Lina DC 03/12/2012Admito que inicialmente não sabia o que esperar quando fui ler o livro. Em termos visuais, o livro tem um layout simples, é bem curtinho (tem 100 páginas), a sua diagramação e revisão estão impecáveis. A primeira vista, eu acreditei que iria realizar uma leitura rápida e leve, sem muitas complicações. Eu me enganei. Sim, o livro tem alguns trechos engraçados, mas a maior parte dele, ao ler atentamente, fez com que eu ficasse refletindo; indo e voltando sobre a minha opinião no tema da loucura. Será que aqueles que consideramos loucos realmente são loucos? Ou é a nossa sociedade e suas regras que buscam transformar o homem em um reflexo do ideal que é a fonte da loucura? São essas e muitas outras perguntas que eu me fiz durante a leitura desse livro.
A história gira em torno de dois personagens principais: Dr. Mika, profissional respeitável, médico e professor, e um de seus pacientes, o Alberto. Alberto teve um “episódio” e por isso não consegue distinguir em alguns momentos os eventos que realmente ocorreram e como ele acha que ocorreu. Durante suas sessões, inicialmente bem relutante, Alberto começa a contar ao médico sobre seus dois amigos: Henrik e Garcia. Alberto conta as discussões filosóficas que os três tem, sobre assuntos diversos: amor, a instituição do casamento e alguns outros assuntos. Percebendo que Alberto não quer ir ao consultório, o médico faz um trato com o paciente: ele fica um determinado tempo sem beber e tomando suas medicações corretamente, além de aparecer nas consultas e colaborar com elas, e o médico dará alta a ele depois disso. Trato feito, e os dois começam a ter sessões mais produtivas, e conforme vão se aprofundando, Dr. Mika começa a questionar os seus conceitos de loucura e insanidade (sinceramente, em alguns momentos eu também refleti sobre o ponto de vista do Alberto). E é essa troca, esse questionamento do médico das suas próprias crenças, que conduzem a leitura do livro. Henrik tem a vida que Alberto considera perfeita: solteiro, sem obrigações e sem ter ninguém para se justificar, além de adorar ficar tendo papos filosóficos. Garcia, o amigo poeta, por sua vez, ainda é um romântico incurável, mas que também adora conversar sobre os assuntos da vida. É sobre a premissa estabelecida por esses dois amigos, que Alberto defende o seu ponto de vista nas sessões com o Dr. Mika. O interessante do Alberto, é que ele quebra os padrões que estamos acostumados a fantasiar quando classificamos alguém como louco: apesar de estar em pleno delírio, seus argumentos são consistentes e fundamentados, confundindo o médico de modo que ele comece a questionar todo o seu aprendizado.
O que eu achei do livro? O tema é interessante, diferente, com uma linguagem adulta. É extremamente reflexivo. Eu achei o livro muito bom, porém não me apaixonei por ele. Talvez por ser baseado em conceitos tão abstratos como loucura e sanidade e eu não consegui achar respostas, possivelmente terminei a leitura com mais dúvidas sobre o assunto do que quando comecei.