Barba ensopada de sangue

Barba ensopada de sangue Daniel Galera




Resenhas - Barba ensopada de sangue


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Juh 10/05/2022

Conheci Daniel Galera em uma aula de teoria literária, pouco tempo depois comprei este livro. Galera é uma das grandes promessas brasileiras, um escritor super bem avaliado e criticado. Ele esteve em uma edição de jovens escritores da revista Granta. É o primeiro livro dele que leio... tenho boas expectativas! ?

Barba ensopada de sangue (2012) - Daniel Galera

Resenha da Editora

Neste quarto romance de Daniel Galera, um professor de educação física busca refúgio em Garopaba, um pequeno balneário de Santa Catarina, após a morte do pai. O protagonista (cujo nome não conhecemos) se afasta da relação conturbada com os outros membros da família e mergulha em um isolamento geográfico e psicológico. Ao mesmo tempo, ele empreende a busca pela verdade no caso da morte do avô, o misterioso Gaudério, que teria sido assassinado décadas antes na mesma Garopaba, na época apenas uma vila de pescadores. Sempre acompanhado por Beta, cadela do falecido pai, o professor esquadrinha as lacunas do pouco que lhe é revelado, a contragosto, pelos moradores mais antigos da cidade. Portador de uma condição neurológica congênita que o obriga a interagir com as outras pessoas de modo peculiar, o professor estabelece relações com alguns moradores: uma garçonete e seu filho pequeno, os alunos da natação, um budista histriônico, a secretária de uma agência turística de passeios. Aos poucos, ele vai reunindo as peças que talvez lhe permitam entender melhor a própria história. É também com lacunas e peças aparentemente díspares que Galera constrói sua narrativa. Dotado de um senso impecável de ritmo, ele alterna descrições ricas em sutileza e detalhamento com diálogos ágeis e de rara verossimilhança, que dão vida a um elenco de personagens inesquecíveis. Barba ensopada de sangue resgata e leva às últimas consequências temas e conflitos das obras anteriores do autor, tais como: a construção da identidade e, nesse processo, as dificuldades que enfrentamos para entender e reconhecer os outros; a necessidade inconfessa de uma reparação talvez inviável; a busca pela unidade entre mente e corpo; o consolo afetivo que o contato com a natureza e os animais é capaz de nos proporcionar; os diversos tipos de violência que podem irromper em meio a uma existência domesticada. ?Barba ensopada de sangue é um livro muito forte e Daniel Galera, um escritor admirável - sério, robusto, tranquilo. E este é também um livro assim, desde a primeira página. Como alguém que sai de casa sabendo exatamente para onde quer ir. Vai firme, mas não apressa o passo.? - Gonçalo M. Tavares ?Li com muito prazer, capturado pelas tramas abertas e trágicas. Me agradou especialmente o tom musical da prosa e o modo como os diálogos precisos e rápidos servem de contraponto à ação. Para felicidade do leitor, a imagem aterrorizante do título é apenas moldura para um romance lírico e sentimental.? - Ricardo Piglia ?A um tempo engenhoso e desprendido, alternando entre o grau zero e o alto grau da escrita...
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Newton Nitro 21/12/2014

Autoconhecimento versus Autoesquecimento nesse romance sensacional de Daniel Galera!
Barba Ensopada de Sangue é o quarto romance de Daniel Galera, e minha primeira leitura do autor, de quem ouvi falar muito bem pelos blogs de literatura internerd a fora. Mas não sabia que iria gostar tanto do seu livro, uma espécie de Heart of Darkness tropical, uma jornada de autoconhecimento ou autoesquecimento bem brasileira.

Motivado pela morte do pai e pelo mistério que circunda a morte de seu avô, o protagonista, um professor de educação física que nunca ganha nome na narrativa, sendo chamado sempre de “ele”, segue para Garopaba, uma cidade litorânea em Santa Catarina, um local turístico com praias paradisíacas como centenas de outras pelo Brasil. A partir dessa premissa, a narrativa perambula entre o cotidiano da vida “fora de estação” na cidade de Garopaba e a procura sobre a verdade sobre o avô.

Com essa espinha narrativa, Galera mergulha o leitor no universo particular de Garopaba com grande precisão, perfurando as ilusões metropolitanas da suposta vida paradisíaca em uma cidade praiana no Brasil, mas com realismo, sem cair no melodrama. Mães solteiras que se drogam em festas à noite e que ralam nos restaurantes e lanchonetes que servem turistas, kiosqueiros budistas que enchem a cara e pedem dinheiro junto de tiradas filosóficas, a depressão e o sofrimento que vêem à tona nos habitantes nos períodos da baixa temporada, a mistura de violência, hedonismo, complacência e resignação dos nativos, o surrealismo dos confrontos de um período de eleições em uma cidade pequena, as novas configurações das neuroses urbanas da classe média urbana radicada nesse suposto “paraíso tropical”, a cultura dos “malucos BR” e a camada de tensão “nativos-versus-de-fora” que existe sob a película de cordialidade brasileira, prestes a se irromper, permeiam a narrativa de investigação criando uma espécie de noir-existencialista-tropical.

Ou seja, DOIDIMAIS VÉI!

Técnicas Literárias:
O romance tem um meio falso começo-meio prólogo em primeira pessoa, narrando eventos pós-narrativa e depois entra de cabeça na narrativa em terceira pessoa limitada, mas sem nunca revelar o nome do protagonista.

Monólogos interiores e memórias se misturam nas cenas, transições de tempo bem feitas, e um POV narrativo desafiador, pois o protagonista tem prosopagnosia, é incapaz de reconhecer rostos.

Os diálogos, muito bem feitos por sinal, e não possuem marcadores (”disse”, “respondeu”, etc.), e muitas vezes se misturam no texto, bem ao estilo do Cormac McCarthy e vários outros autores contemporâneos.

Personagens bem construídos, com destaque para a cachorra Beta, que adorei. A pressão narrativa da vida emocional e na angústia do protagonista foi construída aos poucos, por camadas, pacientemente, até transbordar no clímax mitológico da história.

Detalhismo nihilista à moda do David Foster Wallace reforçando a falta de sentido e o absurdo dentro da vida contemporânea.

A narrativa é feita em tempo presente, que dá um certo imediatismo e contrasta com os tempos do passado no prólogo e outras interjeições de textos em itálicos narrados em primeira pessoa.

Descrições dinâmicas, algumas até poéticas e muito bem feitas, ressaltando detalhes específicos, mostrando mais do que contando e envolvendo os sentidos.

Temas, tropos e referências:

A narrativa mistura jornada de autoconhecimento e auto esquecimento, um processo de mitologização do protagonista (o processo de formação de uma lenda ou mito pessoal.

A jornada do civilizado para o selvagem (que me lembrou Heart of Darkness) é bem clara, e marcada por vários símbolos (a barba, o comportamento do protagonista, até mesmo sua linguagem muda ao longo da narrativa).

O estado de alienação, marcado no protagonista biologicamente com a prosopagnosia, junto com o perambular sem destino do protagonista lembra as narrativas existencialistas dos anos 50 e 60, o protagonista é mais um “estrangeiro” de Camus.

A narrativa lida também com existencialismo, nihilismo, budismo, a questão do destino versus livre arbítrio, a ilusão da identidade pessoal, a ilusão das memórias, ego e a violência psíquica de quando tentamos persuadir o outro.

E mais uma vez ressoa a dificuldade de sentir, de ter sentimentos autênticos e não simulados, e a busca desesperada pela experiência emocional do real sem nenhum tipo de filtro, que é o drama contemporâneo que mais aparece na maioria das expressões artísticas dos últimos vinte anos.

O protagonista me lembrou o Louco do tarô, andando a esmo com seu cachorro, guiado pela falsa dicotomia do destino e do livre-arbítrio. O companheiro animal também me fez lembrar Ulisses (junto com toda as imagens de mar, jornada, praia, barco, bote, etc. E em uma relação muito doida, porque fiz a leitura a pouco tempo, o protagonista me pareceu uma versão mais humana do Lester Ballard, o monstro barbudo e violento do Child of God, do Cormac McCarthy, mas que encontra uma forma de interromper a descida completa à pura selvageria, acredito, por conseguir refazer sua ligação emocional com a humanidade.

O romance tem versões subvertidas do tropo do Encontro com o Mestre, um desses encontros é moralmente ambíguo e o outro é violento e inesperado. Curti demais!

Recomendo o livro, é muito bom, não consegui parar de ler! Só um toque, Barba Ensopada tem uma pegada mais literária, com várias tangentes narrativas explorando o passado do protagonista, sua busca de identidade, o universo de Garopaba, seus relacionamentos, etc. e muitas delas sem fechamento, em uma imersão imagética meio cinematográfica mesmo. Eu curto, é um estilo mais na tradição dos "romances de fôlego" norte americanos (David Foster Wallace, Cormac McCarthy, Pynchon, etc.). Esteja avisado!

É um romance para fazer pensar e que dá vontade (misturada com um pouco de medo) de conhecer Garopaba. Medo porque, imagina você andando na praia e encontrar um véio barbudo lhe oferecendo flores, saiba que isso não é Impulse (piadinha para os tiozões anos 80!). Vai por mim, sai correndo e só pare em Porto Alegre vééééi! :)
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Lahdutra 13/03/2015

INTENSO
Barba é aquele tipo de livro que fica marcado na memória e custa a nos abandonar; é aquele tipo de livro que nos deixa com saudades de seus personagens, porque nos tornamos amigos e queremos acompanhá-los por mais tempo.
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arantxa 27/10/2022

Bom
O início é bem morno, continuei lendo porque a escrita era boa, porém lá pro meio o livro pega o ritmo e tu não consegue parar de ler porque fica curiosa pra saber como tudo vai terminar.
Mas a história em si, não tem nada de UAU. As partes do avô são sem pé nem cabeça, me deu certa raiva ate.
O final também, é de arrancar os cabelos, enfim.
É um livro legalzinho de se ler quando tu não quer "fritar" o cérebro.
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Carla 05/12/2015

Não gostei da impossibilidade de imaginar o cenário da trama, uma vez já conhecendo todos os lugares e situações onde se passa (Porto Alegre, Garopaba). O título não faz sentido na minha opinião e a narração na terceira pessoa em dados momentos confunde os diálogos. Todavia, o FINAL é surpreendente, maduro e coeso! Muito bom.
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selvia.ribeiro 26/01/2016

Uma viagem para Garopaba
Vi alguém do YouTube mencionando esse livro e logo de cara resolvi que iria lê-lo sem nem mesmo passar o olho sobre a sinopse ou ouvir qualquer coisa sobre o mesmo. A capa e o título me chamaram muito a atenção. Barba Ensopada de Sangue, um nome muito forte. Ensopada é uma palavra tão gostosa de falar que eu fiquei falando o título desse livro um monte de vezes. A capa também é super chamativa, parece que foi escrita com o dedo em cima de uma poça de sangue ou sobre um espelho embaçado. Se não me engano essa edição possui mais duas opções de capa no mesmo estilo apenas em cores diferentes, uma verde e uma azul.

Como já disse não li nada sobre o livro quando comecei a ler e cada página foi uma descoberta a mais até que fiquei muito envolvida na história.

Quando o protagonista é apresentado pela primeira vez ele esta tendo uma conversa meio complicada com o pai, e nessa conversa seu pai lhe conta uma história misteriosa sobre como seu avô teria morrido na cidade de Garopaba, no sul do país. Assim, depois da morte do pai, e querendo um pouco fugir das relações familiares difíceis, ele resolve ir para Garopaba, em Santa Catarina e lá empreende uma busca sobre a verdadeira história sobre a morte do avô em companhia de Beta, a cadela que era de seu pai. E é em cima desse mistério que o livro se desenvolve.
As descrições do autor durante o livro são deliciosas, ricas. É tão rica que Garopaba entrou na minha lista de lugares para visitar. Em determinados momentos a gente se sente realmente caminhando pela cidade, nadando no mar e conversando com os nativos. Esses detalhes foram o que para mim deixaram o livro mais gostoso. Parecia que eu realmente estava vivendo a vida do nadador. É muito realista.

Quando o protagonista se muda para Garopaba é o fim da temporada de verão, o que significa que a cidade já esta às moscas e a maioria dos comércios estão fechando ou para fechar. Ele detalhou perfeitamente a situação das cidades de veraneio quando não é verão, o lugar e os moradores meio que dependem do verão ficam quase em estado de hibernação, apenas esperando o verão voltar. Inclusive há um momento que uma das personagens comenta que os problemas psicológicos da região também respeitam essa sazonalidade, deixando as pessoas mais surtadas durante o inverno. Lembrando que como o autor fala, nesse tipo de região tudo que não é verão é inverno.

Nosso protagonista tem uma doença raríssima que o impede de memorizar fisionomias. Quando ele conhece uma pessoa, alguns minutos depois de virar as costas ele já não se lembra mais do rosto. Inclusive seu próprio rosto, que se não estiver olhando em um espelho ele não se reconhece.

Quando seu pai lhe contava a história sobre seu avô, o Gaudério, também mostrou a ele uma fotografia de quando este era jovem e isso o deixa mais impressionado ao se ver numa fotografia que não era dele, mas poderia ser se não tivesse sido tirada a muitos anos. Isso o deixa mais intrigado com a história da morte do velho Gaudério.

Outra coisa que talvez você se dê conta é que o nome do personagem principal nunca é mencionado. E confesso que fiquei completamente surpresa ao perceber isso. Como já disse só fui ler a sinopse do livro depois de já ter lido o livro e me surpreendi ao me dar conta que durante o livro todo seu nome nunca foi mencionado. Era sempre o professor, nadador, neto do Gaudério... Mas estava tão envolvida na história que não me dei conta disso até ler a sinopse (me julguem). Se você ler o livro também vai se apaixonar pela Beta, a cadela do nadador é tão protagonista quanto o próprio e seu papel é importante na história.

O livro não tem ação e aventura, então se você quer um livro sobre isso não é o livro certo. Vai haver alguns momentos de suspense psicológico. Os questionamentos que o personagem faz pela cidade sobre a morte do avô não agradam muito os moradores e todos ficam muito incomodados quando ele resolve se mudar para lá. Mesmo passando muito tempo da morte do avô Garopaba ainda tem receio de conversar sobre o assunto, por isso o protagonista quase sempre é rechaçado e ouve ameaças veladas quando o assunto é mencionado.

Em suma é um livro delicioso de se ler. A construção dos diálogos, as descrições, tudo deixa a história muito envolvente e você vai ler sem sentir. Gostei tanto da escrita do autor, que já estou procurando outros livros dele para leitura.

site: http://selviavanilla.wix.com/entregirassois
@estantedajulia 22/08/2016minha estante
Acabei de descobrir esse livro e pirei por ele se passar na minha cidade maravilhosa, Garopaba. Eu adorei a sua resenha e pelo visto o autor soube capitar muito bem esse negócio de nós, moradores, dependermos totalmente do verão (eu, por exemplo, só trabalho na temporada). Venha visitar, pois essa cidade é linda. Novamente, adorei sua resenha e me deixou com mais vontade de ler a obra.


Rox 03/10/2017minha estante
Acabei de ler o livro e numa tentativa de não me despedir ainda dele vim ler as resenhas. A sua foi perfeita!!


Rox 03/10/2017minha estante
Acabei de ler o livro e numa tentativa de não me despedir ainda dele vim ler as resenhas. A sua foi perfeita!!


selvia.ribeiro 19/10/2017minha estante
Obrigada!




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Mila 26/06/2016

Fogos de artifício que queimam antes de brilhar
O título da minha resenha tem a intenção de descrever o exato sentimento que tive quando terminei de ler a última página desse livro. É um livro pacato, sem grandes tensões, sem grandes reviravoltas. Extenso demais para contar uma história simples. No entanto, achei que as descrições pormenorizadas e a preparação do cenário trabalhariam para definir o tom do desfecho, mas o livro terminou morno e deixou-me órfã de explicação, de fatos, de reações. Podia ter enfeitado os céus, mas na minha opinião, queimou sem força, sem luz.
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Ana Roza 28/11/2016

para quem gosta de gírias e construções de personagem
Devo confessar uma coisa meio babaca da minha personalidade: nunca li muito literatura brasileira. Não preconceito, mas preguiça mesmo. Talvez a escola tenha essa parcela de culpa em não nos apresentar algo mais conteporâneo e mesclar diferentes gêneros, como André Vianco e Machado de Assis, mas de qualquer forma, assumo a culpa. E por preguiça, quando meu amigo falou que estava lendo um autor gaúcho, estranhei levemente esse pequeno achado pessoal dele. Era uma novidade boa, porém. Antes de embarcar em sua missão como mórmon, ele me presenteou com o então “Barba Ensopada de Sangue”, do Daniel Galera – e foi o melhor presente que ele já me deu.

O livro é curioso, com um ritmo próprio, o que o torna cativante para alguns e maçante para outros. No meu caso, explodiu minha cabeça com as novas possibilidades de escrita narrativa que eu reconheci. Logo nas primeiras páginas você encaixa sua leitura com a voz do autor e sua forma de estruturar o texto de maneira humana e objetiva. Essa foi a parte da leitura que mais me chamou a atenção: a facilidade de se contar uma história.

Daniel consegue estruturar um suspense em meio a vida pacata de um treinador físico. Com metáforas leves e sem muitas conclusões constantes sobre o desenrolar dos dias, ele narra a passagem de vida do protagonista dentro de uma pequena vila/cidade catarinense após o suicídio do pai.

Gaúcho, como o autor, ele logo nos cativa com o sotaque sulista. Bem, como sulista, meu sangue adora esse tu carregado de sorriso, mas como catarinense, admito que nada é mais charmoso que um “bá, tche!” bem colocado. Falas curtas, que se atém a explicar diretamente o que precisa ser explicado, também são uma boa forma de continuar a concentrar os leitores em uma história calma e misteriosa, ao mesmo tempo. A história, em si, é formada por camadas curiosas e um desenrolar anacrônico.

O número de protagonistas é limitado e bem construído, cada um com características próprias bem definidas – características, essas, ainda mais interessantes pelo fato que o protagonista (cujo qual o nome nunca é dito) não consegue reconhecer rostos por uma condição genética; seu cérebro apaga em sua mente qualquer traço conhecido, até mesmo os próprios que ele mira em frente ao espelho.

Essa confusão é ponto chave para o início da caminhada do rapaz em procurar mais informações sobre seu avô após o suicídio de seu pai. O homem só sabe que ele fora assassinado anos antes e se muda para a mesma cidade. É quase um ato automático, como um distanciamento justificado. Tendo a fisionomia extremamente parecida com a do velho parente, ele procura por indícios da vida do seu antepassado que permanecem como um segredo velado do local.

Me apaixonei pelo livro pela maneira simples e direta em que o protagonista leva a vida, cada vez mais se transformando no próprio avô que ele procura. A linguagem, o charme que uma cidade pequena transmite como um personagem em si e todos os detalhes de um romance atual e bem trabalho; Daniel conseguiu reunir pedaços desencaixados de um grande quebra-cabeça, e fez sentido.

***

Originalmente postada em Garagem de Luxo, com dicas de compra.

site: http://garagemdeluxo.com/analise-barba-ensopada-de-sangue-daniel-galera/
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Franco 20/12/2016

História boa, escrita leve.
O livro começa com uma motivação típica dos romances policiais (um assassinato mal explicado). Disso, passa a divagar através de um protagonista contemplativo (o cara tá meio que em crise existencial). E nesse ínterim é preenchido com acontecimentos e personagens secundários (um mais louco, divertido ou bizarro do outro). No final, quando você acha que nada disso fará sentido, tudo se amarra e você tem uma história realmente gostosa de ler.

O cenário da trama é uma pequena cidade litorânea de Santa Catarina, e o livro tem ótimos trechos ao descrever a rotina dessa cidade, em especial fora de temporada, quando chove, faz frio, e as únicas pessoas na areia são pescadores e nativos.

Assim, propositadamente, o livro 'brinca' com essa ideia presente em quase todos nós de que seria ótimo poder morar na praia levando uma vidinha pacata e tranquila. O protagonista também segue nessa ideia, assim como muitos personagens. Mas aí, a seguir, o livro provoca: uma vez estando lá na praia, nossas inquietações existenciais se resolvem mesmo, ou quem sabe nosso problema é outro? Será que o buraco não é mais embaixo e o tal do 'morar na praia e pegar onda' não seria somente uma falsa promessa de felicidade? Sim, com sutileza e sem presunção, o livro trata sobre a incansável busca por sentido e coerência nessa vida besta.

Na sua escrita, o livro exige uma pequena dose de adaptação. A forma de trazer os diálogos é um tanto fluida, não demarcando bem um estilo e a gente demora um tantinho para se acostumar com isso. A presença da linguagem regional gaúcha também é notável, o que pode ser de maior estranhamento para quem não tem um contato prévio com ela. Aliás, o autor optou por escrever os diálogos conforme a linguagem falada (sem muitas vírgulas, com mais gírias, com verbos e palavras reduzidas), o que também gera um certo estranhamento até se acostumar com isso. Nada que estrague a leitura, mas de início dá umas travadinhas.

Por outro lado, a composição dos episódios secundários dentro da história principal ficou bem eficiente. É com eles que a gente tem doses de humor, aventura e até um pouco de romance enquanto giramos naquele eixo principal, que é a pegada de mistério (o assassinato mal explicado). A escrita ágil, indo daqui para ali de uma linha para outra, faz a leitura correr num ritmo nada cansativo. E as mais ou menos frequentes menções à cultura pop dão um arzinho de familiaridade, aquela sensação de fazer parte do universo ficcional e que geralmente falta na leitura de obras clássicas ou históricas.

No mais, vale destacar as pequenas tiradas filosóficas que às vezes aparecem num diálogo ou mesmo pelo narrados onisciente, e também as descrições detalhadas (mas não maçantes) das coisas e situações.

É, enfim, um livro de boa leitura, com conteúdo de diversão e reflexão, cujo efeito é sair por aí procurando outras obras do autor.
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Mari 26/02/2021

Grata surpresa
A leitura foi uma daquelas que vai crescendo e te envolvendo mais a cada capítulo. Os personagens são tão vivos e cativantes que se quer passar horas e horas com eles querendo saber mais e vivendo junto. Uma história famíliar de um homem só, com questões e dramas que acredito sejam comuns a todos nós. Com certeza irei ler de novo .
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Vicente Moragas 29/03/2017

A história mais nonsense que você respeita.
E tenho dito.
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DaniM 04/01/2018


Um personagem sem nome se isola da família e amigos após o suicídio do pai e parte em busca da verdade por trás da história obscura de vida do seu avô. Nessa “viagem”, ele também vai tentar digerir os próprios dramas.
Nunca tinha lido Daniel Galera e sua escrita não me conquistou. Sei que ele é bem hype, seus livros viram filmes e são premiados e publicados mundo afora, mas achei-o detalhista demais em momentos extremamente monótonos da história, enquanto passa batido por momentos cruciais da narrativa. Demorei um século pra terminar, o que pra mim é um péssimo sinal.


site: https://www.instagram.com/danimansur/
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