spoiler visualizarZana 23/11/2015
Emilie de la Martinières vinha de uma das famílias mais aristocráticas da França. Seu pai Édouard de la Martinières era bem mais velho do que sua mãe e morreu quando ela era bem jovem. Já sua mãe, vivia tão ocupada com a vida social que não tinha tempo para se dedicar a ela, que sempre se viu relegada a segundo plano. Esta negligencia terminou lhe causando pouca autoestima, gerando cicatrizes físicas e emocionais, levando-a desprezar todo glamour da vida em sociedade. Assim, ela tomou a decisão de viver uma vida totalmente diferente da que lhe era esperada, ao invés de ser a típica princesinha francesa mimada, que abusa da arrogância apenas por causa do peso do sobrenome construiu uma carreira na área veterinária.
Quando sua mãe morre Emilie se vê como única herdeira dos de la Martinières, passando a ser responsável por um magnifico Château, seu santuário na infância, e por tudo que o acompanhava: uma admirável biblioteca contendo uma valiosíssima coleção de livros raros, uma vinícola gerenciada por Jean e seu pai Jacques Benoit, a governanta da casa Margaux e seu filhinho Anton. Em meio a complicada tarefa de tomar decisões e administrar seus bens, surge em sua vida o inglês Sebastian Carruthers dizendo que recentemente descobriu que sua avó Constance Carruthers e Édouard de la Martinières trabalharam juntos durante a Segunda Guerra Mundial. Como um cavaleiro em armadura reluzente, ele se oferece para ajudar, e tudo acontece muito fácil e rápido. Eles se casam e mudam para Blackmoor, propriedade de Sebastian na Inglaterra, enquanto o Château está em reformas. Chegando lá, Emilie descobre que seu marido dividia a propriedade caindo aos pedaços com um irmão deficiente chamado Alex, que sequer tinha mencionado. O irmão e o marido eram antagonistas declarados. Sebastian pinta o irmão como um cão chupando manga, insistindo para que a esposa não acreditasse em nada do que o irmão dizia, pois segundo ele, era um manipulador. Já Alex prefere permanecer calado. Sebastian passa a fazer viagens constantes deixando-a sozinha com Alex. Será que havia realmente um manipulador na história? Se havia, seria Alex ou Sebastian? E o que estaria por trás das constantes viagens de Sebastian?
Em dado momento da história Emilie descobre um misterioso quarto no porão do Château e Jacques Benoit passa a contar a história ocorrida durante a Segunda Guerra Mundial entre seu pai Édouard de la Martinières e a avó de seu marido Constance Carruthers. Constance era uma simples arquivista que foi recrutada e treinada para executar tarefas de comunicação e sabotagem como agente da SOE. Sua missão era se juntar à rede denominada “Cientista”, que operava predominantemente em Paris e suas redondezas. Antes de partir ela recebe a notícia de que seu marido, anteriormente desaparecido na guerra, tinha retornado à salvo para sua casa na Inglaterra. Chegando a França ela descobre que a rede Cientista foi descoberta pela Gestapo e os que sobraram tiveram que fugir e se esconder. Seguindo instruções ela vai pedir ajuda no endereço de um homem que era leal à causa, mas chegando lá ela se depara numa casa cheia de oficiais de alto escalão da Gestapo. Sem saída Édouard a apresenta como uma prima em visita, a partir de então, sob pena das ações de Édouard virem à tona, Constance fica presa a família de la Martinières sem poder exercer sua função de agente e entrar em contato com a SOE. Altos membros do escalão de Hitler, entre eles Falk von Wehndorf se interessa por ela, enquanto seu gêmeo Frederik se apaixona pela bela e cega irmã de Édouard, Sophia de la Martinières. Será que Constance estava confiando e tomando as decisões certas?
Muita coisa acontece e frutos do ocorrido no passado proporcionará sentido para todo o argumento do livro. Passado, presente e personagens vão se enredar e entrelaçar em narrativas intercaladas. A leitura é bastante envolvente. Quando o leitor está na narrativa presente se ressente da interrupção para entrar no passado, mas quando mergulha na história passada também se ressente do inverso. A falta de percepção e malícia de Emile irritou e houve falta de esclarecimento relativo ao comportamento da sua mãe, não obstante temos um argumento bem desenvolvido. A autora se concentra no desenrolar dos acontecimentos em si, sem dar maior enfoque na expressão do sentimento amoroso dos protagonistas. Somente por sentir falta dessa expressividade é que ‘A Luz Através da Janela’ terminou perdendo uma estrela no conceito final, entretanto ainda permanece enquadrado como bom e de leitura recomendável!