Resenhas - O amante da china do norte

cajuleituras 11/03/2024

Isso não é uma história de amor
? - O que é que a agrada tanto naquela mulher...
Ela procura a resposta. Nunca se colocara a questão. E diz:
-Acho que é a história.

Devo ter começado pelo livro errado. Estou crente de que comecei pelo livro errado. Só que, pra mim, isso é um grande problema. Acho que uma história precisa existir em si mesma e para si mesma.

O que Duras propõe nessa obra é recontar a história de O amante, uma espécie de narrativa autobiográfica da autora, que o faz de maneira a se inspirar na criação cinematográfica e do narrador-câmera como recurso estilístico.

Existem alguns temas morais ambíguos nesse livro. Alguns, para a sociedade chinesa da década de 20, mais chocantes que para o meu contexto brasileiro do século XXI. O maior deles - tema central da história - é o envolvimento entre uma criança de 14 anos e um homem adulto. Com o decorrer dos acontecimentos, presenciamos também questões como incesto e prostituição infantil.

Um recurso adotado por Duras é tecer, através de arquétipos, as características principais dos amantes - ao não nomear os dois personagens, tratando-os apenas por "a criança" e "o chinês", ela evoca traços específicos dessas duas caracterizações. Para mim, isso funciona bem quando se trata da criança. O estranhamento causado principalmente pelas cenas eróticas vem justamente do lugar em que a autora quis colocá-la. Ao contrário disso, "o chinês" é carregado de esteriótipos e fetichização. Apesar de humanizadas, algumas interações são executadas no campo do exótico, do diferente, do fantástico. Confesso que isso me incomodou um pouco.

Não devo, aqui, julgar a moralidade desse livro. Não acredito que literatura tenha um caráter pedagógico do bem e do mal. O que julgo, porque posso, são questões que me cabem: narrativa, estrutura.

O que me desagrada em grande parte - além do fetiche escancarado - são as escolhas estéticas da autora. Além de tudo, a ideia de precisar ler um outro livro para entender esse por completo me desagrada um pouco.

Gostaria de ter lido um pouco mais sobre o romance entre Helene e a criança, principalmente pensando que, narrativamente, as duas serviam como uma contraposição emotiva entre as cenas eróticas com o amante. Senti que as duas possuíam cumplicidade e afeto, diferenciando-se das outras interações, mas Helene sumiu em algum ponto da história sem deixar muitos rastros, como se não tivesse sequer sido importante.

O livro foi a minha porta de entrada para a Marguerite Duras, que também é uma importante roteirista na história do cinema.

Frank.Gonzalez 29/03/2023

?Uma palavra define esse livro, e é melancolia. Eu não sei se é bom ler primeiro o romance da mesma autora ?O Amante ? , mas sem dúvidas este livro é tão poético que não dá para dizer por qual começar . É uma ficção da ficção , um romance novamente escrito .

? Uma garota de 14 anos se apaixona por um jovem adulto na Indochina de começos de século XX .

?Ainda não sei se a leitura causa desconforto - sabendo que temos um relacionamento com uma criança - porém a Duras o conta tão lindamente que a gente se pega achando aquilo muito idílico . Lembre-se que o livro é autobiográfico , e ela o conta com um carinho imenso .

?Ja leram ? Conheciam ?

bruna.nosferatu 17/05/2022

obra obrigatória pra quem já leu l'amant, da duras
um sofrimento do começo ao fim. me causou depressão profunda, severa, gravíssima.?????????????????????????????????????????

Pittspin 07/10/2021

Culturas diferentes ...
Sao duas palavras muito fortes ,distinta e aterrorizante ...
Amante e crianca ....
Agora o romance baseado na cultura de um deles .e assustador ....

Fernanda 29/09/2021

O amante da China do Norte
Resenha disponível no blog:

https://modoliterario.blogspot.com/2021/09/resenha-o-amante-da-china-do-norte.html

site: https://modoliterario.blogspot.com/2021/09/resenha-o-amante-da-china-do-norte.html

Thais645 16/09/2021

Fiquei incomodada e vulnerável
Na Indochina Francesa, uma colônia localizada no Sudeste Asiático no século XX. Uma adolescente branca e pobre se envolve romanticamente com um chinês bem mais velho e rico, nisso ambos mantêm um relacionamento proibido e intenso.

?

Realmente não sei o que sentir, só pensar. Não foi uma leitura fácil, embora a linguagem bem flexível e o curto livro tenha sido ao meu favor, seu conteúdo não foi nada fácil de digerir e até agora me pego tentando compreender o tamanho da comoção que esta obra provocou em mim. A ideia de sempre querer explorar e conhecer, já me rendeu histórias para o bem ou para o mal. E com Duras foi um efeito estranho, ela me deixou totalmente incomodada e vulnerável com tudo que li, assisti e convivi.

Apesar de ter sido contra tudo o que aconteceu no livro, estaria mentindo se me esquecesse de citar que as palavras de Duras têm o poder de convencer e hipnotizar, é com esse traço que ela conta uma história de amor tão reprimida quanto ambígua. Ocultando os nomes dos dois e trocando por "criança" e "chinês", essa jogada me deixou cismada do começo ao fim por conta do relacionamento deles de caráter problemático. E também fiquei aflita com tanta negligência que a garota aparentemente passou e as coisas absurdas perceptíveis em seu contato familiar.

Em si a história demonstrou ser completamente triste, e fiquei triste por tudo, não consegui ver amor em nada, só vi tristeza.

Devo mencionar que o livro é uma sugestão para um roteiro de cinema, então possui algumas afinidades, com diálogos abundantes e descrições. É com essa ambientação que o livro se tornou bem fluído e ao mesmo tempo vago com todos os acontecimentos. Entretanto é notório as divergências sociais e culturais contidas aqui.

Matheus 15/08/2020

Estranhamento e melancolia
É uma leitura muito diferente.
O estilo da autora me causou estranhamento no começo, pois a narrativa é marcada por experimentações estéticas: narrador-câmera muito presente, personagens principais sem nome - "a criança" e "o chinês" - indicações de roteiro (?), em descrições e notas de rodapé.

Contudo, à medida que a leitura avança, a trama se torna cativante, com bons diálogos e desenvolvimento interessante na interação entre os personagens. O ponto forte da obra, sem dúvidas, é a inspiração autobiográfica, o que torna tudo muito enigmático.

Incomodou-me bastante os trechos eróticos, pois pareciam narrar cenas de pedofilia sempre que aparecia o termo "a criança". Foi estranho.

Outro ponto recorrente foi a sugestão de que havia uma relação incestuosa entre "a criança" e o seu irmão mais novo. A impressão que tive foi de que a protagonista (a autora?) de certa forma se aproveitava de alguma deficiência mental que o irmão sofria (pelo menos foi assim que soou para mim) e isso me incomodou demais! Inclusive pesquisei sobre o assunto após a leitura, mas não encontrei nada nas breves biografias que li.

Vale ressaltar que mesmo curto, o livro possui alguns trechos enfadonhos, repetitivos.

Por fim, restou-me o interesse em ler outras obras da autora, principalmente o elogiado livro "O Amante". Em que pese os pontos negativos, a experiência com o estilo da Marguerite Duras foi bem legal.

Hanna.Ramos 17/05/2020

Terminei o livro em horas e agora não tenho palavras para defini-lo. A autora faz com que a imersão na história (de cunho biografico) seja perfeita através da construção de cenários e da descrição mínima de atos e trocas de olhares entre os personagens. Leitura necessária para aqueles que amam um bom romante.

Lethycia Dias 10/03/2019

Uma leitura estranha
Ambientado na década de 1920 na Indochina Francesa (colônia da França hoje correspondente ao Vietnã, Laos, Camboja e parte do sudeste da China), "O amante da China do Norte" é a história de amor proibido entre uma adolescente branca e pobre e um homem chinês milionário. E é também inspirado em vivências da iniciação sexual da autora.
O livro é curto e quase todo estruturado em frases curtas e diálogos. É quase cinematográfico, com descrições de cenas semelhantes a "imagens" de filmes e até mesmo indicações, em notas de rodapé ou no próprio texto, sobre como poderia ser adaptado para o cinema.
Essa estrutura fez com que eu demorasse a me acostumar com o texto e a me sentir "transportada" para esse lugar tão distante e diferente do que conheço. Outra barreira veio da falta de nomes para os protagonistas. Ele é denominado apenas como "o amante" ou "o chinês", enquanto a garota é chamada a todo momento de "a criança". Isso me incomodou profundamente, porque me fazia pensar que a protagonista era bem mais nova do que é, embora "quase 15 anos" não seja muito.
O livro é um retrato profundo de contrastes sociais e culturais. O amante de 29 anos jamais poderia se casar com a garota, por ela ser pobre, por não ser chinesa. Filha de uma colona que imigrou da França e que foi enganada, perdendo tudo o que possuía, "a criança" não tinha futuro nessa sociedade.
Poderia ter sido uma boa leitura, não fosse pela forma tão ousada. Pode ter sido uma inovação, mas a falta de uma narração usual me fez perder detalhes preciosos sobre as relações familiares da "criança", que parece ter tido uma relação incestuosa com o irmão mais novo, e sofrido agressões do irmão mais velho. Foi uma leitura confusa, e por isso lenta: levei duas semanas para ler menos de 200 páginas. Foi interessante, mas eu não leria de novo.

site: https://www.instagram.com/p/BuzpoMXAgGD/

Deghety 20/12/2018

O Amante da China do Norte
O Amante da China do Norte
Marguerite Duras
França
Nova Fronteira/Saraiva de Bolso
2012
.
O livro conta a história de amor entre um homem rico de 27 anos e uma criança pobre de 14.
O destaque do livro se dá unicamente à personalidade da criança. Achei a história bem fraca e a autora ainda força bastante na maioria do tempo com choros e risos sem sentido para dar emoção as cenas.
A narrativa é feita na forma de um roteiro cinematográfico.
Os principais temas abordados aqui eu acho desagradáveis, como pedofilia e incesto. A Criança ( é assim que a personagem é apresentada) tem ares de Lolita do Nabokov ( não li o livro, vi o filme)
No geral, achei muito ruim esse livro. #desafioliterárioskoob2018

Debora696 23/06/2014

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Ao contrário do que possa parecer, O Amante da China do Norte não é o mesmo O Amante.

O Amante da China do Norte foi escrito após a morte do chinês de Cholen e é uma espécie de complemento à primeira história. A ligação da criança branca com o homem chinês é retomada nesse livro, mantendo a história como tal e acrescentando outros detalhes, como o vício em ópio do irmão mais velho e a partida para a França.

O Amante é mais áspero, dolorido. O Amante da China do Norte mostra que havia um amor sofrido entre os dois, já que entre eles havia o peso de tradições milenares e preconceitos.

Ray- 26/03/2014

Entregue-se a vida !
Sinceramente, não sei o que achei de O Amante da China do Norte. Durante todo o livro, até quando Duras dá as instruções de como deveria ser feito o filme, vários sentimentos conflitantes colidiram dentro do meu corpo de leitora. A história, o lugar, o estilo e - principalmente - os personagens criam uma experiência totalmente diferente da maioria dos livros já escritos. Primeiramente o estilo: Duras conta-nos uma história dinâmica, em flashes, como uma sequência de fotografias, como um filme, e os cenários começam a pipocar na imaginação conforme as palavras desenrolam-se nas páginas. Os personagens são também um ponto inesquecível e arrebatador quando se fala em O Amante da China do Norte. Talvez eu nunca consiga entender as intenções, ou sentimentos, ou sensações, ou desejos da Criança; ela será para sempre uma esfinge. Mas, certamente, pode-se dizer que ela é apaixonada pela vida e pelas experiências que há nela. A Criança, com certeza, não poderia ser culpada por não experimentar, ao contrário, ela entrega-se às vivências sem pudor nem medo, e não pode haver quem se coloque na frente dela.
Além da história de...amor, creio eu. A história da Criança e do Chinês é totalmente apaixonante. O casal que está fadado a separar-se é íntimo e ao mesmo tempo tem a frieza de saber ficar distante enquanto queimam na fogueira de um amor(?)(!) condenadamente incontrolável.

Keity 10/07/2011

Intrigante
O livro, no início, me pareceu estranho. No entanto, a narrativa ganha outro ritmo e o envolvimento dos personagens se consolida, trazendo à tona uma grande paixão.
Mesmo assim, considero desnecessárias as indicações para roteiro de filme, expostos ao longo da narrativa.