Sabrina758 06/08/2022
Em O demônio do meio-dia, Andrew Solomon vai dissecar a depressão e suas particularidades, desde uma visão pessoal quanto um excelente trabalho de pesquisa, historiografia e entrevistas realizadas ao longo dos 10 anos de escrita. É um livro denso e intenso, não por ter uma escrita acadêmica, mas por sua temática e quantidade expressiva de informações, tocando em vários pontos sensíveis.
Da experiência pessoal, tanto do autor quanto dos entrevistados, vai ser debatido as diversas teorias e estudos sobre a(s) causa(s) da depressão, de que forma ela afeta as pessoas e a sociedade em si, políticas públicas, tratamentos, história e cultura. Para além de uma experiência riquíssima, e não só pra quem é da área, observamos um cuidado e, também, uma crueza e sensibilidade incomparáveis ao contar essas histórias e experiências, nos permitindo entender o que se passa na cabeça dessas pessoas, compreendendo de uma maneira mais íntima como é estar depressivo e de que forma podemos contribuir e provocar mudanças, afinal é uma questão de saúde pública. Mas, de verdade, nada poderia me preparar para o que eu senti ao ler os relatos e sentimentos dessas pessoas, suas percepções sobre a vida e o diagnóstico. Foi duro e bonito ao mesmo tempo.
Apesar de ter algumas questões com algumas falas e debates (por exemplo, sobre a eletroconvulsoterapia e a psiquiatria evolucionista) entendo que o objetivo não era dizer o que é melhor, mais eficaz e correto, mas apresentar possibilidades e pontuações positivas e negativas sobre quase tudo que foi tratado no livro. Não há nada conclusivo, pelo contrário, Solomon nos convoca o tempo todo a questionar e refletir. Sem sombra de dúvidas, uma das obras mais completas sobre a depressão, mantendo seu posto mesmo após 21 anos de sua primeira publicação.