Resenhas - O Amor é um Cão dos Diabos

Vanessa 18/05/2010

O amor de Bukowski tem cheiro de cigarros e gosto de noite. Inebria como wiskey, se desmancha nas pautas dos cadernos e é eterno como sua poesia. Foi um amante da vida, por ter amado tudo numa simplicidade complexa e absoluta. Com uma intensidade prá se viver por toda uma vida

auroras 09/12/2022

O velho bêbado.
"eles estão em todo o lugar.
todos são escritores.
e quase todo escritor é um poeta."

O livro traz uma coletânea de poemas que contam um pouco do dia-a-dia de Charles Bukowski. Alguns poemas são realmente muito bons, mas outros me incomodam demais, principalmente por conta da visão machista e a representação misógina das mulheres do autor, alguns até cheguei a querer apagar da minha cabeça. A escrita dele é bem cortante, um ponto que sempre gostei no Bukowski é o seu modo direto com as palavras, ele não dá contornos ou enche linguiça, apenas escreve de forma direta. É um livro bem interessante de ser lido, mas sempre com o senso crítico ativado e por isso que acho que vale a pena ser lido, porque atiça o lado crítico e opiniões são debatidas acerca da temática de determinado poema. Gostei de reler esse livro, mas confesso que ainda prefiro o de poemas sobre gatos. Ainda tenho que ler os outros do Bukowski, estou criando coragem. A leitura é fácil, um dos motivos de eu ter optado por esse releitura foi a semana de provas, odeio ficar sem ler, só que estava precisando ler algo que não fosse necessário ter tanto foco. Para quem tiver interesse em conhecer mais sobre o velho safado fica aqui a minha indicação.

Lívia 21/11/2021

Superestimado
Okay, vamos lá. Primeiro de tudo: essa é minha OPINIÃO. Cada um tem a sua e não é preciso que sejam iguais. Se tu concorda com o que direi a seguir, legal; se não concorda, legal também, só não se exalte, por favor.

Há muito tempo tive meu primeiro contato com Bukowski através de trechos no tumblr. Adorava a maioria e sempre curtia e reblogava. Na minha cabeça quando eu lesse um livro dele iria realmente gostar. Não poderia estar mais enganada, coitada ?

Tentei ler este livro uma vez e não rendeu, acabei desistindo. Tentei ler "Mulheres" uma ou duas vezes e também abandonei. Tentei ler "O Capitão Saiu E Os Marinheiros Tomaram Conta Do Navio" duas vezes e eu te dou uma tortuguita se acertar o desfecho!! (é, não rolou e eu abandonei nas duas ocasiões). A questão é que eu estava decidida a ler um livro do cara, quase por birra. Tentei este mais uma vez e agora estamos aqui! :)

Fato número um: eu gosto da estrutura de seus poemas; a forma como ele os monta para contar uma história.
Fato número dois: eu não gostei da maioria de suas histórias.

Ler esse livro foi uma verdadeira montanha-russa: começou legal, com um frio na barriga de ansiedade para o que estava por vir, degustando aos poucos as voltas de cada poema, até que a coisa começou a ficar pesada e eu vomitei em tudo. Eu vomitei em uma porrada de poemas.

A verdade é que são repetitivos e mais do mesmo. Eu leio um poema e vou para o outro, mas eles são tão parecidos, falam da mesma coisa e do mesmo jeito, que parece que eu ainda estou presa no primeiro.
Claro que alguns eram realmente bons, e eu fiz alguns históricos de leitura salvando os nomes destes e de alguns trechos que eu achava interessante, mas isso foi mais para a primeira metade do livro, depois disso parece que desandou e tudo era sobre fod*** e afins. Literalmente tudo.

Às vezes tinha a sensação de estar lendo um livro de um garotinho que acabou de entrar na puberdade e acha que vai comer todas as menininhas da escola com o poder da testosterona. Mas, ei, surpresa! Você não é tudo isso. Baixa a bola, meu parceiro, tá nojento.

E por falar em nojo, o cara simplesmente escreveu sobre secar meninas de 13/15 anos. E sobre ir um pouco além disso. As situações beiram o ridículo e simplesmente não tem justificativa e nem necessidade de estarem ali. A forma misógina com a qual ele trata suas "namoradas" já é problemática por si só, mas chegar a fazer isso com menores de idade, no meio da rua, ao vê-las passando? Isso é nojento DEMAIS!

Outro ponto que quero destacar é a linguagem. No começo da leitura dá a entender que essa é uma característica de seu desleixo, para combinar com a estrutura despretensiosa de seus poemas e seus temas casuais. Mas chega um ponto que se torna cansativa e arrastada, já que como mencionei antes, é tudo igual.

Essa pose que ele tem de pessimista, de que não tá nem aí, que não se importa com o que os outros vão pensar, vadio, bêbado e mulherengo só funciona nos primeiros 15 minutos, depois disso é só massante mesmo.
Novamente: alguns poemas são BONS! Gostei de quando ele tratou da melancolia e sua visão do mundo de "cima do muro", sem participar, mostrando seu lado introspectivo. Mas aí ele começa a fo*** alguém, esquece tudo e seu único traço de personalidade vira passar o rodo em geral e ter um linguajar porco. Parabéns, nota zero.

Enfim, as estrelas são pelos poucos poemas que gostei e os trechos que destaquei.
Pessoa e Bandeira, me desculpem a ausência, estou voltando para vocês ????

Agnaldo 27/12/2021

A vida é uma tremenda cachorrada
Na vida as vezes precisamos sair um pouco da normalidade, da rotina, das regras de como viver o mundo, e é assim que o Bukowski consegue chamar nossa atenção com sua escrita e suas palavras nada convencionais. Creio eu que todo mundo já deve ter tido algum momento na vida onde queria simplesmente largar tudo e viver na completa loucura, mas por termos uma sanidade medíocre nunca concluímos essa idéia, diferente do próprio autor que viveu e nos mostrou esse lado que tanto nós fascina exatamente por ser algo quase proibido e fora da realidade. O Bukowski é o retrato de uma pessoa que foge ao sistema e vive a vida nua e crua.

Max 31/01/2024

Bukowski...
Sim, já tive uma fase "Bukowski" em minha vida. Daí, talvez, venha um pouco da identificação que tenho com sua poesia, tão autoirônica, nua, visceral, meio torta, sensual, louca e "sei lá mais o quê"!
A realidade é que ele nos hipnotiza com todo esse amontoado de palavras...
E como tantas das mulheres que se renderam ao seu charme, eu também me entreguei, me entreguei à sua marginal poesia...

Carlos Alberto 13/02/2011

O AMOR É UM CÃO QUE VEIO DO INFERNO.
A primeira vez que li Charles Bukowski eu simplesmente detestei. Seu contos. Não imaginava como um dos ditos grandes escritores americanos podia escrever de uma forma tão egocêntrica e ainda assim influenciar milhões de pessoas em todo o mundo. Na época em que li seus contos eu não sabia ainda uma coisa sobre a vida que talvez continue não sabendo, mas pelo menos consigo sentir hoje.

E agora, depois de Ler “O Amor é um Cão dos Diabos”, quarto livro que leio do velho safado, é lógico que sei que Charles Bukowski sim, é um dos grandes escritores americanos. Sua forma de escrever despretensiosa inspira a escrever também, seus poemas sem preocupação de métrica, forma ou qualquer outra coisa do tipo, contam histórias, assim como seus contos, de bebedeira, perdas, poucos ganhos, algum amor, algum sexo. Bukowski querendo ou sem querer, escrevendo sobre si ou sobre o mundo, acabou dando voz e nome aos “perdedores”, pessoas que não encontram seu caminho neste mundo e ainda assim continuam a caminhar, porque isso é a unica coisa que sentem que tem a fazer. Pessoas que não se adequaram às linhas pré-determinadas já construídas muito antes de qualquer um vir, e ainda assim não dão o braço a torcer, criando pobremente, mas com coragem seus caminhos.

Em “O Amor é um Cão dos Infernos” a Editora Pocket publicou 303 páginas com poemas do velho beberão Bukowski, que em seus poemas escrevia sobre isso, beber, foder, amar, escrever, viver uma vida, mais do que tudo viver uma vida. Bukowski sabia que se deveria tentar ao escrever, mas não tanto a se convencer de que o que estivesse escrevendo fosse salvar o mundo mais que a si próprio. Sabia que tinha que escrever porque as palavras surgiam, e tentar, mas não tanto, e escrever procurando o grande poema, mesmo sabendo que este quase nunca viria.

Suas experiências com a bebida, sexo, a vida com mulheres que podem enlouquecer sua cabeça e deixar você na miséria, são contadas por Bukowski tanto com desespero como com calma. Uma calma de quem via tudo passar, e sabia que tudo iria passar, e só o que tinha que fazer era sentar, abrir uma cerveja, escrever um pouco sobre, abrir outra cerveja e beber mais um pouco.


Cerveja

Não sei quantas garrafas de cerveja
Consumi esperando que as coisas
Melhorassem.
Não sei quanto vinho e uísque
E cerveja
Principalmente cerveja
Consumi depois
De rompimentos com mulheres –
Esperando o telefone tocar
Esperando o som dos passos,
E o telefone nunca toca
Antes que seja tarde demais
E os passos nunca chegam
Antes que seja tarde demais.
Quando meu estômago já está saindo
Pela boa
Elas chegam frescas como flores de primavera:
“mas que diabos você está fazendo?
Vai levar três dias antes que você possa me comer!”

A mulher é durável
Vive sete anos e meio a mais
Que o homem, bebe muito pouca cerveja
Porque sabe como ela é ruim para a
Aparência.

Enquanto enlouquecemos
Elas saem
Dançam e riem
Com caubóis cheios de tesão.

Bem, há a cerveja
Sacos e mais sacos de garrafas de cerveja
E quando você pega uma
As garrafas caem através do fundo úmido
Do saco de papel
Rolando
Tilitando
Cuspindo cinza molhada
E cerveja choca,
Ou então os sacos caem às 4 horas
Da manhã
Produzindo o único som em sua vida.

Cerveja
Rios e mares de cerveja
Cerveja cerveja cerveja
O rádio toca canções de amor
Enquanto o telefone permanece mudo
E as paredes seguem
Paradas e estáticas
E a cerveja é tudo o que há.



Medo

Ele se aproxima do meu fusca
Depois que já estacionei
E segue pra lá
E pra cá
Rindo ao redor de seu
Charuto.

“Ei Hank, tenho reparado
Nas mulheres que têm frequentado
Sua casa ultimamente... Só coisa
Fina; você está fazendo seu trabalho
Direitinho.”

“Sam”, eu digo, “Isso não é
Verdade; sou um dos homens mais solitários
Que Deus pôs neste mundo.”

“Temos umas garotas bacanas no
Puteiro, você devia experimentar uma
Delas.”

“tenho medo desses lugares,
Sam, não posso nem entrar.”

“Eu lhe mando uma garota então,
Artigo de luxo.”

“Sam, não me mande uma puta,
Eu sempre me apaixono por
Elas.”

“Certo, amigo”, ele diz,
“Me avise se mudar
De idéia.”

Eu o vejo se afastar.
Alguns homens estão sempre
No controle do seu jogo.
Para mim, a maior parte do tempo
É confusão.

Ele pode partir um homem
Ao meio
E não sabe que é
Mozart.

De todo modo
Quem quer ouvir
Música
Numa noite chuvosa de
Quarta-feira?


Charles Bukowski - O Amor é um Cão dos Diabos – Love is a Dog fron Hell
Tradução de Pedro Gonzaga
Editora Pocket
303 páginas

Camila1856 01/10/2023

Brutal
Bukowski tem um talento inexplicável para expor em seus textos as emoções humanas mais sujas e obscuras. Confesso que em algumas partes o tema dos poemas são pesados, mas acredito que é proposital, o autor deseja mostrar de um modo muito próprio que aquela é a realidade de uma grande parte das pessoas e que na verdade as pessoas são podres por dentro, mas também são profundas e bonitas. Fora que o senso de humor ácido do autor deixa tudo melhor.

Caroline457 05/03/2023

Indico, porém depende.
Já esperava essa dose de loucura por ser um livro do Bukowski, uma figura um tanto quanto "problemática", mas não sei se estava realmente preparada para isso aqui. Nesta coletânea, fui aos dois extremos, amei e odiei, simplesmente pelo fato de alguns dos poemas serem estranhamente incríveis enquanto outros são apenas baboseiras. Podemos ver muito do próprio autor na obra, principalmente a relação de sua vida com o abuso de drogas e bebidas, mulheres e sexo (principalmente). Me senti extremamente desconfortável em algumas passagens por conta dessa fala nitidamente machista e até mesmo misógina.

Se você é uma pessoa que gosta de lirismos, rimas e de uma linguagem bem trabalhada então, provavelmente, este livro não é pra você. A coletânea, como um todo, é escrita de forma bem crua, direta e simples, e acho importante que as pessoas saibam disso antes de ler.

Meus poemas favoritos foram: "um poema para a velha dente-podre", "462-0614", "como você não está fora da lista?", "o estouro", "castanho-claro",
"melancolia", "um poema rude", "meus camaradas" e "meu velho".

lcsfagundes_ 11/07/2023

Velho safado
Ele levou o apelido de velho safado, mas podem ser usados, também, outros adjetivos:
velho nojento
velho machista
velho misógino
velho pedófilo
velho racista

Alberto 24/06/2022

Diário de um "velho safado"
"Esse dia foi louco" provavelmente era qualquer dia na vida do Charles Bukowski. No livro, que tem um óbvio caráter autobiográfico, prostitutas, sexo e muito álcool são assuntos recorrentes em cada poema. Não é de se admirar, com essas temáticas, que Bukowski tenha ficado conhecido como "Velho safado".

Ele trata de outros temas também, como apostas em corridas de cavalos, pessoas miseráveis com as quais ele teve contato e experiências escatológicas. Tudo isso em um estilo extremamente livre, sem preocupações estruturais. Ele escreve como fala, muitas vezes é repetitivo, deixando o texto sem revisão.

No começo do livro, fiquei pensando "por que estou perdendo meu tempo lendo sobre as experiências sexuais desse velho pervertido?" Mas ele traz o cotidiano real de muitas pessoas que vivem na marginalidade. E é tanta coisa que dá errado para ele, que acabam sendo boas histórias. Acho que é como Ariano Suassuna disse: "Tudo que é bom de passar é ruim de contar. E tudo que é ruim de passar é bom de contar."

Não acho que Bukowski tenha sido um exemplo a ser seguido, mas resta alguma reflexão da sua vida. Afinal, de vez em quando, é bom sair da mesmice de, como disse o autor, "esperar pela morte com tanta paixão quanto um sinal de trânsito" e poder dizer em algum momento que "esse dia foi louco".

herbert.goncalves 15/02/2021

“pessoas tão cansadas, mutiladas, tanto pelo amor como pelo desamor. as pessoas simplesmente não são boas umas com as outras cara a cara”
expõe as vísceras da realidade, revolve o cotidiano, e, de onde nem se pensa que sairá um poema, brotam versos de pura genialidade. em resumo, charles bukowski é extremamente foda.

site: https://filmow.com/usuario/herbert_

Priscilla 04/04/2021

É poesia, mas não é doce, lenta, nem saudosa. É poesia urgente, imetiada, livre, sem preocupações com a estrutura, é autobiografica. É dificil pra mim me relacionar com o Charles Bukowski em si, mas me relacionei um tanto com a forma de narrar dele, o humor irônico, a impaciência dele.
"a próxima vez que o telefone tocar
será um poeta.
a próxima pessoa a bater na porta
será um poeta
aquele ali ensina
e aquele outro vive com a mãe
e aquele lá está escrevendo a história de
Ezra Pound.
oh, irmãos, somos as mais doentes e
as piores criaturas da raça."

marisa13 12/06/2021

Pior livro que eu já li
Eu estou completamente revoltada com esse livro... eu já li livros ruins, e não foram poucos não, mas nunca li um com nível tão baixo de qualidade quanto esse.
Primeiramente, uns três ou quatro poemas se salvam, mas nem esses são bons, são razoáveis. A tradução pode ter colaborado pra isso pq achei a escrita péssima.
Segundo, eu nunca li tanta misoginia na minha vida, o jeito que as mulheres são descritas aqui dá nojo. Eu me senti extremamente desconfortável com 99% dos poemas, nunca li outras coisas do autor (e agora nem quero) mas não creio que seja justificável esse desrespeito, essas babaquices que ele escreve.
Terceiro (e último pq todos os pontos ruins não caberiam na resenha), o cara escreveu sobre crianças de 13 anos de um modo sexual ???? e depois sobre uma menina de 15, eu não consegui acreditar quando eu vi essa merda.
Enfim, é lamentável que o Bukowski seja um poeta tão admirado e famoso sendo o velho escroto que ele é. Ainda que os poemas não sejam autobiográficos (pouco provável pois todos levam a entender q falam sim do autor), ainda seria um absurdo. Não recomendo pra ninguém, espero que quem goste reveja seus conceitos pq só pode ter algo errado aí.

Vee 20/08/2020

Oi, tchau!
Minha primeira experiência com esse autor, foi um misto de sentimentos, me disseram que ou você ama ou odeia Bukowski, bom já escolhi meu lado