z..... 29/07/2017
Edição Nova Cultura - 2002
WERTHER
Ué? O nome não é "O sofrimento do jovem Werther"? Lapso na edição, similar ao equívoco de traduzirem também os nomes das personagens. Esquisito a gente ler Carlota e Alberto em lugar de Charlotte e Albert. Ainda bem que não mexeram no do Werther, porque nem começaria a leitura se o livro falasse de um tal, suponhamos, Valter.
Sobre a história, é um melodrama que não me comoveu, transmitindo fragilidade mental e valorização egoísta, que tenta se disfarçar de heroísmo ou algo belo. Werther não se matou porque amava demais e sim porque era um fraco, entregue ao desespero egoísta.
A obra inicia falando que era bem quisto, admirado e amado, uma pessoa bem sucedida, mas sua vida deu uma guinada sombria quando começou a fazer parte de um triângulo amoroso onde ele era a pessoa que não poderia se casar com a amada. Se presta então à uma disposição de bajulação ao casal, percebe o papelão com a frieza que passa a ser tratado e resolve dar cabo da vida com um tiro na cabeça. Só isso. Af! Reiniciasse a vida.
Curioso que muita gente teria sido influenciada pela história e se suicidado diante de frustração amorosa como do jovem, razão da obra ser censurada pela igreja durante um tempo. A influência deveria ser apenas de reflexão e não de motivação seguidora do exemplo mostrado. Parece bobagem escrever essas coisas óbvias, mas o apego ao pessimismo continua e se reforça em pessoas de visibilidade grande na atualidade que tiveram escolhas negativas, como ocorreu com mais uma celebridade nessa semana (cantor). Oras! Nem o autor, que teria usado fatos reais de sua biografia, escolheu tal coisa, a morte.
Esse o valor do livro: a reflexão no sentido da vida, em escolhas e posicionamentos ante a emotividade, desesperança e impulsividade, atentos aos significado. A obra, creio eu, deveria sempre ser vista como observação, constatação e sensibilização contrária a uma má escolha.
O "Fausto" vou ler em outro momento.
Em 20/11/2017
FAUSTO
A obra costuma figurar em listas de publicações mais importantes da literatura mundial. Sem dúvidas tem um direcionamento impactante para seu contexto, que entendi como a separação entre a religiosidade e ciência, na busca de Fausto por mais conhecimento, descambando para algo demoníaco, como era classificado na época essa separação. Tem esse aspecto, mas também podemos ver a entrega a uma degradação moral em busca de um objetivo. Esse segundo ponto é o que foi mais relevante para mim.
Fausto tinha sede de entendimento e parece que se sentia travado pela imposição da religiosidade controladora da época, então deliberadamente fez um pacto com um demônio sedutor, prefigurando o que entendi como a ciência sem ética, interesseira e egoísta em buscas pérfidas. E não existe isso hoje também? No final das contas, isso lhe impôs um preço. pois o verdadeiro sentido do conhecimento não combina com o mal. O final disso sempre será triste, mesmo o trajeto parecendo sedutor e realizador. O sentido existencial só será bem-aventurado ao lado de Deus, mas não aquele como impunham em um compromisso religiosos ou que Fausto valorizou em uma ilusão de realização. Creio naquele que te convida a uma descoberta em João 5:39 e alerta para um perigo iminente em Provérbios 14:12.
O livro me fez pensar e concluir essas coisas.
Olhando um pouco mais, apesar da disposição que tive de querer transformar a leitura em algo muito legal, mesmo assim foi enfadonha em vários momentos. Deveu-se à estética, a que sou pouco familiarizado, com sua construção teatral, cheia de momentos melodramáticos, onde a história se desenrola sem narrador, apenas nos diálogos afetados. Certamente a percepção é muito melhor na oportunidade de ver a encenação de alguma maneira, coisa que não atingi só com a leitura. Acho que seria mais interessante, falo por mim, acompanhar com audiobook e quero também ler uma versão em quadrinhos (coisa que ainda não encontrei, nas duas situações).
Pelo que apurei, a história continua em uma segunda parte, mas a edição que li traz só a primeira, que fecha a cortina com o desaparecimento de Fausto nas mãos de Mefistófeles. O acerto de contas entre eles... Agora fiquei curioso no que isso continuou...
Ah, a obra também costuma ser de alguma maneira, ainda que palidamente, ser correlacionada ao livro de Jó. O único paralelo que percebi foi o fato de um homem ser submetido à prova diante de Deus, em uma sugestão do próprio demo. No caso de Jó, foi retirado poder dele de várias maneiras, mas permaneceu como servo de Deus. Já no de Fausto, ocorreu aquela situação valorizada pela sabedoria popular: de conhecer a pessoa quando se dá poder para ela. O médico íntegro se perdeu nas proposições demoníacas, cegamente, descobrindo a burrada no final, como costuma acontecer nesse mundo (esse momento sempre chegará).
Ao final da leitura, foi tudo o que concluí e o que o livro me instigou.