Resenhas - 125 Contos de Guy de Maupassant

Peter.Molina 20/04/2024

Contos selecionados
Este livro volumoso nos traz 125 contos de Guy de Maupassant, a maioria bem curtos, de pouco mais de 5 páginas e outros maiores. Numa leitura fluida, muito tranquila, o autor nos transporte com maestria a uma França do século XIX, com suas festas, sua licenciosidade, suas hipocrisias. Muitos contos falam de amor como Outrora,mas na grande maioria temos uma tônica mais de horror como no A Noite, Senhorita Cocota e Um Louco. Outros contos como uma Aventura Parisiense, Solidão, Passeio e O Testamento, são pesados, tristes, profundos e podem despertar alguns gatilhos, pois também tratam da questão do auto exterminio. Conhecendo a vida do autor entendemos muito de suas motivações.

Marcos774 24/12/2023

Uma ótima obra!
Demorei um pouco para finalizar a leitura. Confesso que alguns contos não me chamavam a atenção, entretanto, outros me deixaram pasmo e com algum tipo de "arrepio". Dos 125 contos eu anotei 10 que pra mim foram os mais marcantes e são eles: Sobre a água; Bola de cebo; A empalhadora; Pierrô; Condecorado; Rose; O barrilzinho; O armário; O eremita e Amor. Há outros bons contos, mas esses dez foram ótimos e por isso eu quis destaca-los. Acredito que voltarei a lê-los algum dia, por isso já os deixei marcados.

Gladston Mamede 01/05/2023

Logo percebi que "ler de enfiada" seria um erro. Perderia o melhor que se extrai na unidade de cada conto. Então, fui aos poucos: os contos de Maupassant foram lidos em meio a outros livros. No fim das contas, percebi um "livraço": excelente seleção de um autor bárbaro: texto limpo, agradável, impressionante capacidade de compor histórias.

vicniro 07/02/2023

Seleção que vai de "Ué" a "Uau"
Comecei a ler após ouvir sobre o conto “Horla”, e como esses contos de mistério interessam bastante, resolvi comprar o livro.

O livro conta com contos de temas variados, mas que se repetem, e, com toda certeza, os que eu mais gostei foram seus contos fantásticos, que acabam misturando horror com situações do cotidiano. Dos 125 contos, eu gostei muito de 42. Alguns me deixaram mais pra baixo, outros achei engraçado, alguns achei sem noção e outros me fizeram não conseguir desgrudar o olho da página. Como quase todos os contos são curtinhos, a história passa muito rapidamente e, quando você vai ver, já acabou! Além disso, a estrutura dos contos se repete com frequência. No início é apresentado uma situação e, com isso, algum personagem conta alguma história que aconteceu com ele ou que ele ficou sabendo que aconteceu com alguém.

Enfim, apesar de ter uns contos muito chatos, os demais contos fazem valer a pena a seleção!

P.S. O autor parece ter tido alguma desilusão amorosa muito grande, porque tem vários contos que ele trata o amor com muito pessimismo.

Arruda 29/03/2022

Overdose!
Sim, este livro é uma overdose de Maupassant com 125 contos, dos mais chatos aos excelentes. Não o conhecia, mas passei a gostar, pois são narrativas de sua época, muito realistas (com algumas exceções), com nos induzem a continuar a leitura.

Cris 09/03/2022

09.03.2022
Foi o primeiro livro de contos que li e gostei muito. No geral, Guy de Maupassant escreve temas cotidianos, psíquico, romance, o desconhecido, traição e vários outros. O que mais gostei e me chamou a atenção foi "O Horla", não só porque menciona o Brasil, mas pelo desenvolvimento da história. Fala sobre uma suposta epidemia de loucura que surgiu no Rio de Janeiro e São Paulo e chegou à França. Mas será que é loucura? O narrador vê um barco com a bandeira brasileira passar pelo Rio Sena e faz um aceno, lembrando que pelas lendas, o vampiro só entra na casa quando convidado. A imaginação é a que vale, só lendo para descobrir ou tirar suas conclusões.

ricardo 01/01/2021

após ler "uma vida" de guy de maupassant se instala uma saudade de dias muito antigos. não é muito fácil encontrar o livro, mas é possível transportar esse afeto para seus contos, um aqui outro acolá. simples, às vezes sutis, passando a virtude de terem sido muito trabalhados, que é o grande trunfo dos que não são naturalmente geniais. seu segredo está em a pensão tellier: trabalhar o texto sem deixar de lado a emoção, dificílima combinação que não tem como dar errado.

Guilherme 02/06/2020

"Sofremos terrivelmente a influência do que nos rodeia." O Horla
E Maupassant foi influenciado pelo seu meio. Não que ele tenha escrito uma obra biográfica, sei pouco sobre a vida dele, mas mesmo assim eu conseguiria adivinhar se o conto foi escrito mais próximo do início ou do fim da curta existência. O começo dessa coleção tem vários contos sobre a guerra Franco-Prussiana; contos sobre maridos e esposas infiéis pululam todo livro; mais para o final começam os contos sobre alucinações e monstros indescritíveis, Lovecraft antes de Lovecraft.

jota 10/12/2017

Overdose de Maupassant
Como Maupassant escreveu mais de trezentos contos então os 125 desta coletânea representam menos da metade de sua produção de pequenas histórias, entre outros escritos. Por conta dessa longa produção - e mesmo sendo amplamente considerado o maior contista francês de todos os tempos - alguns críticos pensam que o autor de Bola de Sebo (reconhecidamente sua obra-prima, presente neste volume assim como as duas versões de outra história clássica, O Horla) - não deve ter sua obra colocada no mesmo nível da de outros notáveis franceses como Balzac, Zola ou Flaubert, seu pai espiritual. Há quem discorde, claro. Especialmente seus numerosos leitores.

Bem, estão presentes aqui muitas das histórias que fizeram a fama de Maupassant, narrativas que são lidas e relidas ainda hoje com o mesmo prazer que proporcionaram aos leitores dos séculos XIX e XX. Elas foram escolhidas por Noemi Moritz Kon, também autora da Apresentação, que traz dados biográficos e informações sobre o autor e sua obra. A tradução é do escritor gaúcho Amilcar Bettega, que deve ter tido seu trabalho facilitado pela escrita de Maupassant, que é sempre direta, clara, sem muitos rodeios.

Sou grande fã do escritor francês e este é o quarto volume de contos que leio, além de outras histórias presentes em coletâneas que trazem contos de diversos autores. Tenho ainda na fila de leitura As Grandes Paixões, contos organizados e traduzidos por Leo Schlafman, que saiu pela Record, em 2005. Mais para frente quero ler o romance Bel Ami, que Maupassant publicou em 1885, em formato de folhetim na revista literária Gil Blas. Por ora é isso.

Lido entre 16/11 e 10/12/2017.

Anica 30/01/2011

125 Contos de Guy de Maupassant
Na apresentação dessa coletânea de contos de Guy de Maupassant publicada pela Companhia das Letras, Noemi Mortiz Kon conta que a educação literária do escritor ficou por conta de ninguém mais, ninguém menos do que Gustave Flaubert. A condição para ser aceito como pupilo é que escrevesse sem parar e que não publicasse seus primeiros textos. O resultado desse “treinamento” de Flaubert fica óbvio ao constatarmos o tamanho do livro (mais de 800 páginas) e a qualidade dos contos nele presentes. E se pensar que foram escolhidos (ou seja, outros ficaram de fora), temos aí um autor que realmente levou a sério a tarefa de escrever ininterruptamente.

Os 125 contos presentes na coletânea mostram o que há de melhor na prosa de Guy. Os grandes contos, mais conhecidos do público, como Bola de Sebo e O Horla estão lá, assim como obras geniais do horror, o caso do conto A Morta e Sobre a água. Retratos ácidos da sociedade em que vivia também ganham destaque, sempre com uma conclusão irônica a respeito do que foi contado.

A estrutura das histórias normalmente se repete, sendo que os contos normalmente começam com alguém que relatará algum evento que tenha algo a ver com o que está sendo conversado no início. Apesar da estrutura e dos temas se repetirem, o interessante é que Maupassant consegue tornar cada conto único, e muito bom. A leitura é feita com prazer, prende a atenção e chega a ser quase viciante: mal termina um conto, o leitor já deseja continuar seguindo em frente para o próximo.

A questão do retrato da sociedade também é bem interessante. Para pessoas que tem interesse no século XIX, mais precisamente na França do século XIX, Guy de Maupassant é simplesmente fundamental. O grande mural de personagens que ele cria, mostrando a burguesia de modo cínico, com todos os seus defeitos e mesquinharias é simplesmente genial. Não há maniqueísmo, há apenas a imperfeição humana sendo mostrada através de palavras.

E falar de Maupassant sem tocar na questão do horror é quase um crime. As histórias que ele escreve não deixam nada a desejar a grandes nomes como Edgar Allan Poe. Misturando elementos fantásticos ao cotidiano de uma maneira ímpar, alguns contos ficam um bom tempo na memória após a leitura. Cemitérios, mortos, escuridão. Os elementos se combinam criando um efeito surpreendente, que certamente agradará até quem não é muito fã de histórias de terror.

A seleção de contos de Noemi Moritz Korn é extremamente feliz. 125 Contos de Guy de Maupassant é daqueles livros para deixar na cabeceira da cama e ser degustado, página à página, tal e qual aquele chocolate caro e delicioso que você não deseja que acabe tão cedo. É um daqueles casos em que você vê o tamanho do livro e fica feliz por saber que tem muito, muito daquele autor ali para aproveitar.

(Um último comentário bem fútil: sou apaixonada pelo padrão das capas dessas coletâneas de contos da Companhia das Letras, mas essa roxa dos contos de Maupassant está entre minhas favoritas de todos os tempos. Ficou linda!)