spoiler visualizarVânia 13/02/2013
Um Mr. Darcy Modernoso
Will e Lizzy são bem descritos assim como no seu original. Com uma grande diferença: aqui, Mr. Darcy consegue ser bem mais solto. Não me entenda mal, ele continua sendo um homem sério, responsável, um cavalheiro à moda antiga, tímido com pessoas que ainda não conhece, mas “uma vez que tome uma decisão, esta decisão está tomada para sempre.” Lembra-se dessa fala no original?
Deliciosamente, o livro ainda está recheado com falas do original, sendo transcritas em itálico, para fácil reconhecimento.
Aqui, Will e Lizzy não se encontram num baile, mas sim num barzinho, apresentados por amigos em comum. Will, como o tímido que se preza, passa mais tempo a observando do que exatamente interagindo, mas sua fascinação por ela começa desde aí. Em outros encontros que ambos têm, uma forma diferenciada de relacionamente surge. Nenhum dos dois, a princípio, está interessado em algo sério. Elizabeth ainda se recuperava de um casamento marcado por um marido ausente e uma sogra controladora. E quando seu marido morreu num terrível acidente de carro, esta sogra fizera um escândalo no enterro para traumatizá-la para o resto da vida. William havia decidido não mais casar com uma velha amiga de infância, que parecia mais interessada nas conexões/dinheiro dos Darcy do que nele propriamente dito. Sim, os Darcy eram uma família extretamente rica.
Com todos os traumas e más escolhas em mente, Will e Darcy decidiram que, já que estavam irremediavelmente atraídos um pelo outro, por que não ter um relacionamento de sexo consensual somente? Dai surge o termo “dick friend”.
Mas como o destino adora pregar umas peças, Will se vê totalmente apaixonado por Lizzy. E sabendo, pelos amigos, do difícil passado amoroso dela e de seus traumas (que ele os pesquisou exaustivamente na internet), agora ele teria a difícil tarefa de fazê-la se apaixonar por ele e querer ser mais do que uma amiga de cama.
O livro é longo e mostra as várias transformações que ocorrem. Lizzy às vezes se mostra teimosa demais – pra não dizer chata, com tanto medo de ter um novo relacionamento. Mas para as fãs de Fitzwilliam Darcy, é gostoso de ver toda a estratégia que ele usa para alcançar o coração dela. Ele é cavalheiro, amoroso, sofisticado, engraçado até (deliciosamente desbocado), em várias ocasiões.
Os outros personagens do livro original também são mencionados, mas na maioria das vezes há diversas modificações. Por exemplo, aqui Lizzy não tem várias irmãs, mas apenas a Kitty. Jane é namorada de Bingley e mais tarde torna-se uma grande amiga de Lizzy. Georgiana é prima de Will, não sua irmã. O irmão dele se chama Richard e é muito gaiato. A amiga de Elizabeth, Charlotte, é “dividida” entre dois personagens. Mais interessante ainda foi a forma que a autora lidou com a situação Wickham. E ainda tem a homenagem que ela faz à autora, Jane Austen, colocando seu nome num dos personagens (surpresa! Surpresa para o tipo de personagem escolhido!).
E mais uma coisa torna o livro atraente: por ser escrito em tempo contemporâneo, nada como muuuuuuitas cenas calientes. Darcy e Lizzy fazem muito sexo e as cenas são muito bem descritas.
Boston, Nova Iorque, Buenos Aires, Rio. Mas também algumas das famosas locações do livro original, especialmente Pemberley.
Se você quiser achar que trata-se de uma fanfics, ok para mim. Mas está mais do que na moda autores lançarem sua visão de grandes clássicos da literatura, e Jane Austen é uma das autoras mais usadas nesse tipo de homenagem, Que o digam as internacionais Amanda Grange e Abigail Reynolds. E esta versão, escrita por uma brasileira, não deixa a dever a nenhuma das outras famosas escritoras. Agora só nos resta começar uma campanha para pedir à Moira que lance seu livro traduzido para o português. Uma obra dessa não pode ficar restrita às pessoas que consigam ler na língua original de sua homenageada.
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