Marcos Pinto 11/08/2020O enredo: David Lurie é um professor universitário, um homem solitário e erudito, que leva uma boa vida. Entretanto, tudo muda quando ele toma uma atitude impensada, aborda uma aluna de um dos seus cursos e a convida para sair. Desse ponto em diante, o seu cotidiano se transforma completamente, seja pelo amor ardente, seja pela acusação de abuso. Independente dos acontecidos, o destino é um só: David cai em desonra.
Os personagens: Coetzee demonstra, através da construção de Lurie, o motivo de ter recebido um Nobel de Literatura. A construção é profunda, apresentando aspectos psicológicos bem desenhados e demonstrando como o meio social afeta diretamente às atitudes humanas. Observar a transformação do protagonista diante das dificuldades é verossimilhante e, ao mesmo tempo, uma aula de boa literatura.
A escrita: Embora seja um laureado com o Nobel, a escrita de Coetzee é simples e bem fluida, permitindo uma leitura descomplicada. Entretanto, não é recomendável confundir uma facilidade de leitura com falta de complexidade no enredo ou no tratamento dos temas. O autor consegue fazer um trabalho exemplar sem precisar ser cultista e pedante.
Críticas sociais: Coetzee aborda maravilhosamente bem temas complexos, como as relações sociais, o embate étnico em um país multifacetado, a violência contra a mulher e seus desdobramentos. São tantas as reflexões que o livro carrega que, embora seja uma obra curta e de escrita simples, a leitura leva horas e horas, por um excelente motivo.
Opinião: Esse foi o meu segundo contato com a escrita do autor – a primeira foi em Foe – e saí ainda mais maravilhado. A forma como ele trabalha temas complexos e como desenvolve seus personagens demonstra exatamente o motivo de ter recebido um prêmio Nobel. Sem dúvidas, é uma obra e um autor que precisam ser conferidos.
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