Uma Janela para a Vida

Uma Janela para a Vida Jane Goodall




Resenhas - Uma Janela para a Vida


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Taci 30/03/2013

Só é possível amar e respeitar aquilo que conhecemos.
Não é segredo para ninguém a importância do trabalho desenvolvido por Jane Goodall na Tanzânia. Porém no ano de 1991 o editor Jorge Zahar nos brindou com essa obra trazendo pormenores deste trabalho maravilhoso, em língua portuguesa. Jane já publicou inúmeros livros, artigos, programas de televisão, mas em sua grande maioria em inglês. Aqui conhecemos as melhores histórias colhidas em 30 aos de trabalho com os chimpanzés do Parque Nacional Gombe na Tanzânia, África. Gombe é o menor dos parques nacionais da Tanzânia, uma estreita e frágil faixa de floresta com encostas íngremes e vales fluviais que encontra a costa arenosa do norte do lago Tanganica. Lá, depois de algum tempo trabalhando na mais completa solidão, ficou evidente que havia uma vastidão de trabalho a ser realizado, observações valiosas, e dados imprescindíveis e Jane montou seu grupo de pesquisas, unindo estudantes americanos, ingleses e muitos moradores locais. Deste trabalho árduo de observação,registro e análise de dados começaram a surgir informações que mudaram a forma como o mundo percebia os chimpanzés, para além das semelhanças biológicas baseadas em análises de DNA, Jane desvelou a vida emocional dos nossos parentes tão próximos. O cotidiano revelou que eles são muito mais semelhantes do que poderíamos imaginar,os vínculos familiares, as amizades e desavenças, o ódio, a brutalidade em algumas situações, o consumo de carne, a adoção de indivíduos por outros sem laços genéticos, o roubo, o infanticídio, a luta pelo poder ...enfim uma complexa teia de relações que deveria nos colocar em um novo patamar de compreensão nos impedindo de cometer contra eles a série de crimes que viemos cometendo, desde o roubo de seus filhotes com subsequente morte cruel de suas mães afim de obtermos "animais de estimação", "animais para diversão" em Zoológicos, ou para pacotes turísticos bizarros, incluindo a indústria imensa e anti-ética farmacêutica.É impossível não se identificar com as cenas descritas pela pesquisadora, é emocionante entrever através de seus olhos a vida livre de animais tão maravilhosos.O livro é maravilhoso, apesar de apresentar o triste panorama dos chimpanzés atualmente, arrancam sim muitas lágrimas, mas também muitos sorrisos. É como se construíssemos nós mesmos um laço de amizade com Flo, Fifi, Flint,Freud, Gilka, Gigi, Melissa, Gremlin, Goliath Figan, Globin, Jomeo, Evered....e tantos outros.
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z..... 04/12/2020

Segundo livro publicado pela inglesa Jane Goodall, em 1991, sobre 30 anos de estudos com chimpanzés na Tanzânia. Atualmente soma 60 anos de pesquisas e, em conjunto com sua fundação, tem várias obras publicadas mundo afora, voltadas para a educação e preservação ambiental.

Jane Goodall ampliou a percepção sobre os chimpanzés, com descobertas revolucionárias sobre capacidades cognitivas e interações comportamentais, em contexto onde havia alienação, visão estereotipada e barbárie no trato com os animais. Dessa forma, fortaleceu a preservação e contribuiu para a antropologia, pois a sociedade dos chimpanzés reproduz aspectos vivenciados pelo homem, ilustrando realidade onde há disputas pelo poder, traições, articulações em manobras interesseiras, busca de ascensão social, violência entre grupos, traumas, desajustes com a realidade, guerras e ainda histórias de fraternidade. Tudo num contexto visceral e primitivo.

Algo que torna a leitura interessante é que a autora se afasta da metodologia acadêmica que privilegia dados frios e calculistas, transmitindo a informação em relatos in situ, que às vezes parecem aventuras ou contos, evidentemente, da vida real.
Acredito que se Jack London tivesse conhecido os relatos de Jane, teria escrito o seu "Antes de Adão" com mais visceralidade (ressalto que acho curiosas essas coisas, mas não creio no evolucionismo).

As partes que mais instigaram minha leitura estão nas guerras travadas com outros grupos (onde o estudado por Jane foi quase dizimado); as histórias de ascensão de três machos alfa (cada um com peculiaridades, como a esperteza de Everest, a força de Figan e a obstinação de Goblin, impondo-se mesmo não sendo o mais forte), a misteriosa e impactante disposição canibal de Passion (que deu fim a pelo menos 10 filhotes, arrancados das mães); a caça a outras espécies (aspecto até então desconhecido); o uso de ferramentas para benefícios pessoais (como a alimentação de cupins); e histórias correlacionadas a perdas traumáticas (como a orfandade, capaz de levar a estágio de letargia e definhamento mortal em poucos dias).

Entre todos os animais descritos, os que receberam mais destaque foram as fêmeas Flo e Fifi, bem como os machos Figan e Goblin. Podemos dizer, informalmente, que são "as estrelas do livro".
Curioso que, entre todos os chimpanzés, Jane tinha apreço especialmente por um que chamava David Graybeard, mas quase não é citado, apenas em sua morte e primeira observação de um chimpanzé comendo carne.

Outro aspecto interessante é que a autora é incluída num grupo de três primatologistas (chamado As Trimatas) de grande contribuição para a ciência. Foram contemporâneas, amigas e tiveram professor em comum. Além de Jane Goodall, renomada pelo estudo entre chimpanzés na Tanzânia, "As Trimatas" teve a americana Dian Fossey (que se destacou no estudo com gorilas em Ruanda, com vida retratada no filme "A montanha dos gorilas") e a lituano-canadense Birutė Galdikas (estudiosa de orangotangos em Bornéu).
Dessas três, falta-me conhecer obra sobre a última.

O livro tem galeria de fotos e, como era de se esperar, apresenta direcionamento final em alerta e incentivo à importância e preservação ambiental dos animais em estudo (que Jane denomina animais não-humanos), relatando também exemplos tristes no descaso.

Leitura no contexto da pandemia em Macapá.
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