Gabriel 20/02/2012

Descrição da sociedade parisiense
E. Grandet é o primeiro livro que leio de Balzac. Na edição da editora L&PM consta uma resenha rápida, concisa do livro, mas, ao meu ver há contradições. No decorrer do livro vemos um ótimo e indelével parecer da sociedade parisiense provinciana, com seus costumes, dizeres e relações entre o povo de Saumur e Paris. O tão amor da Srta. Grandet na contracapa do livro parece ser um daqueles inquestionáveis e vívidos. Ao meu ver, o amor da mesma é um tanto reprimido, envergonhado. Não há nada de um amor que realmente luta para sobreviver as disavenças do mundo criado no cosmos de sua casa. A personagem é muito carismática com aqueles que querem machucar seus sentimentos, realizações e ambições. Os personagens mais marcantes, ou melhor, o mais marcante, é Nanon, uma mulher que se infiltra na casa dos Grandet como um bebê, um bebê que se torna afável e parte da família. O que mais me chamou atenção realmente foi a carga cultural do livro com os afazeres, costumes e objetos usados, frisando o cotidiano. Vale a leitura.
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