dani 15/01/2013Steampunk Poe – Edgar Allan PoeComo o primeiro tema do desafio literário é livre decide ler um livro que me apaixonei Steampunk Poe. Essa edição da editora Id irá trazer uma pequena coletânea da obra de Edgar Allan Poe, que consiste em sete contos e duas traduções do poema “O Corvo” (uma feita por Machado de Assis e outra por Fernando Pessoa), mas com uma inovação: a introdução do estilo Steampunk por meio de ilustrações de Zdenko Basic & Manuel Sumberac que podem ser vistas durante o livro.
Poe é um autor renomado de contos e poemas americano e sua obra atravessa geração sempre conquistando novos leitores. Como a própria introdução do livro explica, apesar de Poe ser anterior ao estilo Steampunk a afinidade entre ele e o gênero fez com que surgisse essa obra.
Já conhecia a obra de Poe e tinha lido alguns de seus contos e o poema “O Corvo”, mas ao ver essa edição linda decidi que precisava reler alguns contos e conhecer outros.
No primeiro conto, “A máscara da morte rubra” o estilo de mistério que permeia a obra de Poe é utilizado e pode fica mais evidente pela descrição dos ambientes e dos personagens e principalmente pelo tema do conto que trata de uma peste que acaba por matar as pessoas em meia hora.
“A ‘Morte Rubra’ devastava o país. Até então, nenhuma pestilência tinha sido tão fatal nem tão horrenda. O sangue era seu avatar e sua marca – a vermelhidão e o horror do sangue” p. 17
Em “O coração delator” o conto conta com uma simplicidade de conteúdo da narrativa, a história do personagem que está aficionado pelo olho do companheiro com quem mora junto, mas a simplicidade do conteúdo apenas favorece os recursos narrativos utilizados para gerar a tensão, elemento principal durante a história, e aqui temos uma mudança do primeiro conto pois este é narrado em primeira pessoa.
Em “A queda da casa de Usher” a narrativa também é em primeira pessoa e o mistério permeia o conto em que o narrador vai visitar Usher, seu amigo que sofre de uma doença rara e para ajudá-lo ele fica hospedado na mansão. Aqui Poe vai encaminhando o leitor lentamente para criar um ambiente denso e decrépito que vai guiar os acontecimentos da narrativa.
“Minha impressão era a de respirar uma atmosfera opressiva e angustiante. Um ar de profunda e irredimível melancolia pairava sobre tudo e a tudo permeava.” p. 48
No conto “Os assassinatos na rua Morgue” Poe dá início a um gênero que será muito utilizado no futuro, o da investigação criminal em que um assassinato horrível ocorre e os personagens devem desvendar o que aconteceu. Nesse conto podemos ver como o autor é excepcional ao criar as narrativas que se basearão na dedução e na investigação pois logo no início há uma “pequena tese” sobre o pensamento analítico e como ele é utilizado.
Já o “Embuste do balão” foi o conto que menos me identifiquei nessa coletânea, aqui a história será sobre uma viagem de balão que conseguiu atravessar o oceano em tempo recorde, mas achei o conto meio parado principalmente o inicio que vai falar sobre toda a parte técnica e de engenharia do balão.
O “Os óculos” já é um conto que tende para o gênero da comédia em que Poe constrói uma história em que o personagem, que possui um problema de visão, se apaixona perdidamente por uma estranha e como ele conseguirá ficar com ela. Esse foi o conto de mais rápida leitura, pois é descontraído e o final guarda uma surpresa que vale a história toda.
“Eu me dava conta, eu sentia, eu sabia que estava profunda, louca e irremediavelmente apaixonado – e isso antes mesmo de ver o rosto da pessoa amada.” p. 155
No último conto “O método do doutor Tarr e do professor Fether” tem como tema principal uma questão que rodeia outras obras do autor, a loucura, e conforme o assunto é tratado no conto é capaz de gerar algumas reflexões.
E a última parte do livro me deixou especialmente feliz, pois o poema “O corvo” já é um poema que adoro e poder ver duas traduções diferentes de grandes autores como Machado de Assis e Fernando Pessoa e perceber a particularidade de cada um, Machado com uma lírica mais rebuscada e Pessoa prezando pela simplicidade, fizeram desse livro mais especial.
“Diante da ave feia e escura,
Naquela rígida postura,
Com o gesto severo, - o triste pensamento
Sorriu-me ali por um momento,
E eu disse: ‘Ó tu que das noturnas plagas
Vens, embora a cabeça nua tragas,
Sem topete, não és ave medrosa,
Dize os teus nomes senhoriais;
Como te chamas tu na grande noite umbrosa?’
E o corvo disse: ‘Nunca mais.’” (Tradução por Machado de Assis) p. 229
“E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com solene decoro de seus ares rituais.
‘Tens o aspecto tosquiado’, disse eu, ‘mas de nobre e ousado’
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais.’
Disse o corvo, “Nunca mais”. (Tradução por Fernando Pessoa) p. 238
A edição da Id está muito boa, as ilustrações estão lindas e encaixam com a história. Só tenho uma pequena ressalva, pois encontrei pequenos erros de revisão, mas estes não atrapalham a leitura.
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