Queria Estar Lendo 25/05/2017
Resenha: O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares
O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares, primeiro volume da trilogia, é também o primeiro livro escrito pelo autor Ransom Riggs. Isso é algo que já foi bastante divulgado, mas, o enredo da história foi feito baseado em uma série de fotografias estranhas que o autor coleciona. Muito legal, não é? Desde criança ele começou a se interessar por essas fotos encontradas em bazares e lojas de velharias, elas o inspiraram tanto que ele foi capaz de criar essa história fantástica.
Conhecemos a história pelo ponto de vista de Jacob, um personagem inteligente, racional e curioso, ele busca sempre pela verdade e também, proteger aqueles a quem se importa. Desde o início podemos perceber a relação quase palpável que ele tem com o avô, próximos desde sua infância. O vovô Portman contava a Jake histórias de um lugar fantástico, com crianças cheias de habilidades especiais e que se escondiam de monstros que queriam destruí-las. Essas histórias eram tão fascinantes e com tantos detalhes reais que Jake não via escolha, se não acreditar nelas. Porém, sua família e colegas de escola acabavam por não dividir essa crença, e o incentivavam a se afastar do avô ou debochavam de seus “contos de fadas”. Isso fez com que deixasse de acreditar em seu avô, o que apenas deu ao velho senhor um motivo a mais para ser chamado de louco na velhice avançada.
"Passados pela porta e entramos na escuridão profunda. Por algum tempo apenas ficamos ali, passando o tubo de respiração um para o outro, e não havia nenhum som além das bolhas da nossa respiração subindo e ruídos abafados obscuros de peças quebradas do navio se chocando por causa da corrente. Não poderia estar mais escuro, mesmo que eu fechasse os olhos. Éramos astronautas flutuando em um universo sem estrelas."
Em um dia no trabalho, Jacob recebe uma ligação do avô, em um de seus “surtos de loucura”, como chamavam seus pais. Ele estava seriamente perturbado, o que levou Jake a se preocupar e ir até lá, encontrando-o morto. A partir disso é que a história acontece de verdade. Depois do mistério horripilante que permeia a morte do avô, Jacob passa a ter pesadelos e negar veemente que as histórias que ele lhe contava na infância não são verdade, mas após o que ele mesmo viu, fica difícil de acreditar nisso.
A narrativa é bem fluida, os personagens são cativantes e inteligentes. O autor conseguiu criar através das páginas algo tão real sobre a história que, quando você vê, criou laços com os personagens e já está inserido na história. Ela tem um tom obscuro, aliviado por algumas partes de comicidade, o que lembra a muitas pessoas os filmes do diretor Tim Burton (tanto é que, Ransom Riggs já foi chamado de Burton da Literatura).
O que me fascinou muito foram as fotografias, que dão um toque especial ao livro. Os personagens não estão apenas vivos na escrita, mas também em imagens antigas. Apesar das páginas serem levemente amareladas, o restante do livro é todo em preto e branco, para passar esse ar de “mistério” e “mal assombrado”.
"As fotos de meu avô tinham vindo daquele mesmo baú espatifado à minha frente. Mas eu não tinha certeza, até que encontrei uma foto de dois garotos esquisitos fantasiados, com colarinhos desmanchados, que pareciam alimentar um ao outro com uma espiral de fita. Eu não sabia exatamente o que eles eram, além de combustível para pesadelos bizarros. O que poderiam ser? Dançarinos sadomasoquistas?"
O final já deixa uma abertura para o segundo livro e também para a imaginação, você se pergunta o que virá depois e o que mais eles irão encontrar ao longo da jornada que escolheram. O livro tem pouco mais de 300 páginas e é bem rápido de ler, e a fonte e a cor das folhas facilitam a leitura.
Enfim, só posso dizer que esse é um livro que você ama ou odeia. Ele precisa ser compreendido e visível na sua imaginação, a fantasia que há nele precisa se infiltrar no leitor, algo que, nem sempre é permitido por quem está lendo. Particularmente, digp para que você permita que essa fantasia entre, pois assim que estiver envolvido, não haverá arrependimentos (e nem como voltar atrás, rá).