Crônica da estação das chuvas

Crônica da estação das chuvas Kafu Nagai




Resenhas - Crônica da Estação das Chuvas


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Rick-a-book 05/08/2011

Depois das gueixas
Escrita em 1931, esta obra de Nagai Kafu trata da vida noturna da cidade de Tóquio no início do século XX. A obra retira o véu que cobre as relações obscuras que acontecem entre homens e mulheres em casas de chá e cafés em vários pontos da cidade em crescimento, especialmente no badalado bairro de Ginza.

Kimie, a personagem central da narrativa, é uma jovem vinda do interior que leva uma vida de libertinagem, entre diversão com homens e prostituição velada. Ao ler um artigo numa revista de má fama, começa a estranhar uma série de estranhas coincidências ao seu redor. Seu primeiro passo é procurar um vidente para tentar descobrir a causa de seus infortúnios e esse ato é o que desencadeia a trama que vai ser progressivamente desenvolvida pelo autor pelo resto do livro.

Sentimentos fortes, planos diabólicos e idéias malignas se revezam entre as linhas e entre os personagens do enredo, tudo isto mesclado com o pano de fundo da quente, melancólica e úmida estação das chuvas japonesa.

Kafu, amante da história de Edo, que mais tarde viria a se tornar a grande cidade de Tóquio, é famoso por ter sido um grande conhecedor do mundo japonês dos prazeres. Aqui, ele retrata a transição entre a cidade genuinamente japonesa e a metrópole com detalhes copiados de cidades estrangeiras, pessoas de caráter puramente nipônico e outras entregues ao exotismo vindo de fora, a tradição e o desenvolvimento veloz; mas, mais do que isto, ele retrata a adaptação do mundo das belas gueixas em ambíguas casas de chá em cafés fumarentos e escuros com garotas se prostituindo para clientes indecorosos.

O livro é uma obra de bom gosto em que nenhuma cena de baixo nível é retratada aos detalhes e nenhuma palavra de baixo calão é utilizada. Kafu é hábil em utilizar as mais delicadas formas de expressar o que deve e pode ser expresso, de modo que o leitor compreende sem dúvidas o que se esconde por trás de suas palavras.
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gabriela 11/08/2011

Paixões frustradas e vingança tratados com sensibilidade
Sinopse: Kimie é uma mulher independente, despreocupada e sexualmente liberal no Japão do início do século XX. Alternando seu cotidiano entre seu emprego como garçonete, um pouco de prostituição e alguns casos por passatempo, ela leva uma vida pacata, que passa a ser abalada quando acontecimentos aparentemente sem importância, armados por alguém mal intencionado, despertam suas suspeitas.

Por meio de uma narrativa descomplicada e fluida, são apresentados personagens que pouco têm de extraordinários e suas formas de encarar a paixão, o ciúme e a busca pelo prazer. Além dos preconceitos que cada um carrega a respeito de comportamentos de moral duvidosa e da hipocrisia que alguns insistem em não enxergar em si mesmos.

É uma leitura bem rápida e agradável, ótima para trajetos casa-trabalho em ônibus e metrô. O livro é leve, com menos de duzentas páginas, o que facilita se precisar segurar com apenas uma mão.

Sobre a capa: Confesso que sou fã das capas com pinturas que a Estação Liberdade escolhe para vários de seus títulos japoneses (exceto no caso de “Musashi”, com cores de fundo que me incomodaram nas duas edições), então… foi uma das coisas que me impulsionaram a comprar o livro sem nem ter ideia do enredo. Segundo os créditos no verso da folha de rosto, a imagem é um detalhe de arte em biombo que retrata uma passagem de “Genji Monogatari”, um romance japonês escrito no séc. XI por uma mulher, considerado o primeiro romance literário no mundo.

http://medodespoiler.wordpress.com/2011/01/28/cronica-da-estacao-das-chuvas-nagai-kafu/
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Suca 11/01/2013

A prostituta Kimie, personagem central, ao ler em uma revista de má fama um artigo que expunha sua intimidade, começa a estranhar a série de má sorte e acontecimentos incomuns que passam a perturbá-la. Decide então procurar um vidente na tentativa de descobrir a causa de tudo isso. A partir daí desenrola-se a trama ao redor da vida de Kimie.
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@tenbooks10 15/07/2018

Submundo na literatura japonesa
"Nagai Kafu é considerado um dos mais influentes escritores japoneses da primeira metade do século XX." Em 'Crônica da Estação das Chuvas', o autor retrata o mundo das gueixas e prostitutas na cidade de Tóquio do séc. XX.
O autor inicia a história nos apresentando à personagem principal, Kimie - uma prostituta que trabalha em um café no bairro de Ginza e que, após uma série de acontecimentos incomuns, decide procurar um vidente.
A trama se desenvolve a partir desse ponto, enquanto o autor vai entrelaçando a vida dos demais personagens e nos aprofundando num mundo de traições, ciúmes, bebidas e prostituição.
Esse foi o primeiro livro que eu li da literatura japonesa. Por ser um livro um tanto descritivo, o início foi difícil para mim. Acabei não conseguindo me apegar à história e aos personagens. Mas, para quem gosta de longas descrições, vai adorar o estilo da obra.
Por fim, é uma leitura interessante e vale a pena para conhecer um pouco mais da literatura japonesa.

site: https://www.instagram.com/p/BlOH_LGnmXM/?taken-by=tenbooks10
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erika 18/02/2011

Um panorama noturno de Tóquio*
Com Crônica da Estação das Chuvas, Nagai Kafu (1879-1959) conseguiu uma mescla muito interessante. A começar do título, que remete previamente o leitor a uma poética que, no livro, em termos literários, só encontra vestígios nas detalhadas e bem elaboradas descrições da narrativa. De pessoas, de ambientes e de momentos. Isso tudo com uma linguagem que consegue unir cores e sonhos a um vocabulário seco e cortante, oferecendo um retrato da capital japonesa do início do século XX, inclusive com referências familiares aos admiradores da cultura do Japão, como por exemplo, a citação ao Asahi Shimbun, tradicional jornal do arquipélago que existe até os dias de hoje.

Trama

De início, o leitor é instigado pelos estranhos acontecimentos que tomam conta da rotina diária de Kimie, uma ex-prostituta e garçonete que sonhava, na verdade em ser gueixa. A protagonista tem uma personalidade, no mínimo, interessante. Charmosa e sedutora, ao contrário de todas as outras mulheres de sua idade, ela não tem apego a seus pertences, pouco investe em roupas e menos ainda se preocupa em renovar a mobília de seu quarto alugado. Mesmo assim, Kimie é o centro de uma trama obscura, que envolve dinheiro, amor e reputações importantes no cenário social da metrópole japonesa da época.

Se, por um lado, um leitor menos atento pode se confundir com a quantidade de personagens femininas – todas com nomes tipicamente japoneses – dividindo a ocupação de gueixa ou de garçonete, por outro, vale ressaltar que o minucioso trabalho de tradução – com a inserção de notas de rodapé que explicam àqueles menos familiarizados com os termos da cultura japonesa o significado de várias palavras originais do idioma – é um recurso valioso para compreender melhor o enredo.

A obra de Nagai é marcada por uma narrativa de ritmo diferenciado, que parte do oportunismo humano para revelar, pela ótica dos costumes sociais de uma época, uma sucessão de acontecimentos, pontuados, inclusive, pela intensidade do sol e pelo céu chuvoso do verão, a trajetória de personagens que são a síntese de um período histórico japonês – bem ao estilo literário da crônica.

*Resenha publicada na revista Zashi em setembro de 2008.
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Lusia.Nicolino 02/08/2019

Pelos becos e vielas
Você pode visitar a Tóquio de hoje, mas também pode visitar a Tóquio de 1931 e descobrir com Kimie becos soturnos e vielas lamacentas onde só se passa em fila indiana.
Pode descobrir casas de chá e cafés em estilo ocidental e participar da vida cotidiana de gueixas e garçonetes.
Há uma linha tênue que as separa da prostituição? O que fez Kimie deixar a família no interior e se aventurar na cidade grande?
Para mergulhar nessa história é preciso despir a sua capa de "pessoa do futuro" para acompanhar a narrativa de Nagai Kafu, considerada ácida em seu tempo.

site: https://www.facebook.com/lunicolinole
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