Paulo.Vitor 05/06/2023
"Não precisamos de nenhum outro mundo. Precisamos de espelhos"
Eu sou uma pessoa que gosta bastante de ficção científica. De Philip K. Dick até Asimov, podemos nos aventurar por diversas temáticas diferentes envolvendo os mais diversos tipos de personagens. Porém, o que vemos aqui em Solaris, é algo totalmente diferente.
É uma ficção científica que não se importa com os clichês, e definitivamente, não é um livro que está interessado em quantificar ou qualificar as inovações humanas ou em imaginar novos impérios galácticos, mas sim, um livro que nos faz olhar para nós mesmos, como humanos.
Protagonizado por um psicólogo (dotado de vasto conhecimento de Física, Biologia e Química) que, chega ao planeta depois de mais de 100 anos de sua descoberta, para estudar e analisar, não só os 3 cientistas que lá estavam como também o próprio planeta, que acreditam (apesar de ser praticamente 100% composto de água) ter consciência.
Creio que posso dizer, sem estragar a experiência de leitura, que o oceano não se comunica e não é representado como as versões que conhecemos de extraterrestres, na verdade, é válido dizer que ela na verdade, não se comunica verbalmente, mas que mesmo assim, o impávido oceano, consegue fazer todos os cientistas do mundo terem milhões de dúvidas, mesmo após 100 anos de estudo.
Definitivamente este, foi uma das minhas melhores leituras de 2023, e talvez da vida, e vou me limitar a dizer o básico para não estragar a experiência de leitura. Veja bem, o livro, por ser protagonizado por um psicólogo, já é um prenúncio do que está por vir, portanto, esteja pronto, para ler uma obra que trata sobre questões humanas, não só sobre as questões mal resolvidas do protagonista que voltam, em carne e osso (ou quase) para o confundir, como sobre anseios dos humanos num geral, sobre limitação do intelecto e até sobre a criação dos universos. Creio que muitas das obras atuais, como o anime Neon Genesis Evangelion, o filme A Chegada e o Interstellar tem referências e inspirações retiradas daqui.
Uma obra atemporal, que não atoa é considerado uma das melhores ficções científicas de todas. Recomendo demais a leitura. Comprei e li a versão de capa rosa, da Aleph de 2017, mas gostei tanto do livro que sinceramente quero a de capa dura.