Vanessa Meiser 28/04/2014- Anita!
Ainda não consigo acreditar. Ainda me assusto ao ouvir essa voz pronunciar meu nome, mas de um jeito diferente. Anita. Eu sou Anita. Pág 41.
Ana Maria de Jesus Ribeiro nasceu em 30 de agosto de 1821 em Laguna, SC.
Segundo sua mãe, ela nasceu no mês do desgosto e isto por si só já dizia muito do seu futuro. Ela nunca foi como as outras meninas, gostava de cavalgar, atirar com arma de fogo, vestir-se como um garoto, não gostava de vestidos e nem de arrumar o cabelo, coisas que sua duas irmãs mais velhas adoravam. O padre da sua cidade a chamava de "sangue do diabo", o que a deixava magoada, mas sem entender o real motivo da hostilidade já que ela só seguia seus instintos. Este fato a afastou da igreja e a fez ter certa aversão à padres e crenças.
Neste livro conhecemos a fundo a sua personalidade, seus sonhos, suas aspirações.
Não se trata de uma biografia, é um romance contado ora pela própria Anita, ora por Miguel, seu amigo de infância que a acompanhou até seus últimos dias, sempre por perto, sempre a protegendo e amparando quando necessário. Aqui conhecemos sua vida simples, passando por detalhes de como conheceu seu primeiro marido aos 14 anos (Manoel Duarte) e posteriormente Giuseppe Garibaldi, o grande amor da sua vida, além de detalhes das grandes batalhas ao lado do marido e por fim culminando na sua morte triste e precoce.
Miguel é um doce de pessoa, nutre um amor platônico por Anita desde que eram crianças. Ele está presente em todos os momentos mais importantes da vida de sua amiga e é consciente do amor desmedido dela por Garibaldi.
Miguel e Garibaldi tornam-se companheiros de guerra, ele acaba por virar um dos braços direitos do guerreiro e juntamente ao casal, dedica toda a sua lealdade às causas pelas quais lutam e acreditam. Não sei dizer se Miguel realmente existiu, mas aqui ele foi fundamental para o bom andamento da leitura.
Segundo este livro, Manoela (A Casa das Sete Mulheres) não faz parte da vida de Garibaldi, mas sim outras mulheres que despertam em Anita um ciúme doentio que acaba por ser do conhecimento de todos. Ela sofre muito por este amor sem limite e pelas diversas vezes que precisa ficar separada por meses a fio de Giuseppe devido aos filhos e à guerra.
"As mulheres são capazes de tudo, muito mais que os homens, e isso muitas vezes não é levado em conta. O amor atrapalha tudo. Por ele perdemos a consciência do quanto valemos, tornamo-nos mais fracas e tolerantes, corremos rumo a precipícios perigosos com a despreocupação de quem vai à praia pegar caranguejo." Pág 164.
O que mais me chamou a atenção nesta leitura foi a forma sensível com que a história foi retratada.
'Anita Garibaldi' procura reconstruir a história da heroína que ficou conhecida pela bravura e valentia. É inscrito numa linguagem bastante acessível e riquíssima em detalhes sobre a vida desta mulher tão forte e destemida.
Eu tenho uma paixão particular por tudo o que envolve a Revolução Farroupilha, sou gaúcha e como toda gaúcha que se preze, admiro e honro minhas tradições. Sei que Anita é Catarinense, mas lutou ferrenhamente pelo RS e boa parte de sua fama se deu ao lado de Garibaldi aqui no meu Estado.
Minha avó se chama Anita e como forma de homenageá-la e também à guerreira, minha filha mais nova também chama-se orgulhosamente 'Anita'. Enfim, senti como se este livro tivesse sido escrito para mim, sem dúvida uma das melhores leituras da minha vida.
- Perdi a conta das batalhas que compartilhei com Giuseppe. Lembro-me de todas, mas confundo umas com as outras. Laguna, Salto, Imbituba, São José do Norte, ganhas ou perdidas parecem-me todas iguais. Sempre mortos, sangue, sofrimento. E para quê? Pág 229.
Amei e recomendo!