otxjunior 24/11/2014Terapia, Jonathan KellermanGeralmente quando lemos um autor de que gostamos muito ou um volume de uma série que aprovamos, estabelecemos altas e injustas expectativas, seguindo a lógica de que "se eu gostei do autor e/ou do personagem principal, vou gostar de qualquer livro escrito por ele tendo o mesmo herói como protagonista". Aqui aconteceu o contrário. Tendo lido apenas a nona entrada da série do psicoterapeuta/detetive Alex Delaware e prometido não voltar ao consultório do personagem tão cedo (vide resenha Legítima Defesa), Terapia, ainda que sentindo que fui um pouco indulgente (ou foram as baixas expectativas?), me agradou mais.
Agora, em parceria com seu amigo policial, Alex investiga um duplo homicídio. Um casal de jovens é encontrado, ambos baleados em um carro em uma colina isolada de Los Angeles. Parte do suspense decorre da não identificação imediata da garota. O rapaz, por outro lado, oferece uma pista mais sólida por ter sido paciente de terapia e a dupla de detetives escolhe essa abordagem para solucionar o crime, mas encontrando obstáculos na figura da psicóloga da vítima e suas noções de confidencialidade.
Assim como em Legítima defesa, Jonathan Kellerman abusa no número de crimes presentes na trama. Mas aqui tudo é mais bem amarrado e era difícil encontrar um ponto para interromper a leitura. A história envolve, não fere especialmente a suspensão de descrença do leitor e o final satisfaz. Embora objetivo em sua maior parte, as últimas cem páginas estendem um "final" em que já sabemos o que aconteceu e lemos apenas para concluir as provas que confirmam a teoria dos detetives, sem grandes surpresas. Mas o principal ponto negativo do livro, e possivelmente da série, fica mesmo por conta dos personagens genéricos, inclusive o narrador protagonista com zero empatia, e diálogos constrangedores, mas devo parar por aqui antes que não possa justificar a terceira estrelinha da minha avaliação sem recorrer apenas às baixas expectativas...