Felipe 03/02/2019
Autobiografia honesta
Biografias são geralmente livros que entram na categoria de Tudo ou Nada. Pode ser sobre a mais interessante das personalidades, mas dependendo do nível de aprofundamento e detalhe, acaba ficando desinteressante.
Não é o caso da biografia do Arnold, nosso ídolo de infância em uma época em que não é mais aceitável que a criançada assista ao Predador arrancando pedaços de mercenários.
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A história dele é realmente fora de série. Uma vida que demonstra a diferença que o foco sobre objetivos e clareza na sua visão fazem a diferença absurdamente. É realmente fascinante saber detalhes de como um menino pobre do interior de uma Áustria pós-guerra conseguiu tornar-se Mister Universo aos 22, casar com uma Kennedy (mesmo sendo Republicano), o astro mais bem pago de Hollywood e, por fim, Governador da Califórnia.
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Entretanto, é evidente que para ele, a parte mais significativa da vida inteira foi a Política. E isso acaba afetando o conteúdo da Biografia em relação ao que um fã dos filmes esperava ler.
A parte sobre cada filme é bem superficial, não passando de algumas páginas. Porém ele discorre capítulos inteiros sobre sua vida política, sua relação com George W. Bush Pai e com a família Kennedy.
Pode ser interessante para quem é dos EUA ou vive esse ambiente de perto, mas confesso que fiquei um pouco desapontado.
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Afinal, isso não diminui a trajetória e a quantidade de fatos legais que constam no livro. Fica claro que o Arnold tem várias falhas de caráter que ele faz questão de admitir, mas isso não muda os motivos pelos quais ele também é admirável.
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Trechos:
Aprendendo Inglês:
Até as crianças ajudaram no projeto “A educação de Arnold”. Não deve haver nenhum jeito melhor de aprender inglês do que conviver com uma família londrina animada e feliz na qual ninguém entende alemão, você dorme no sofá e tem seis irmãos e irmãs mais novos. Eles me tratavam como um gigantesco filhote de cachorro que houvessem acabado de ganhar e adoravam me ensinar palavras novas.
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Filmagens do Conan
Na manhã da filmagem, para atrair os cães, eles costuraram carne crua dentro da pele de urso que eu usava nas costas. Quando as câmeras foram ligadas, saí correndo pelo descampado. Só que o treinador soltou os cachorros antes da hora e não tive tempo suficiente para me distanciar deles. As feras me alcançaram antes que eu conseguisse subir até o alto das pedras. Morderam minha calça e me arrastaram de cima das pedras, fazendo-me cair de costas de uma altura de 3 metros. Tentei ficar em pé e arrancar a pele de urso, mas caí por cima de um arbusto cheio de espinhos. O treinador então gritou um comando e os cães pararam o que estavam fazendo e ficaram estáticos ao meu lado, babando. Eu estava ali no chão, todo espetado e sangrando por causa de um corte ao cair em cima de uma pedra. Mas Milius não teve pena. “Agora você sabe como vai ser o filme”, disse. “Foi isso que Conan teve que enfrentar!”
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Encontro com o Papa João Paulo II
Eu conversei com ele sobre sua rotina de exercícios. Logo antes de viajarmos, eu tinha lido um artigo em uma revista que contava como o papa era atlético e elogiava sua excelente forma física. Para ele, além da religião, a vida consistia em cuidar tanto da mente quanto do corpo, então ele começou a falar sobre isso. Era conhecido por acordar às cinco da manhã, ler jornais em seis idiomas e fazer 200 flexões e 300 abdominais, tudo antes do café da manhã e do início de seu dia de trabalho. Ele também era esquiador e continuou a praticar esse esporte mesmo depois que virou papa. Na época, João Paulo II já estava com mais de 60 anos, 27 a mais do que eu. Pensei: “Se esse cara consegue, vou ter que acordar ainda mais cedo!”