Stefânea 26/02/2019
"Não sentia nenhum rancor contra a sociedade porque não fazia parte dela. Há muito tempo já tinha me conformado com esse fato."
Ler Buk é sempre uma experiência muito boa, então foi bem legal.
"A gente começa a salvar a humanidade salvando uma pessoa de cada vez; todo resto é delírio romântico ou político."
Os títulos das obras de Bukowski sempre deixam bem claro a mensagem que ele quer passar, e com essa não seria diferente. Lançado pela primeira vez em 1983, os 34 contos desse livro retratam pura e simplesmente o cotidiano de uma vida louca. E se tratando do velho safado, não podia ser diferente: todos são fortemente autobiográficos.
"Saí da cela e fui dar uma olhada no catálogo telefônico. Só então percebi que não tinha nenhum amigo. Continuei folheando as páginas."
Mesmo bêbado, deprimido e com fome, o personagem principal, imaginando que só existe um, consegue fazer fortes reflexões filosóficas, sociológicas e até mesmo políticas. Mesmo depois de ter seu coração partido, Buk consegue pensar de forma consciente e quase racional, como as tragédias de sua vida o impulsionassem. Suas teorias sobre como a sociedade torna o homem louco, são fenomenais e muito lógicas. E ele, tendo consciência de sua própria loucura e fragilidades, passa isso para o papel com genialidade. •
"e os hospícios tem paredes acolchoadas por causa de uma sociedade que usa as pessoas como se fossem peões de uma partida de xadrez."
Charles Bukowski nos expõe nesse livro, um cotidiano de bêbados, putas e marginais. É o 'antisonho' americano. Seu cotidiano. Ele, sob a visão de muitos, era um completo fracassado. Mas ele era tão genial, que usou o fracasso a seu favor, e isso é perceptível em suas palavras. A realidade vulgar e suja narrada por ele nos choca, faz rir e chorar. A ponto de nos sentirmos na sarjeta. E sempre caindo mais.
"Quando já se está quase sem alma e se tem consciência disso, é porque ainda se existe."
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