spoiler visualizarIviny Carvalho 27/12/2020
8 OU 80 - AME-O / ODEI-O
É um livro com expectativas altas quanto ao que se refere a sinopse. De início, esperamos poder encontrar uma forma convincente de se abraçar a essa narrativa, mas realmente, nem tudo convence.
Na verdade, nada convence!
Creio que ele tinha armas muito mais poderosas a se usar do que a chantagem. Sua sedução por exemplo é uma das artes que poderiam fazer com que dobrasse a mocinha e a levasse sem o mínimo problema. Uma atração, gerada em um momento que ao meu ver, fez o brilho da história se apagar antes mesmo de começar.
Mas vamos do princípio...
Nicholas de certo tem suas virtudes e isso não nego, mas todas elas foram usadas erroneamente ao longo da trama. O mais sensato que ele conseguiu fazer durante toda a sequência, foi se afastar quando não conseguia mais lidar com o fato da dura rejeição e de seus próprios atos. Até o parabenizo por isso, mas muito do que ele fez, desde a cruel teia de vingança tecida contra o pai da mocinha, a armadilha de por fim obtê-la, mina qualquer atitude meramente humana que ele tenha tido.
Esse talvez seja um grande embate para os leitores que amaram essa história. Ele não é de todo ruim, mas também não é bom de forma alguma. E sei que essas pessoas também diriam: Ora, mas ela também não é fácil. Poderia ter vivido um romance com ele, mas se recusou até mesmo a demonstrar o quanto ele a afetava na cama.
Ok, poderia...
Mas se imaginem em uma situação como a dela.
A mãe por mais obtusa e sonhadora que tivesse sido, entendia bem que havia vendido a filha para um casamento inicialmente sem amor, apenas para continuar nas graças da boa vida e com ele lidando com os negócios da família. Além do mais, dependia dele para que a filha mais nova pudesse fazer a tão sonhada Medicina.
VENDIDA, SIM!
Mesmo que a mãe não apostasse no amor juvenil entre ela e David, ainda era um assunto mal resolvido. Ele também a VENDEU no final. Uma pessoa que dizia que queria se casar com ela não lutar por esse amor... não sei nem pra que existiu na história. Não acrescentou em nada a não ser, problemas de consciência a mocinha.
Ela em sua "inocência" idealizou um David que realmente não existia. Um David que ao meu ver, nunca se importou com ela de fato, mas também nunca largou o osso. Nicholas sabia disso, mas também percebeu o quanto ela o amava, ou melhor, pensava amá-lo.
Ele poderia ter usado seus atributos quando manteve David mais uma vez longe dela para seduzi-la, mas preferiu iniciar o casamento da forma mais errada e brutal que poderia.
ELE A COMPROU.
A reação dela para mim foi totalmente justificada. E mesmo que ele tenha dado a ela uma escolha depois dizendo que ela poderia lidar com o casamento deles de forma diferente, se tornou uma frase banal e aleatória.
Quer dizer: Ele monta toda uma trama e a envolve e ainda deseja que ela se renda totalmente a ele.
Gosto quando ela não se rende, mesmo sabendo o poder que ele tinha para seduzi-lo. Ela se manteve firme em meio as palavras cruéis e a dominação injustificada. A degradação de se dar a um homem que você não nutre amor ou esperanças, mas reage a ele com paixão enlouquecida e silenciosa.
Uma inocência roubada, quando poderia ter sido conquistada com mais esforço!
Então quando você acha que tudo está prestes a mudar e ele começa a tentar agir de forma diferente, ela o leva ao extremo e ele lhe desfere um tapa no rosto.
Eu já acha absurdo antes do tapa, depois achei mais ainda.
Uma gravidez complicada viria a seguir e o livro se arrasta ainda mais até o final em meio a palavras degradantes e cenas de sedução. Como se não estivesse complicado o suficiente, para demonstrar que ela o "amava" ainda houve um sócio e a filha dele que demonstrava interesse no mocinho.... enfadonho.
Então me arrastei até o final e ora ora, muitas juras de amor e pedidos de perdão depois do nascimento do filho que era a cara do pai e os olhos da mãe.
Não sei bem se o amor venceu no final, mas se para ela todo o peso de consciência dele foi o suficiente para por em ordem tudo que havia acontecido, quem sou eu para julga-la.
Mas de uma coisa eu sei: não me conquistou como romance
Se fosse diferente, quem sabe...