Resenhas - Morte Súbita

Luiz Felipe 30/12/2020

Como bom fã de Harry Potter, eu comprei esse livro em 2013 e desisti nas primeiras páginas. Durante esses anos tentei ler mais três vezes, e desisti em todas elas. Em alguns momentos pensei em doar esse livro, porque estava com a ideia fixa de que jamais teria saco pra encarar e leitura. Em algum momento desse ano assisti ou li uma resenha que apontava que seria interessante anotar o nome dos personagens de cada núcleo familiar, e também passar da página 50, antes de efetivamente desistir da leitura. Além disso, o leitor deveria ter em mente que se trata de um livro adulto com temas adultos, nada a ver com Harry Potter. Ok, coloquei na meta de leitura e deixei ali aguardando, e acabou sendo o penúltimo livro que li em 2020. Que grata surpresa! Morte Súbita é uma história que se passa numa pequena cidade da Inglaterra, chamada Pagford, e conta a vida de diversos núcleos familiares de diferentes classes sociais que, de alguma forma, estão interligados, sendo que direta ou indiretamente todas essas famílias vão sofrer efeitos decorrentes da morte súbita do conselheiro municipal Barry Fairbrother, um dos pilares da comunidade, figura representativa tanto do núcleo pobre quanto do núcleo rico da história. Durante a narrativa, a autora apresenta ao leitor diversas temáticas adultas de forma bem realista, sendo que no centro de tudo existe um conflito político envolvendo o desejo da galera elitista da cidade de que o bairro periférico seja desmembrado do Município, e que a clínica para reabilitação de dependentes químicos seja fechada. Nesse sentido, é possível observar uma prática de poder dominante em Pagford que deseja produzir um modo de viver considerado aceito, em detrimento de tudo aquilo que não se encaixe ao padrão dominante, sendo que pouco importa se a situação de marginalização de parte da população vai piorar. Desse modo, o microcosmo estabelecido pela autora nada difere da realidade de muitos outros países, inclusive o Brasil, e os discursos usados como referência para as mudanças pretendidas nada diferem de coisas que escutamos por aí de personalidades políticas que não precisam ser nomeadas. O ponto alto da narrativa é o paralelo existente entre as duas personalidades centrais de Fields (bairro pobre): Fairbrother, representando a mudança positiva ao ser abraçado por Pagford, e a família Weedon (especialmente Krystal), representando totalmente o contrário ao ser rechaçada de todos os modos. Além disso, o livro toca em outros temas bem espinhosos, como o estupro, a xenofobia, a depressão, dentre outros. O final é pesadíssimo.

malu <3 12/04/2022

Um despertar de volta a realizade!
ALERTA DE GATILHO! est4pro, ass3dio, gravidez na adolescência, crise de ansiedade, m4tilação.

J.K é uma autora conhecida por uma saga de fantasia, um menino que sobreviveu, magia, monstros sobrenaturais, viões super poderosos, um show de tudo que é irreal.
Na obra Morte Súbita ela mostra algo real em sua pura essência, PODER, guerras pelo poder formou essa sociedade e se faz presente até os dias de hoje. O livro conta a história de uma ciadadezinha/vilarejo do interior da Inglaterra, onde o atual conselheiro do vilarejo morre de uma aneurisma, fazendo seu cargo agora ser passado para um próximo conselheiro, e que comece a guerra de poder divida entre Pagford (a parte mais bonita do vilarejo, prestigiada por todos) X Fields (sabe aquele bairro negligenciado da sua cidade? Uma espécie de cracolândia em que ninguém se importa, principamente os mais ricos).
Um livro que me despertou de uma sequência de livros de fantasia/romance que andava lendo para a realidade, um despertar ao real, um livro forte para alguns, diga-se de passagem fazia tanto tempo que eu não chorava e esse livro me fez virar um rio de lágrimas. Mesmo não sendo uma grande fã da J.K Rowling, amo sua escrita e suas obras. Darei 4 estrelhas pois foi uma experiência necessária porèm não voltaria a ler, um poço de gatilhos para mim, aprendi mais sobre a humanidade e minha sorte em alguns aspectos da vida.

MarcosQz 20/12/2012

Morte Súbita - O Livro do Ano
Quem espera algo parecido com Harry Potter, esqueça.
Morte Súbita é pesado, carregado de emoções fortes, rico em detalhes e com personagens tão odiáveis que são até adoráveis. Não existe nada nesse livro que lembre o mundo de fantasia de Harry Potter.
Em Morte súbita, com pouco mais de 500 páginas, ficamos encantados com todos os personagens, conhecemos cada um deles tão profundamente que é como se os conhecêssemos pessoalmente, como se fosse um amigo contando sobre sua história.
O livro é cheio de palavrões, da primeira a última página, abordando assuntos como sexo, drogas, intrigas familiares e profissionais e amores desgastados pelo tipo de vida que levam em Pagford.
Personagens deploráveis e cativantes como Krystal Weedon se tornam interessantes desde a primeira aparição. Uma jovem com uma mãe viciada em drogas e um irmão pequeno da qual tanto ama, ambos com um final que surpreende e emociona de tal forma que lágrimas até querem sair. Outro personagem interessante é Stuart Wall, um jovem que preza pela autenticidade e jeito único, que faz com que fiquemos atentos a todas suas jogadas em cada página, sempre pronto para prejudicar, caso precise.
Andrew Price, outro jovem da trama é um dos mais legais e interessantes, vive cercado pelo ódio que sente pelo pai e o amor que sente por Gaia, a jovem moradora da cidade que veio junto com a mãe, por causa do seu namorado. Samantha Mollison é a amargura em pessoa, sempre ofendendo e rebaixando quem pode, dona de uma loja a beira da falência e vivendo um crise pesada em seu casamento com Miles, advogado e filho do Chefe do Conselho.
Outra personagem que ganha destaque na trama é Suhkvinder Jawanda, filha de dois médicos, ela é dislexia e vive se cortando para fugir das dores internas, com toda pressão que sofre pelos pais e na escola, sempre atacada por Stuart Wall. Suhkvinder surpreende no final do livro, tornando-se uma personagem central na história.
Outro personagem, que no fundo não é apena um, é o Fantasma de Barry Fairbrother. Apesar de toda trama ser ligada a sua morte, que acontece logo nas 5 primeiras páginas, muitos personagens sofrem com sua morte, já que estão sendo atacadas pelo fantasma.
A própria família de Barry não tem grande importância para a história, tornando-se personagens secundários.
Outros personagens como Simon Price e Howard e Shirlei Mollison se tornam detestáveis desde o começo, tornando-se impossível gostar deles.
O livro é uma verdadeira obra de arte, cheio de ódio, rancor, remorso, inveja, ciúmes, um humor negro que fere e no final, apenas no final, você descobre demonstrações de carinho, afeto e amor.
Rowling nos surpreende com uma trama envolvente e poderosa, fazendo com que Morte Súbita seja, de longe, a melhor leitura do ano.

Vitor Bandeira 18/07/2022

Poderia ser melhor
A autora de Harry Potter encara a missão de mudar um pouco o público e escreve essa obra voltada para o público adulto. Muita descrição na criação de personagens, o que nos gera uma grande expectativa, mas no final das contas o enredo é "morno" e a motivação mais ainda. Não é de todo mal e vale pelo entretenimento e pela riqueza de detalhes da ambientação do local, oportunidade de se conhecer um pouco mais sobre o interior provinciano da Inglaterra.

Kamila 01/06/2021

uma história crua
morte súbita é uma história intensa, perturbadora e acidamente real que explora questões morais e políticas e que, assim, desperta e expõe a personalidade e os pensamentos mais crus dos seres humanos ali descritos.

no início é difícil conseguir assimilar já que foca profundamente na vida íntima e social de cerca de vinte personagens e o abismo da mente de todas elas evidência que ninguém ali é inteiramente bom ou ruim.

é inacreditável que possuí esse livro por oito anos sem ter ideia da grandiosidade contida em suas linhas, é uma escrita fantástica e impecável e com certeza é um dos livros mais semelhantes a sociedade atual que já li e acaba de se tornar um dos meus favoritos.

Desativado 21/08/2021

" O abalo sísmico na vida de todos e de cada um" ??
Antes de tudo, quero dizer que se você já conhece a J. K. Rowling e espera encontrar nessa leitura algo parecido com Harry Potter, desista. O que existe aqui é um retrato num e cru da realidade, cuja moldura são as mazelas encontradas na vida dos habitantes do pequeno vilarejo de Pagford, nada a ver com o mundo mágico e cheio de fantasias que encontramos em H.P.
A escritora diz que The Casual Vacancy (Morte Súbita) é "uma grande história sobre uma pequena cidade". Em sua primeira obra feita para adultos, J.K. Rowling mantém o seu estilo marcante de construir a narrativa de maneira envolvente, descrevendo de forma apaixonada cada detalhe da história. Ao longo das 501 páginas do livro, a autora nos apresenta os (muitos!) personagens que compõem os núcleos da sua narrativa.Um dos pontos que mais chamou minha atenção foi o fato de Barry Fairbrother, mesmo morto, conseguir desencadear acontecimentos marcantes na história, justamente por estar ausente, uma façanha que reafirma a grande capacidade literária de J. K. Rowling. Outra curiosidade é que, apesar de ter sido feito para adultos, a escritora, em muitos momentos, centraliza o enredo em núcleos adolescentes, explorando com riqueza de detalhes o universo caótico dessa fase. As experiências vividas por Krystal Weedon e Stuart Wall são exemplos de personagens sólidos e realistas que enfatizam bem o comportamento adolescente. Há acontecimentos "chocríveis" (chocantes e incríveis), mistérios, intrigas e muuuuuito suspense! Não há como caracterizar os personagens em bons ou maus, é espetacular como a J. K. Rowling consegue humalizá-los. A leitura é fluida e você vai encontrar momentos de profundas reflexões sobre os personagens e isso, possivelmente, vai fazer você entendê-los (sem julgar) e até se identificar com alguns deles. Há também nessas reflexões críticas severas à classe média britânica. Acredito que escrevi o suficiente para despertar (ou não) sua curiosidade sobre o livro. No mais, é isso... " Morte Súbita é uma grande história de uma grande autora".

Leitura concluída em 20/08/2021.

Aggretsuko0 11/10/2022

Gente eu to traumatizada...
Como diria o meme da pastora mirim: "tem feiticeiro no meio, tem prostituição, tem mentira e outras coisas mais..." Pense em tudo que existe de ruim nesse mundo, toda miséria humana e maldade e condense em 501 páginas e temos "Morte Súbita" sério. Pior que a escrita não é ruim, sabemos que J.K. faz livro bom (pelo menos harry potter foi) mas esse livro me deixou com uns 30 gatilhos que eu sabia que tinha...nele vc lê relatos de moradores de uma cidadezinha no interior de Londres que se odeiam, mentem, traem, conspiram, fingem ser cordiais mas só aguardam ansiosos o vizinho se dar mal....e isso na parte "rica" da cidade, na parte pobre tem drogas, abandono, estupro, violência, descaso e tudo de ruim que você conseguir imaginar!!! Sério todo tipo de bullying e perversidade tem nesse livro! Pensou num crime? Tem nesse livro COM CERTEZA! Enfim, eu esperava um momento de felicidade em que tudo iria se resolver e só encontrei mais desgraça. Agora to precisando de um livrinho feliz pra me distrair urgentemente!!!

Bruna 09/08/2022

Se tratando de JK Rowling...
Não é uma das melhores obras. Ela quis amadurecer o tipo de livro, mas nessa obra, não rolou legal.

Muitos personagens e com nomes super parecidos (Tessa, Terry, Shirley, Samantha, entre outros), muitas tramas paralelos e uma história que começa a ficar um tanto óbvio próximo ao final.

É um livro morno e bem depre. Não é ruim, porque a escrita é fluída, mas se alguém me pedisse pra recomendar um livro, esse nunca passaria pela minha cabeça.

Dory Aventureira 06/04/2023

Jk odeia homens, estes odeiam as mulheres, e eu odeio todos
Infelizmente queria muito macetar a vagab da jk, mas vou fazer isso menos do que eu esperava. Eu ia dar 4 estrelas, mas diminui pra 3, ao final vou dizer o motivo.
Eu adorei a vibe briga de vizinho que você fingi que ta varrendo a calçada pra escutar sabe?! E o mistério de quem fofocou, simplesmente adorei. No começo eu tava preocupada com a quantidade de personagens e de histórias, com todos aqueles segredos, deixando todas as relações frágeis, fiquei com medo da jk não da conta, mas ela deu conta mais ou menos; tipo os personagens tem várias camadas e muitas camadas que eu acho que deveriam ter um aprofundamento e não teve, no final das contas até achei o livro curto por conta disto.
Agora vamos para as partes negativas:
Uma das primeiras coisas que percebi no começo do livro e que me incomodou era a diferença entre os homens e as mulheres, os homens são muito macho alfa padrão, que é grosso com a mulher, que só respeita os manos enfim, e as mulheres todas tadinhas, os homens as odeiam e as próprias mulheres se odeiam, eu achei que ao longo da história isso mudaria, mas na verdade só acentou o problema, olha só que bacana.
Odeio todos os personagens deste livro, teve um ou outro que eu tive uma certa simpatia, mas a grande maioria eu simplesmente não suportava.
O final é uma bagunça, em teoria é legal você vê várias visões de personagens diferentes de uma mesma situação, mas na prática só é confuso mesmo. E todos os personagens que participam da cena do lago, tiveram uma parcela de culpa no que aconteceu, foi uma série de fatores que resultou no que aconteceu.
E agora o que mais me incomodou, e o que fez eu tirar uma estrela, justiça? Who? Gente acontece coisas terríveis, verdadeiros crimes e não acontece nada com essas pessoas que fazem essa coisas terríveis e da uma impressão que a jk deu uma passada de pano, e nossa como isso me incomodou, mas em um nível, que quando eu vi que os atos dos gatos não ia ter consequências eu me irritei com o livro e só queria acabar de uma vez.

P.S.: achei muito aleatório a trilha sonora desse livro ser umbrella mas ok

Bru 03/05/2021

Só uma palavra: TE-RA-PIA
Gente, que livro doido!
Primeiro que o protagonista morre já na segunda página, ou seja, o restante todo do livro segue apenas com o eco de seu fantasma, que continua afetando a vida de quem ficou pra trás.
Segundo que esse livro tem milhares de personagens! Que dificuldade de decorar todo mundo. Eu vivia esquecendo quem era quem, e confundia uns com os outros. Mas até que enfim consegui engrenar na leitura quando entendi quem era cada um.
Terceiro que nunca vi tanta gente perturbada em um só lugar. E olha que já li muitas histórias de gente perturbada. Mas assim, "Morte Súbita" é outro nível de perturbação. Não tem um que se salve. Mentira, tem sim, o morto Fairbrother hahaha E quiçá Vikram, que não fede nem cheira.
Mas enfim, falando sério, o livro é muito bom. Só não dei cinco estrelas porque é uma história muito pesada, e não sei se conseguirei reler. Mas vale muito a pena, nem que seja apenas para uma única leitura na vida. É meio que aquele O CAÇADOR DE PIPAS, que todo leitor deve ler ao menos uma vez na vida.
J. K. segue sendo uma incrível escritora, sarcástica, perspicaz, conseguindo trazer comicidade até mesmo para o mais trágico dos cenários. Sua narrativa é intrigante e envolvente.
Eu poderia dizer que esse é o legítimo livro que te ensina: seja gentil, SEMPRE, pois todo mundo está lutando uma batalha invisível que você não consegue ver.
E preciso dizer, toda a treta de O_Fantasma_De_Fairbrother foi muito hilária. Melhor rolê!
Leiam!!

site: freescura.wordpress.com

Victor Daniel 02/11/2021

Para quem ama fofocas
Conduzindo uma história simples atrás de deliciosas fofocas e conversas entre os mais variados tipos de personagens fica difícil interromper a leitura com tanto a ser explorado

Augusto 25/12/2013

"Devagar e sempre, Rowling, devagar e sempre...."
Pagford é uma cidadezinha pacata, tranquila, conservadora, bela e... às vezes um pouco babaca e monótona, que subitamente vê sua paz ser ameaçada por um grande novo bairro popular que começa a se formar bem próximo de seus limites. Pra piorar as coisas, um de seus habitantes mais respeitados, decide vender uma imensa área de sua propriedade ao município vizinho, que continua construindo mais moradias populares agora dentro dos limites de Pagford.
O novo bairro, Fields, é essencialmente algo semelhante às nossas favelas, que da mesma forma, crescem via de regra muito próximas aos bairros mais abastados. E por diversos motivos, grande parte dos habitantes de Pagford enxerga Fields como uma ameaça. Suas casinhas pequenas e sujas, cheias de rachaduras e coisa ainda piores, lembram à distinta sociedade "pagfordiana" uma realidade que ela preferia esquecer: miséria, violência, drogas, etc. A coisa fica ainda mais interessante quando "os bastardos de Fields" passam a frequentar a mesma escola que "os herdeiros de Pagford"

O Conselho Municipal se divide entre àqueles que veêm Fields como um câncer que ameaça a saúde da cidade e deve ser extirpado e outros que creêm que estes moradores digamos, "menos afortunados", são seres humanos que não podem ser abandonados e que os programas sociais existentes devem ser mantidos e até mesmo ampliados.

O "nó" aperta de vez quando um importante membro do Conselho integrante da "facção" pró-Fields sofre um AVC e vêm à óbito de forma súbita o que força seus "partidários", agora sem a antiga força e liderança, a questionarem as suas próprias motivações.
Pra apimentar ainda mais esse caldo, alguém que se autointitula o "fantasma" do falecido passa a expor publicamente na página do Conselho na Internet os segredos mais sórdidos de vários eminentes habitantes da recatada Pagford.

Não me causa espanto que tanta gente não tenha gostado do livro adulto da mãe do Bruxinho. "Morte Súbita" não é pequeno. São 500 páginas e acredite-me quando digo que a única coisa rápida ou súbita no livro está no seu título e na morte narrada logo nas primeiras páginas. Portanto não espere uma história eletrizante.

Rowling dirige com o freio de mão puxado durante praticamente 4/5 do livro, o que em alguns momentos chega a deixar a leitura um tanto enfadonha já que a história parece não progredir. Pra que se tenha uma ideia, a autora demora quase 180 páginas até finalmente decidir "enterrar" aquele defunto das primeiras 10 páginas e boa parte da trama gira em torno dele, das circunstâncias do seu falecimento e da repercussão que isso tem na vida de seus aliados e opositores.

Mas há bons momentos. Especialmente quando Rowling aborda temas bastante espinhosos como drogadição, bullying, incesto, pedofilia, preconceito (racial, religioso e de classe), autoflagelação, Transtorno Obsessivo Compulsivo, estupro de menores, etc, etc. A autora de fato consegue construir muito bem seus personagens, que diga-se de passagem estão bem longe de se encaixar nas definições clichês "bons ou maus". Eles são mais de carne e osso. E por isso mesmo, cheios de defeitos, medos, cometem burradas, agem precipitadamente, entram em parafuso, sentem-se profundamente frustrados ou animados por motivos banais (ou nem tanto), tem algumas atitudes nada nobres e em outros momentos são capazes de esquecer dos próprios problemas pra tentar ajudar o próximo. Enfim, são gente como nós. Apesar disso, fiquei boa parte do livro com a sensação de que Rowling havia matado o seu melhor personagem. Impressão que só foi superada nas últimas 100 páginas, quando a autora (que parece ter poupado fôlego pra um sprint final) acelera o ritmo e consegue aquilo que não havia conseguido nas primeiras 400 páginas: prender o leitor à trama, fazendo-o virar uma página após a outra e terminar um capítulo já ansiando pelo seguinte.

Se vale a pena a leitura?! Sim, vale! Mas é preciso um bocado de paciência pra vencer a (irritante) primeira metade. No mais, o prisma em que são colocados os temas que relatei anteriormente, somado ao final da obra e aos bons (e densos) personagens, ao menos pra mim, valeram o esforço e provocaram uma boa reflexão.

Bom livro. Três estrelas.

@agathanogs 22/12/2020

O início foi difícil, mas depois fluiu
O livro até a página 300 não é tão fluido quanto eu esperava, o fato de ter muitos personagens faz com que demore para você criar laços mais profundos. Depois da página 300 as coisas começaram a acontecer de verdade, chegando no final e me dando uma rasteira. Termino essa leitura completamente devastada, não esperava de jeito nenhum esse final.

Outro ponto muito bacana é a forma como aborda sobre a sociedade, sobre ricos x pobres e oportunidades da vida. Vale a pena a leitura se você estiver com tempo livre.

Leti 30/05/2020

Livro injustiçado
NÃO PENSE EM HARRY POTTER AO LER ESTE LIVRO!!! Já ouvi muita gente dizer que não gostou do livro devido aos diversos palavrões que aparecem durante a leitura, mas é assim que outras comunidades, famílias e afins ás vezes se tratam. O livro em si não é algo rápido de ser lido, contém mais narrativa do que diálogos, porém eu, particularmente, gostei da história, pois mostrou como diversas outras famílias vivem, tratou sobre a desigualdade social, bulling, e muitas outras coisas importantes. O fato de ter muitos personagens, no início, me confundiu um pouco, mas ao passar da história tudo foi se encaixando e harmonizando.

Raquel 03/02/2021

Livro muito bom escrito por uma pessoa horrível
Parecia uma noite comum na cidade de Pagford, quando Barry Fairbrother, conselheiro municipal, subitamente morre no jantar de comemoração do aniversário de casamento na companhia de sua esposa Marry.

Aneurisma.

Numa cidade tão pequena quanto Pagford, as notícias correm de forma muito rápida e logo burburinhos acerca das circunstâncias de sua morte já estão na boca de todos os habitantes. Ainda, mais pessoas começam a reclamar a participação neste evento tão inusitado da cidade.

Mais de 100 páginas se desenrolam entre a morte de Barry e o seu funeral e neste meio tempo, uma trama complexa de personagens nos é apresentada. São mais de 15 elementos com personalidades muito bem definidas.

O enredo do livro caminha em torno da eleição para eleger o novo conselheiro da cidade, que iria ocupar a cadeira que Barry Fairbrother deixou vaga, e o esforço dos dois lados do conselho para eleger um candidato com direcionamento político mais similar ao seu. A eleição é peça crucial para o desempate da situação e o destino de Fields, um bairro pobre das redondezas, sob responsabilidade de Pagford. Parte do conselho é a favor de manter a província de Fields. Outra parte do conselho é a favor que Fields retorne à responsabilidade da cidade de Yarvil. No entremeio desta corrida eleitoral, conhecemos a história de todos os personagens, seus sentimentos mais íntimos e, claro, todos os seus segredos mais sórdidos.

J. K. Rowling conseguiu se modificar completamente de Harry Potter para este título. Pulou de uma saga de fantasia para um livro tão real que me impressionou. Conseguiu provar que ela tem um grande talento. Você se envolve com os personagens, entra na pele deles e, quando menos vê, já escolheu um lado para torcer.

Pena que é uma pessoa tão lixosa.