Luan 26/12/2022
Destaques e ressalvas num livro mais "comum" de Jo Nesbo
Headhunter é a minha primeira experiência com Jo Nesbo que não seja na série do detetive Harry Hole – que, diga-se de passagem, é apenas sensacional. Estava curioso para saber se eu iria gostar das histórias do autor que não fossem da celebrada série policial. E posso dizer que, de forma geral, foi uma leitura satisfatória, mas com várias ressalvas.
Neste livro, o protagonista da história é Roger Brown, que trabalha como headhunter, ou seja, recruta profissionais para trabalharem em empresas. Brown é um protagonista peculiar, de uma personalidade bastante forte com certa soberba. Ele é um profissional reconhecido na área. Mas quando se depara com um novo potencial candidato, todas as coisas mudam e a vida dele fica em risco.
A história é bastante peculiar. Embora tenha todos os ingredientes de um romance policial, o plot principal é diferente, como a sinopse já mostra. E por isso mesmo, o início foi um tanto quanto chato. Até que o tema principal começasse a ser desenvolvido, foram páginas e páginas de construção e apresentação daquela obra. O plot só começa a ter espaço quase na metade do livro e isso prejudicou um pouco minha experiência.
Estava quase pensando que esta seria minha primeira grande decepção com o escritor. No entanto, assim que o estilo policial do livro começa, aquele em que estamos acostumados da outra série do autor, Headhunters tem uma grande guinada. Ele melhora bastante, com ação, viradas, revelações, e tudo que um livro deste gênero merece. Não seria exagero dizer que falta fôlego ao leitor da metade até o final.
Mas preciso ressaltar que o que acontece daí pra frente e as saídas criadas pelo autor soam um pouco mirabolantes se comparado, por exemplo, com a série de Harry Hole, onde tudo é muito plausível. Mas o leitor ignorando isso e se entregando à obra, com certeza vai conseguir se deliciar com o conjunto da história.
É impossível deixar de citar a escrita, os diálogos e a construção de personagens. Estes três aspectos, diria eu, estão tão ou mais afiados do que podemos ver nos livros mais famosos do autor. Jo estava muito inspirado pois entrega uma escrita rica, irônica, bem construída e ao mesmo tempo rápida e fluída. Não tem como perceber o refinamento primoroso que o autor teve ao ao longo dos anos de profissão - uma escrita que já era boa em seu início e foi melhorando conforme o tempo foi passando.
Apesar dos percalços, Nesbo entrega um bom livro, um grande entretenimento e continua confirmando o seu talento como escritor. Para os fãs, leiam mais esta obra. Quem não o conhece ainda, venha se encantar com as ideias que só ele é capaz de criar.