Breve tratado de Deus, do homem e do seu bem-estar

Breve tratado de Deus, do homem e do seu bem-estar Espinosa
Benedito de Espinosa




Resenhas - Breve tratado de Deus, do homem e do seu bem-estar


5 encontrados | exibindo 1 a 5


Fellipe 23/04/2023

Muito bom!
Esse é um dos livros que Spinoza, um filósofo holandês, escreveu. Muito bom, mesmo! Estou gostando muito de aprender mais sobre Spinoza!
comentários(0)comente



Paulo 12/05/2022

Muito bom
Eu não sei nem se dá como avaliar obras filosóficas. Então a partir de agora as estrelas significam o quanto que eu entendi. Bem, Espinosa escreve do jeito truncado que você espera alguém tão antigo escrever, ele dialoga com conceitos que eu desconheço e acredito que a tradução retira o aspecto acessível que devora ser o original. Mas o pouco que consegui retirar é realmente sublime, e um pouco de luz ainda é alguma coisa.
comentários(0)comente



dehtavi 08/11/2021

Surpreendente!
Eu sempre ouvi falar de Spinoza e confesso que sempre tive muita curiosidade de entender melhor os pensamentos dele. Esse foi o primeiro livro que eu escolhi para ler dele, e acredito ter escolhido muito bem. Esse é um escrito preparado para os amigos de Spinoza, o que torna a maneira de exposição do livro muito mais clara e objetiva. Há momentos em que se torna um pouco denso, mas não achei nada muito diferente dos debates filosóficos. Se vc chegou até aqui, no caso Spinoza, provavelmente já leu outras obras da filosofia. Caso esse seja o primeiro contato com a Filosofia, acredito que seja uma ótima oportunidade de se introduzir!
comentários(0)comente



Erick 09/04/2021

Sobre a liberdade, o amor e Deus
O ‘Breve Tratado’ representa o pensamento do jovem Espinosa e pode funcionar como uma introdução a sua Ética, tendo em vista que muitos dos temas apresentados nesse livro reaparecerão em sua magnum opus de uma forma mais madura e articulada
Esta obra de Espinosa articula três noções centrais do pensamento espinosano: Felicidade, Liberdade e Amor, coisas indispensáveis para o bem-estar humano. Ocorre que, por ser uma filosofia da imanência, um conceito expressa-se no outro, o que significa que ele pode estar falando de uma coisa tentando iluminar aspectos de outra coisa. É assim por exemplo com a noção de Amor, indissociável da noção de Deus, uma vez que amor é sempre potência que nos afeta de alegria e possui uma relação intrínseca com nossa essência finita.
Vejamos como Espinosa define o amor: “O Amor é a Alegria conjuntamente à ideia de causa externa. Essa definição explica assaz claramente a essência do Amor; a definição dos autores que definem o Amor como a vontade do amante de unir-se à coisa amada não exprime a essência do Amor, mas uma sua propriedade”. Podemos identificar claramente a oposição da concepção espinosana aos que concebem o amor como falta ou desejo – notadamente uma das noções em disputa no Banquete de Platão -, para enfatizar o aspecto positivo do amor como potência de transformar o corpo e a mente de um indivíduo. Não podemos nos esquecer que ele já definira a alegria como ‘uma passagem do homem de uma perfeição menor para uma maior’; o amor, assim, é essa mesma alegria (passagem de um estado a outro do corpo e da mente) acompanhada de uma causa externa, portanto, o amor é atividade, em oposição a paixão que é mera passividade.
Aqui está talvez o ponto central da concepção de amor para Espinosa: o amor é necessariamente uma atividade no indivíduo pois envolve um conhecimento daquilo que o afeta, a causa externa de seu aumento de potência. Efetivamente, o conhecimento constitui o afeto central do sistema ético espinosano tendo em vista que é ele que opera a passagem do modo finito de sua impotência para uma perfeição maior, a potência de agir e pensar que ele define como alegria – ou seja, é o amor que nos torna mais fortes, potentes. Conhecimento do que nos afeta e o esforço por nos aproximar destas causas constituem a essência do amor para Espinosa. Quando sabemos que uma coisa nos afeta negativamente diminuindo nossa potência de agir e pensar, entristecendo-nos, portanto, devemos nos afastar de tais causas, sejam causas corporais sejam ideias que ocupam e submetem nossa mente. Paixão é sinônimo de servidão, superstição, ignorância, tristeza, diminuição de potência, em uma palavra, passividade. Amor, por sua vez, é a potência ativa de autodeterminação, de conhecimento das causas da alegria. Desse modo o amor é essa própria potência de autodeterminação, associada imediatamente com a liberdade da mente.
Uma das especificidades dessa concepção de amor reside na sua capacidade de voltar-se para fora, quer dizer, conhecendo no mundo as coisas que nos afetam alegremente e ainda associado a alguma dependência de tais objetos, mas essa concepção também nos direciona para dois objetos aos quais podemos nos unir autonomamente, a saber, a ideia de si – eis o que Espinosa chama de contentemente, essa capacidade que os modos finitos têm de alegrar-se com a ideia que eles tem de si mesmo, que também poderíamos denominar de autoestima ou amor de si – e, aqui sim, o objeto que nos conduz ao sumo bem, a beatitude, a liberdade e a felicidade, que é a ideia de Deus.
Espinosa denomina este último de Amor Dei intellectualis, o amor intelectual de Deus. Tal noção é o corolário da intrincada metafísica espinosana, pois ela conecta os conceitos-chave de Deus, Mente Humana, Afetos, Liberdade ou beatitude. Um ser livre é aquele que compreende a sua finitude, quer dizer, o ser humano é um modo finito constituído pelos atributos Pensamento e Extensão, estes infinitos em seu gênero, mas não absolutamente, já que apenas a substância é infinita absolutamente pois tem uma potência infinita de autoprodução – é causa sui. Sem compreender tal finitude, ou seja, sem compreender que seu destino inevitável é a morte, não há liberdade possível. Assim como ao compreender sua constituição modal, ao conhecer o encadeamento causal que o determina, o modo finito tem a possibilidade de participar da atividade divina, conectando o seu intelecto emendado ao intelecto infinito – por isso amor intelectual.
Diz Espinosa: “O amor intelectual de Deus, que se origina do terceiro gênero do conhecimento, é eterno”. O amor enfatizado pelo filósofo é um amor que nasce do terceiro gênero de sua epistemologia, a intuição, que distingue-se da imaginação e da razão, os dois outro gêneros pelos quais tomamos conhecimento das coisas – até porque na sua filosofia nem se pode ter uma imagem de Deus e nem reduzi-lo a um mero conceito racional, mas deve-se sobretudo, intuí-Lo. E aqui opera-se um afastamento de Descartes, demasiadamente atrelado ao racionalismo: para Espinosa, é a intuição o gênero de conhecimento par excellence.
De fato, a liberdade, ou seja, a felicidade ou beatitude, é esse amor ao qual nos unimos não por uma vontade – pois isso seria uma falta ou desejo, portanto passividade -, mas pelo conhecimento desse objeto infinito, que é a própria Natureza. A compreensão que o infinito atual existe necessariamente – Deus sive Natura – e que somos parte de sua atividade infinita e que, por uma potência de nossa mente, podemos nos unir a essa potência aumentando nossa própria potência é a própria liberdade.
Para concluir, gostaríamos de enfatizar o que podemos denominar desse aspecto tríplice do amor. De fato, há como que um escalonamento de ordem afetiva que nos orienta na senda para a beatitude. Se confundirmos e priorizarmos os afetos que nos enfraquecem, entristecem e diminuem nossa potência, não há saída senão a servidão. Portanto, em primeiro lugar, existem os objetos do mundo – dinheiro, bens materiais, aspectos como glória e vontade de ser reconhecido, e há também outras subjetividades. Espinosa não descarta que possamos unirmo-nos a tais elementos: a filosofia espinosana está distante de valorizar a solidão, a pobreza e o egoísmo. Apenas devemos saber o valor que cada coisa apresenta nessa ordem afetiva que por ora apresentamos. O segundo objeto que podemos caracterizar somos nós mesmos, a nossa individualidade, saúde psíquica e desejos. O amor de si é um imperativo na filosofia da imanência. Quem não sabe o valor que tem não poderá reconhecer valor no mundo – máxima ética e também política. E, por último e mais importante, é necessário compreender a ordem toda da natureza e o lugar que nela ocupamos. O conceito de Amor Dei intellectualis que encerra a quinta parte da Ética é a possibilidade que temos, os modos finitos, de conectarmo-nos com o infinito.
De fato, a noção de amor é central no pensamento espinosano, pois ela identifica-se com a noção de liberdade. Isso significa que a coroação de toda a obra são essas duas noções indissociáveis. Desse modo, o filósofo disserta sobre os perigos da submissão humana às suas paixões, inclusive com implicações de ordem política para uma comunidade que vive imersa na ignorância e na superstição. A liberdade intelectual, portanto, é o único modo de superar a servidão, definida por ele como “a impotência humana para moderar e coibir os afetos(…) o homem submetido aos afetos não é senhor de si, mas a senhora dele é a Fortuna”. Ou seja, o remédio para a impotência que é a servidão humana é a própria potência humana, embora finita visto o caráter modal dos humanos, compreendida como a passagem de um modo de uma condição para outra. E essa potência não é outra coisa senão o amor.
O pensamento de Espinosa é muitas vezes associado ao pensamento cartesiano, já que ele iniciou sua vida docente como professor da filosofia de Descartes. O resultado dessa experiência é o único livro publicado em vida com o nome do autor “Princípios de filosofia cartesiana” - o Tratado Teológico-Político também foi publicado em vida, mas sem o nome do autor, por conta das inúmeras perseguições que ele sofria na pretensa sociedade liberal holandesa de meados do século XVII. Nesse livro, o “Princípios”, o objetivo de Espinosa é, por assim dizer, colocar ordem no pensamento de Descartes, o que significa realizar uma exposição em ordem geométrica, colocando as verdades mais claras e evidentes em primeiro lugar na ordem do pensamento. Muito por conta dessa associação ao pensamento cartesiano e esse demasiado apego a ordem geométrica, a filosofia espinosana entrou para a história da filosofia como um pensamento matemático e determinista.
Essa imagem não é totalmente falsa, uma vez que sim, Espinosa concede no seu pensamento uma importância crucial para a ordem das ideias, que deve ser geométrica para que o encadeamento dos argumentos seja o mais claro e coerente possível. Não à toa, sua magnum opus - a Ética – opera numa lógica inextricável dos axiomas às definições, das definições para as proposições e destas para as demonstrações e escólios, o que significa que essa ordem de exposição more geometrico desvela a própria ordem da natureza – natura naturans.
Entretanto tal imagem é apenas parcialmente verdadeira, pois esse aspecto geométrico e pretensamente determinista é apenas parte de sua filosofia. Se reduzirmos a sua filosofia a tais aspectos, perdemos de vista o mais importante: a imanência. A imanência não está necessariamente associada com a geometria e o determinismo; pelo contrário: a geometria é apenas um método rigoroso de ordenar as ideias fazendo com que uma seja deduzida da outra; e o determinismo corresponde aos pressupostos ontológicos da imanência espinosana, pois se aceitarmos o axioma principal de sua metafísica, o de que ‘dada determinada causa, decorre determinado efeito”, dificilmente igualaremos o determinismo espinosano com ideias tais como fatalismo, imobilismo e apatia. A causalidade imanente que encontramos no pensamento espinosano não pode, de modo algum, ser igualado a determinismos de qualquer espécie. Em outras palavras, a imanência é o principal conceito do pensamento espinosano e tudo o mais segue-se dela. Podemos resumir esse conceito com a seguinte proposição “A ordem e a conexão das ideias é a mesma que a ordem e a conexão das coisas”. Essa simples proposição afasta Espinosa não apenas do pensamento cartesiano, onde a substância pensante (res cogitans) possui uma clara e evidente primazia sobre a substância extensa (res extensa), mas também afasta Espinosa de grande parte dos filósofos que enfatizam essa prioridade da razão, do pensamento ou do espírito sobre a matéria e as coisas mesmas do mundo. Esse aspecto é central em seu pensamento na costura do tecido imanente: não existe dualidade entre corpo e mente, entre entendimento e sensibilidade, espírito e matéria – todas essas dicotomias são aspectos diversos da mesma coisa, a substância – Deus sive Natura. Pensamento e Extensão são concebidos como apenas dois atributos da substância infinita. Dizemos “apenas” pois, justamente, a substância é constituída por infinitos atributos. Os seres humanos, enquanto modos (modificações) destes dois atributos, têm conhecimento apenas deles, já que são constituídos por eles. Possuímos uma limitação que é de nossa natureza, o que não significa que não possamos especular sobre a infinitude atributiva da Natureza Naturante, essa potência identificada com Deus que detém a capacidade de autoprodução (causa sui).
Portanto, esse ‘Breve Tratado’ pode ser considerado como a primeira tentativa de Espinosa de expor sua noção de imanência, mesmo que ainda não numa ordem geométrica, o que só confirma o argumento de que a geometria não é um aspecto estruturante de seu pensamento, mas apenas um aspecto da exposição, da síntese de seu pensamento.
comentários(0)comente



AndrA65 05/03/2021

O Deus de Espinosa
Nesse escrito Espinosa dá corpo e alma para estabelecer um tratado sobre a existência de Deus. Não aquele Deus que se costuma escutar, mas um Deus imanente, presente em tudo e em todos, um Deus-Natureza.

Além de ser um livro com tamanho aprofundamento lógico, em mesma medida é um livro que nos 'afeta', fazendo jus ao seu objetivo de reestabelecer a relação direta entre corpo e mente, em objeção ao método cartesiano.

Espinosa cria algo jamais visto antes na filosofia: através de uma lógica de segmentos ele consegue entregar denominações muito precisas sobre os sentimentos e separa quais sentimentos são bons e quais são ruins.

Para Espinosa, quanto mais dotados de sentimentos bons mais perfeitos ficamos. Em outras palavras, mais nos aproximamos de Deus, que é a própria perfeição em si.
comentários(0)comente



5 encontrados | exibindo 1 a 5


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR