Aione 10/02/2015Fã assumida da série "Goddess", iniciei a leitura de "Deusa da Luz", seu terceiro volume, mais do que animada e ansiosa por conhecer mais uma lenda recriada por P.C. Cast. Contudo, pela primeira vez, minhas expectativas foram frustradas.
Os deuses gregos apresentados a nós dessa vez são os gêmeos Apolo e Ártemis, enviados a Las Vegas para terem contato com os mortais e, assim, serem afastados temporariamente das constantes adorações recebidas como deuses. Contudo, quando o destino de ambos cruza com o de Pamela, designer de interiores cuja fé nos homens e nos romances está profundamente abalada, o plano de permanecerem como meros expectadores no mundo mortal se desintegra por completo.
“Os lábios de Pamela se apartaram, e ela o aceitou. Conforme o fez, Apolo sentiu que algo se abria dentro dele, como se uma trava tivesse sido desbloqueada e um alçapão fosse escancarado, permitindo a entrada do que faltava para preencher sua alma.”
página 103
As características da série permanecem em "Deusa da Luz", como a presença mítica das deidades, uma narrativa bastante romântica e com pitadas de humor, uma protagonista cuja essência feminina precisa ser resgatada.
Dessa vez, porém, achei a trama como um todo mais fraca do que as dos demais livros. A criação de cenários encantadores e fantasiosos se fez bem menos exuberante e encantadora, além do desenvolvimento da história ter sido demasiadamente linear, e sem grandes aprofundamentos nas emoções dos personagens. Tanto Pamela quanto Apolo são caracterizados por vazios em suas almas, e o passado de Pamela é suficiente para impregná-la de compreensíveis receios. Entretanto, ao invés de me cativar pelo casal, acabei achando o enredo por diversas vezes monótono.
“Apolo pensou sobre como o mundo tinha desaparecido quando Pamela relaxara em seus braços, e como a crescente confiança em seus olhos o fizera sentir-se mais divino do que todas as glórias do Olimpo.”
página 119
Pela primeira vez, também, há uma intensa conexão da história com outro livro da série. Até o momento, li os quatro primeiros volumes e apenas em "Deusa da Rosa", que sucede Deusa da Luz, havia uma pequena menção à "Deusa da Primavera", segundo volume. Ainda assim, essa conexão era mínima e em nada entregava as histórias anteriores, permitindo que as leituras pudessem ser feitas fora de ordem. Em "Deusa da Luz", todavia, por diversas vezes temos a trama de "Deusa da Primavera" mencionada, bem como sua resolução. Sendo assim, embora os protagonistas em cada um dos livros não sejam os mesmos, as leituras ordenadas dos segundo e terceiro volumes da série se fazem obrigatórias aos que não pretendem encontrar os indesejados spoilers.
Apenas ao final a trama conseguiu me agradar. Em seu desfecho, P.C. Cast trouxe novamente à obra sua bela e intensa carga de romantismo, que tanto me agradou nos outros livros, além de uma série de acontecimentos envolventes, responsáveis por me satisfazerem como leitora. Assim, minha vontade de ler os próximos volumes – "Deusa do Amor", "Deusa de Tróia" e "Deusa da Lenda" – continua presente e na expectativa de novos encantamentos, capazes de ofuscar essa leve decepção.
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