Maldito seja Dostoiévski

Maldito seja Dostoiévski Atiq Rahimi




Resenhas - Maldito seja Dostoiévski


3 encontrados | exibindo 1 a 3


Biblioteca Álvaro Guerra 06/02/2024

Antes , diga-me por que não foi até o fim do seu crime .
É justamente a pergunta que me faço. Talvez porque eu não tenha podido ...
Ou porque não quis .Porque você não é um bandido .
É um homem justo .
Foi também o erro de dostoiévski.
O erro de dostoiévski ? Que mais lhe fez , o seu grande autor?
Ele me proibiu de concluir meu ato.

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/
comentários(0)comente



Henrique Fendrich 10/03/2020

“Mal levantara o machado para descê-lo sobre a cabeça da velha quando a história de Crime e Castigo lhe atravessou o espírito”.

Convenhamos, é uma excelente frase para se começar um livro. E partir dela somos arrastados por uma narrativa alucinante, essencialmente objetiva, e que prende a atenção do leitor do começo ao fim. Confesso que o motivo para escolher ler esse livro, e não algum outro do autor, foi a sua referência ao Dostoievski, mas o livro faz muito mais do que usar o escritor russo como chamariz. É uma história que se sustenta por si só e que acaba por relativizar algumas conclusões dostoievskianas.

Há, como em “Crime e castigo”, o crime contra uma velha, descrito logo no início. Só que o crime do livro de Rahimi é um crime sem sentido, não porque o seu autor não tivesse lá suas motivações, e sim porque ele está inserido num contexto onde a própria vida já perdeu o seu valor: o Afeganistão em guerra.

Num cenário onde mísseis caindo se tornam parte do cotidiano, numa cultura em que o assassinato encontra justificativa na necessidade de vingança, que sentido pode ter o crime cometido pelo pobre Rassul? Por acaso haverá alguém disposto a penalizá-lo pelo seu crime?

A única voz a sugerir a culpa do criminoso é justamente a consciência do personagem, uma consciência que está continuamente em conflito com tudo que o cerca, e que talvez o levasse ao suicídio, se também o suicídio fizesse algum sentido quando não se acredita no próprio valor da vida. O suicídio e o assassinato só se justificam quando se acredita que as suas vítimas mereciam viver – do contrário, que diferença faz?

O autor, portanto, traz a profundidade do romance dostoievskiano para um ambiente onde a vida perdeu o valor, e os resultados que emergem daí são dos mais interessantes.

Outra máxima confrontada no livro, essa de “Os Irmãos Karamazov”, é a bem conhecida de que, “se Deus não existe, tudo é permitido”. No cenário do Afeganistão em guerra, um Deus existia – Alá –, mas, então, como se explica que, mesmo assim, tudo era permitido? Se Deus existe e mesmo assim não há limites para a crueldade, então o que sobra da frase de Dostoievski? Não seria o caso, antes, de esse mesmo Deus ser usado para se justificar a falta de limites? Essa é uma inversão que é sugerida ao longo do livro e que representa o ponto alto de suas discussões filosóficas.

A vida, ao menos no ambiente apresentado no livro, para ter o seu valor, precisa estar associada a alguma causa. Se você é um filho de comunistas – e eles eram combatidos com fervor –, então o crime que você comete pode ser visto com outros olhos – foi o crime de um comunista, mesmo que você mesmo não seja. Se as joias que somem são a de um figurão, então também você merecerá ser julgado como um ladrão.

Mas de fato não há uma valorização da vida pelo que ela é intrinsecamente, apenas por valores a ela associados e que dependem das circunstâncias. É exasperante ler o personagem querendo se entregar, confessar o seu crime e nenhuma autoridade lhe dando a mínima! O enredo atinge níveis kafkianos de absurdo, e não seria improvável fazer associações com “O processo”.

Os absurdos expõem a banalização da vida e, ao mesmo tempo, como a noção de vingança está sempre bem presente, e não apenas no oriente, pois – e isso também é dito – mesmo um processo, teoricamente mais civilizado, é antes de tudo uma vingança. Como acabar esse ciclo de vingança? Só quando um dos lados decide se sacrificar. Como Rassul fez.
comentários(0)comente



Claudio 26/11/2013

Não é resenha, é apenas um teaser.
Maldito seja Dostoiévski - Atiq Rahimi

Afeganistão, anos 1990. O jovem desempregado Rassul planeja um assassinato nos moldes daquele cometido por Raskólnikov, herói de Dostoiévski em Crime e Castigo. O plano de eliminar a velha desprezível que humilha a namorada dele, entretanto, não sai como o previsto...
Nats 26/12/2013minha estante
Comecei a ler meio receosa, devido a forma de escrita que é muito direta, mas ao chegar na última parte do livro comecei a me surpreender com a clareza do cara. Bacana, o livro.




3 encontrados | exibindo 1 a 3


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR