carolina.trigo. 04/10/2016Mais uma Distopia Juvenil? Acho Que Não!Fazia muito tempo que esse livro estava na minha pilha de leituras, e também fazia muito tempo que não lia distopias. Estava com saudades. E acho que escolhi o livro certo para voltar nesse gênero que tanto gosto.
Partials, do estadunidense Dan Wells, Editora iD, é uma distopia para os fãs de Jogos Vorazes e Divergente, para os fãs dos clássicos como 1984 e Fahrenheit 451, e para quem quer entrar neste gênero, ou para quem quer algo um pouco diferente.
O livro se passa no final do século XXI. A população foi reduzida a 40 mil habitantes aglomerados em Long Island. Isso é devido à guerra entre humanos e Partials - seres criados em laboratório idênticos aos humanos - que liberam o vírus RM, no qual dizima quase toda a população.
Eles vivem sobre vigilância 24 horas por dia e não podem sair da ilha, pois irão ser mortos pelos Partials ou pela Voz - grupos que vivem fora de Long Island, formado por humanos que se rebelaram contra o governo e que não concordam com as atitudes tomadas pelos governadores.
Porém, o maior problema dos humanos é que depois da guerra dos Partials, eles não conseguem mais se reproduzirem. Todo bebê que nasce morre depois de três, quatro dias. Na tentativa de sobreviver, o Senado cria a Lei da Esperança, que obriga cada moça que chegar aos 18 anos a engravidar. Se ela não tiver um parceiro pode se designado um para ela ou a partir de inseminação artificial. E esse é um dos motivos para a Voz atacar o Senado.
Além de todos os problemas já existentes, aparece mais um: o Senado pretende diminuir a Lei da Esperança para 16 anos. E é nesse mundo que vive nossa personagem principal: Kira, uma estudante de medicina de 16 anos.
E é com ela que as coisas começam a mudar. Por ela ser muito inteligente mas também muito curiosa, ela não aguenta mais ver bebês morrendo a todo instante e não acredita que a diminuição na idade para engravidar irá ajudar muito as coisas.
É a partir disso que ela tem uma ideia talvez um pouco louca, e que tem pouca chance do Senado concordar: ela pretende capturar um Partial no continente para estudar seu metabolismo, pois eles são os únicos imunes ao vírus RM. Ela acaba conseguindo convencer alguns de seus amigos a irem com ela ao continente e a ajudarem.
Também faz parte de uma trilogia, tendo seu segundo livro já lançado aqui no Brasil: Fragmentos. Tem seus dilemas adolescentes, porém discute assuntos pouco tratados nos livros, particularmente os distópicos. Temas como estupro, liberdade civil e autoritarismo.
Um deles me chamou muita a atenção. Em um certo momento, um dos personagens faz a seguinte indagação: 'porque um rapaz de 17/18 anos pode ser um comandante e é considerado adulto, e as moças com 16 anos que são forçadas a engravidar não são consideradas adultas?' A idade, principalmente nos tempos de hoje, não representa a sua maturidade. Temos muito adultos que não tem postura de tal, e "jovens" (talvez só na idade) que são muito mais adultos do que alguns que vemos por aí. É uma coisa a se pensar!
Comprei Partials num sebo por não ter encontrado nenhum outro que me chamou a atenção. Mas que bom que não achei outro, pois esse foi uma grata surpresa e nos mostra que temos bons tesouros escondidos por ai. E que muitas vezes a gente nem conhece...
site:
http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com.br/2016/03/mais-uma-distopia-juvenil-acho-que-nao.html