Ruh Dias (Perplexidade e Silêncio) 08/07/2021
Já Li
São 35 poemas, não muito longos, então o livro é curtinho e dá para ler em uma sentada só. A idéia dos poemas é mudar o lugar da mulher na poesia. Historicamente, os poemas eram escritos por homens e as mulheres sempre foram retratadas quase como seres mitológicos - perfeitas, românticas, lindas, submissas, objetos de adoração. Por isso, Angélica escreveu de uma forma que a mulher, não apenas é a protagonista dos poemas, como faz questão de compartilhar seu ponto-de-vista cru, verdadeiro e sincero sobre o que é ser mulher nesse mundão esquecido por Deus.
Mas, mesmo assim, não consegui gostar dessa leitura. Eu me esforcei, juro, e até me senti meio burra. Li tantas resenhas da mulherada apaixonada e fanaticamente falando bem dessa obra que fiquei me perguntando se eu tinha algum problema por ter sentido exatamente o oposto.
A primeira coisa que me vem à mente sobre este livro é "pretensioso". Há uma ambição por trás dos poemas que eu admiro, mas a execução saiu muito rebuscada, meio arrogante, como se você precisasse ser uma pessoa tremendamente intelectual para captar a mensagem. E isso, na minha opinião, segrega, não une, e eu já garro ranço quando isso acontece. (O mundo já segrega o suficiente, pra quê fazer isso com a arte/cultura também?)
Outra coisa que não gostei é que os 35 poemas parecem o mesmo e, consequentemente, nenhum me impressionou. Nem mesmo um pedacinho de um deles, ou uma frase bem construída - nada. Li do começo ao fim sem sentir nenhuma emoção, então foi um livro que passou batido por mim. O que é um baita ponto negativo, afinal, o livro é feito para mulheres como eu, que querem conquistar um lugar diferente, dentro e fora de mim. Não rolou. Só senti sono e o ranço mencionado acima.
Não achei beleza nem inspiração aqui, mas fico feliz - de verdade - que estes poemas tenham tocado tantas mulheres, sinal de que a Angélica conseguiu representar algumas realidades e falar com algumas de nós.
E, por fim, a repetição das palavras me deixou doida. Que coisa chata, minha nossa senhora. Se a intenção era adicionar profundidade ou significado com isso, para mim não funcionou.
Para não dizer que não estou me esforçando para encontrar aspectos positivos, gostei do tom sarcástico e irônica da Angélica, e do humor ácido que ela coloca em alguns poemas.
Assim, eu acho que recomendo a leitura apenas para que cada um(a) tire suas próprias conclusões e também pelo simbolismo de uma obra como essa em um país como o nosso. E como ele é curtinho, não ocupa muito tempo/energia, o que é bom, mas não posso dizer que gostei dele.
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