Israel145 07/05/2017Luiz Vilela não é um grande astro da literatura brasileira. É peixe miúdo, sem dúvida. Seus contos são simples, ora bem escritos, ora fracos (não diria mal escrito, mas acredito que o autor não se esforçou muito). Mas por que ler um autor assim? Simples, quando Vilela acerta, temos uma pequena obra-prima.
Esses contos escolhidos não são tão escolhidos assim. Alguns são triviais demais, com diálogos insossos e personagens opacos e clichês. Dos contos que funcionam como obras primas vemosque o autor consegue extrair uma bela história de um momento congelado num curto espaço de tempo. As angústias humanas nos envolve nos contos de Vilela. O sufocamento do peso da existência se alterna com um lirismo que raramente se vê nas situações corriqueiras. Vilela tem esse pequeno dom.
O conto CHUVA é um pequeno clássico contemporâneo. Figura em algumas coletâneas de contos e talvez seja o mais conhecido do autor. O autor se sai bem também quando discorre sobre a infância. Ele se coloca numa zona de conforto quando escreve do ponto de vista das crianças (MEUS OITO ANOS). O conto FRANÇOISE é uma pequena obra prima e seu final mesmo trivial, é desconcertante. São ainda inesquecíveis os contos FEIJOADA e ABISMOS. Esse último talvez seja o mais denso do livro.
No geral, dos 10 contos escolhidos, 5 talvez sejam excelentes e os outros 5 apenas medianos. Talvez por isso que Vilela não é um dos grandes e nem tão conhecido assim. Uma obra apenas mediana, mas que deve ser conhecida pelos seus acertos. Esses sim valem a leitura.