Camille 26/03/2013A (im)perfeição em 24 horas: você precisa ler. AGORA.Delicado e romântico, A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista é, sem sombra de dúvida, um dos melhores livros que já li na vida. Sempre fui adepta de histórias simples e encantadoras, pelo menos comigo elas tocam os sentimentos mais profundos. Foi exatamente com esse tipo que me deparei.
Em apenas 24 horas, Hadley, uma garota de 17 anos, vê seu mundo mudar de cor. Quatro minutos atrasada, ela perde o avião para Londres - onde será o casamento do pai - e se vê tendo que esperar três horas para o próximo vôo. É quando, pelo mero acaso, conhece Oliver, um estudante de Yale bonito e bem humorado.
Uma situação com a mala faz com que os dois se aproximem e acabem indo lanchar enquanto esperam pelo embarque. A surpresa de estarem indo para o mesmo lugar, e sentados em cadeiras tão próximas (18A e 18C) os leva a uma conversa de mais de sete horas.
Sentados lado a lado, graças a uma senhora que não se importou em ficar no assento do corredor, eles falam sobre os medos de avião e escuro, sobre um elefantinho de pelúcia que era o melhor amigo de uma criança e sobre o filme ridículo de patos que vai passar durante a viagem.
Jennifer nos envolve em uma realidade na qual o acaso faz uma parte do trabalho, e o amor, a esperança de um reencontro, faz a outra. A simplicidade das conversas e das situações dão ao livro um ar diferente, arrisco dizer que mais bonito e apresentam aos leitores uma pureza pautada em sentimentos despertos de forma tão rápida e, incrivelmente, tão verdadeira.
Não se trata de personagens muito complexos e profundos. Não tomamos conhecimento do que vai além do necessário. Não passamos páginas apreciando uma enrolação gostosa. Lemos fatos, o importante para justificar a viagem e os sentimentos de Hadley (e até mesmo de Oliver, ainda que não em sua totalidade).
A separação de seus pais não foi muito bem aceita por ela, que se lembra dos dias de raiva e dor, dela e da mãe; da troca temporária de papéis entre elas para superar a partida do pai. Agora, ele vai casar novamente, e Hadley sente raiva do homem que estragou a espécie de perfeição na qual vivia.
Jennifer mostra uma transformação, explica como tudo que precisamos é apoio. Resumindo em uma frase presente no próprio livro, mesmo que retirada de "Nosso Amigo Comum", último romance completo de Dickens: "É de muita utilidade neste mundo aquele que torna mais leves os sofrimentos dos outros."
Talvez o amor seja simples. Talvez o importante seja entender como, em sua complexidade aparente, ele pode ser belo. E, talvez, Oliver e Hadley sejam um pouco de tudo que realmente procuramos em uma relação. Não porque na sua forma são perfeitos, mas porque notamos que não o são.