Carpe Libri 24/02/2015
Ben Aaronovitch dá início à Série Enigmas de Londres com o livro "Espíritos do Tâmisa", lançado em 2012 pela Editora Fantasy - Casa da Palavra, narrando a história de Peter Grant, um policial metropolitano de Londres, prestes a terminar o tal do estágio probatório deles e com perspectivas pouco encorajadoras na polícia, já que é uma boa pessoa, mas um tanto quanto distraído demais. Assim, durante um turno de rotina, eis que acontece um assassinato, brutal [é um trem muito louco! De repente um cara arranca a cabeça de outro no meio da rua. WOW! Ganhou minha atenção!] e que tem como testemunha principal um fantasma.
É. Isso aí. Um fantasma. Como testemunha. Da Polícia de Londres. Aham, totalmente crível e verossímil. Mas é justamente esse encontro com o ser do além que muda toda a vida de Grant, incluindo suas perspectivas profissionais: o futuro se delineia junto do Inspetor Nightingale, o responsável pela área sobrenatural da Polícia e, vejam só, também era um mago. E é dessa forma que Peter se torna "Aprendiz de Mago". Começa a fazer magia e tudo. Mas não como Harry Potter. Como Nightingale chama a atenção, ele não é um personagem fictício [Há! Gostei desse Nightingale!]. E enquanto precisam investigar o assinato e outros casos que aparecem na grande metrópole, Grant e Nightingale também precisam resolver uma velha briga entre Mama Tâmisa e o Velho do Rio, deuses do rio, digamos assim, que separaram suas áreas de domínio por volta da época do Grande Fedor [que é processo de enfedidamento do Tâmisa]. Os grupos dominam cada um uma parte do Rio, da área, sendo que cada rio é uma pessoa. Isso. Vou deixar que vocês descubram o que acontece, é uma parte bem interessante.
Então, entre vampiros, entidades e fantasmas vingadores, a história se desenrola, misturando elementos sobrenaturais à paisagem londrina. Plausível? Sim. Todos aqui acreditamos em magia! Mas aí surge um detalhe que me incomodou ao longo da história: um policial do século XXI, da cidade grande, ligado à todo tipo de tecnologia, acredita realmente em um fantasma? Tudo bem que ele questiona um pouco sua sanidade, mas eu achei um tanto forçado, já que isso acontece somente no início, mas vamos relevar um pouco, é normal as pessoas aceitarem coisas inexplicáveis [mesmo que não tão facilmente assim]. Se fosse você ou eu [por mais que eu ainda espere minha carta de Hogwarts, achar um portal pra Nárnia e queira um dragão], pessoas contemporâneas e civilizadas, acharíamos difícil de acreditar nessa história, que estaria mais pra um episódio de Supernatural [Aí, delícia!]. Além disso, Ben Aaronovitch, o autor, também foi responsável por alguns roteiros da série Doctor Who, então, talvez por ter mais experiência como roteirista, o autor também tenha deixado algumas amarrações muito superficiais, com as descobertas acontecendo de maneira muito simples. E por tentar descrever lugares, coisas e situações que não aparecem em um roteiro, estas acabaram ficando um tanto confusas e não tão bem organizadas. Mas isso é algo que eu parei pra analisar depois, e quero deixar claro: o livro é bom, eu gostei.
Esse primeiro volume de sabe-se lá quantos livros, acabou sendo algo diferente e interessante de ler, especialmente para ver se seria só mais um livro, ou algo com grande potencial. Aaronovitch coloca magia onde a gente menos espera, relaciona diversos intelectuais como desenvolvedores e responsáveis pela ordem na magia. E isso é que me deixou mais empolgada. Nós, que já acreditamos em tantas coisas, mesmo com a grande ponta de ceticismo, acabamos por ver muito daquilo que a gente sempre pensou que poderia acontecer. Que eu sempre vi como possível. Mas eu tenho problemas, então relevem. Outros leitores talvez vejam como uma possibilidade de trama não pensada. Mas é um livro bacana, com cenas interessantes e algumas tiradas hilárias. Vale a leitura.
Só um detalhe: A Editora mudou a capa do primeiro volume ao lançar o segundo, então talvez essa capa nem seja mais encontrada por aí.